Revista Encontro

GASTRONOMIA

Onde encontrar comida de praia em BH

Pastel de camarão, peixe grelhado, ostra fresca. Comidinhas do litoral podem ser apreciadas em plena capital mineira

Carolina Daher
Peroá frito, com farofa e vinagrete, do Guarapari, no Mercado Novo - Foto: Pádua de Carvalho/Encontro
Talvez por estar longe do mar - o litoral mais perto de Belo Horizonte fica a mais de 500 quilômetros -, o mineiro tem sede de praia. E com a chegada da nova variante do coronavírus, a ômicron, o destino "pé na areia" ficou ainda mais distante para muitos. Viagens foram desmarcadas e planos adiados. A boa notícia, no entanto, é que dá para matar essa saudade aqui mesmo. Pelo menos daquelas comidinhas que são a cara das férias de verão. Em Belo Horizonte, alguns estabelecimentos preparam pratos capazes de transportar seus clientes para a beira-mar. Do peixinho frito à ostra fresca, há opções para todos os gostos. Uma verdadeira viagem gastronômica pelo litoral.
E o melhor, sem precisar pegar a estrada ou a ponte-aérea para sentir o gostinho da praia.

Olivia (@oliviamediterraneo)

- Foto: Victor Schwaner/DivulgaçãoEspecializado em comida mediterrânea, o Olivia é comandado pelo chef Jorge Ferreira, ex-Glouton. No cardápio, uma abundância de peixes e frutos do mar. "É uma comida fresca, com produtos leves e aromáticos, que tem tudo a ver com praia", diz Jorge. No cardápio, duas entradas fazem o coração de qualquer apaixonado por frutos do mar bater mais forte. A primeira sugestão fica por conta dos mexilhões (R$ 69), servidos na própria concha com vinagrete de tomate e cebola roxa, além de vinagre de framboesa. "É um crustáceo carnudo e suculento, mas ao mesmo tempo muito delicado", define o chef.  A outra sugestão é a porção de lulas empanadas (R$ 40). Clássico italiano, os anéis de lula são servidos com aioli picante, preparado com páprica, pimenta e brotos de coentro.

Turi (@turi.bh)

- Foto: Nereu Jr/DivulgaçãoA nova casa do chef português Cristóvão Laruça (Caravela, Capitão Leitão e Beco) foi batizada de Turi, que em tupi-guarani significa fogo, e define bem a cozinha do restaurante. Por ali, tudo é preparado na brasa. No menu, são dez opções de peixes e frutos do mar, como polvo grelhado e cavaquinha. O chef, no entanto, aposta no peixe do dia, servido com legumes grelhados, molho de tucupi negro e pil pil (molho de azeite emulsificado com bacalhau – R$ 84), para levar seus clientes direto para a praia. Os peixes vêm de Cabo Frio e variam toda semana. Entre as espécies servidas, carapau, olhete, xeréu, cavala, pargo e linguado. "Outro prato que eu acho que tem muito a cara de praia é o camarão VG grelhado", afirma Cristóvão.
O Camarão Selvagem (R$ 28) é aberto em estilo borboleta e servido com uma manteiga de gengibre e alho. Simples, fresco e perfumado.

Bitaca Capetinga (@bitacacapetinga)

- Foto: Uarlen Valerio/EncontroBoteco tradicional, com mesas na calçada, cerveja gelada e tira-gosto de primeira. Entre as doze opções de petiscos, o pastel de camarão é um bate-e-volta imediato para a praia. "É muito cremoso. Costumo brincar que é aquele pastel que morde de um lado e o recheio sai pelo outro. Aqui não tem miséria", diz o sócio Felipe Faleiros (à dir.), que dirige a casa ao lado de Valéria Profeta e do chef Guilherme Lopes. A porção vem com quatro unidades (R$ 27) e o recheio leva camarão, Catupiry, leite de coco e pimentão. Para acompanhar, as caipirinhas de frutas (R$ 18) são ótimas pedidas. A de mexerica faz sucesso entre a clientela. Para os cervejeiros de plantão, Felipe sugere uma passadinha de olho pelas estufas – que guardam mais de vinte tipos de petiscos frios e quentes.
Com gostinho de praia, o vinagrete de polvo e a conserva de bacalhau são vendidas no peso e custam R$ 20 e R$ 15, respectivamente, 100 gramas. Assim, dá para experimentar um pouquinho de cada.

Barolio (@baroliobh)

- Foto: Uarlen Valerio/EncontroAos finais de semana, o Barolio monta um aquário com peixes e frutos do mar para os clientes "pescarem" o que querem comer. Tudo bem fresco. Polvo, cavaquinha, lagosta, mexilhões e peixes como dourado, olho-de-cão e sarda. O restaurante, comandado pelo chef italiano Carlo Caredda, tem em seu DNA a culinária mediterrânea de Nápoles, no sul da Itália. Para sentir o gostinho de mar em plena BH, a sugestão é Risotto Alla Pescatora (R$ 94,90), risoto com frutos do mar – aqueles frescos do aquário! Durante o verão, os clientes ainda podem se deliciar com ostras frescas (R$ 32,90, três unidades), vindas diretamente de Santa Catarina. "São abertas na hora e servidas apenas com limão. É um ingrediente que merece ser degustado assim", diz Carlo. Entre os 60 rótulos da carta de vinho, o chef sugere vinho branco italiano Greco Sannio (R$ 169,90), que casa perfeitamente a leveza das ostras.

Alguidares (@alguidares)

- Foto: Victor Schwaner/DivulgaçãoAh, a Bahia... E nada tem mais o sabor da terra de Caymmi do que acarajé. Considerada comida de santo, o bolinho de feijão-fradinho frito no dendê é uma verdadeira joia da culinária afro-brasileira - tanto que é patrimônio imaterial reconhecido pelo Iphan. E dá para comer um verdadeiro acarajé aqui mesmo em BH. A baiana Deusa Prado faz questão de seguir a tradicional receita e forma de fazer do quitute no seu Alguidares. "O segredo é colocar o feijão de molho, tirar toda a pele, secar e depois bater. Mas tem que bater com a colher de pau até a massa fermentar", explica a chef. Ela conta que, com o passar do tempo, a receita foi sendo incrementada, como a utilização do caruru no recheio. "Eu prefiro o original, com camarão, vatapá, tomates verdes e pimenta", completa. No cardápio, os clientes encontram o acarajé com camarão seco (R$ 23) e com camarão fresco (R$ 24).

Maturi (@maturibh)

- Foto: Pádua de Carvalho/EncontroDesde que se mudou do Maranhão para Belo Horizonte, a chef Regilene Coelho sempre quis apresentar a comida da sua terra para os mineiros. Depois de passar por alguns estabelecimentos como o Pizza Sur e Verano, ela finalmente fincou a bandeira maranhense com o seu Maturi, inaugurado em 2020. Ela é de Imperatriz, na divisa do Pará e do Piauí. Por isso, entre as opções de pratos regionais, ela serve bode, carne de sol e outros pratos sertanejos dos três estados. Do litoral, a chef aposta na caldeirada (R$ 35). Diferente da moqueca, a receita não leva leite de coco e nem dendê. O peixe é cozido com tomate, pimentão, coentro e ovo cozido. O caldo se transforma em um pirão escaldado, que ainda ganha a companhia de salada e arroz de cuxá, preparado com vinagreira, hortaliça que é estrela de vários preparos da região. "Eu não tenho um cardápio fixo. Preparo de acordo com os ingredientes que vou conseguindo durante a semana", explica Regilene. É pelas redes sociais (@maturibh) que os frequentadores ficam sabendo o que será servido nos próximos dias. Além dos pratos, os clientes ainda podem pedir uma tradicional Cajuína (R$ 22, 500 ml), bebida preparada a partir do suco de caju e muito apreciada pelos nordestinos, ou o colorido Guaraná Jesus (R$ 8,50).

Guarapari (@guaraparimn)

- Foto: Pádua de Carvalho/EncontroNão é um restaurante e, sim, um quiosque de praia. É assim que Adriana Braga define o Guarapari, seu espaço no Mercado Novo. Desde que foi inaugurada, no final de 2019, a casa, que leva o nome de uma das cidades praianas mais frequentadas pelos mineiros, serve comidinhas vendidas normalmente na areia. Tem espetinho de camarão? Tem. Porção de isca de peixe? Tem também. Além de moqueca e um bolinho de mandioca com camarão de comer rezando. Quem prepara as delícias é Eduardo Penha Rabelo, o Dudu. Sua família é dona barraca há mais de 30 anos na Praia do Morro, em Guarapari, claro. E nada representa mais a praia capixaba que o famoso peroá, que também é o favorito entre os frequentadores dos corredores do Mercado. Frito, o peixe é servido com farofa e vinagrete (R$ 58). Se a fome for grande, vá direto no gamelão com peroá, camarão e batata frita caseira (R$ 75).

Birosca S2 (@biroscas2)

- Foto: DivulgaçãoUm dos clássicos do Birosca S2, é a torta de massa folhada recheada com camarão, abóbora e Catupiry. Só por isso, já valeria a pena dar um pulinho em Santa Tereza para sentir o gostinho de praia. Mas no cardápio da casa pilotada pela chef Bruna Martins, ainda tem um cassoulet de feijão manteiguinha, filé de peixe e molho de pimentões (R$ 66) que é um mergulho em águas profundas de sabor. A chef, no entanto, diz que o que mais tem cara de praia no Birosca é o bolo de coco (R$ 28). "A gente pode até passar o dia todo na praia, tomando cerveja e comendo camarão. Mas chega uma hora que quer um docinho, uma sobremesa", explica Bruna. "Daí esse bolo me lembra as quitandeiras com seus tabuleiros de cocada e tapioca. É um pé da baianidade e na casa da vó nordestina", completa. O bolo do Birosca é servido geladinho, molhadinho e, de quebra, ainda vem com pedacinhos de abacaxi grelhados.

Lullo Gelato (@lullogelato)

- Foto: Pádua de Carvalho/EncontroPicolé, sorvete, açaí. Tudo que possa refrescar os dias quentes tem gosto de praia. Com 25 sabores diários de sorvete no balcão, a Lullo Gelato está sempre inovando nas receitas. Pelo menos a cada 15 dias, a proprietária Cristiane Temporão (que dirige a casa ao lado do marido, José Otto), lança um novo sabor. Por lá já passaram gelatos de siriguela, cajá, graviola e outras frutas que lembram o litoral brasileiro. "Fizemos um de cacau, não de chocolate, mas de cacau fruta, da Bahia, que foi um sucesso", diz Cris. Atualmente, a aposta da sorveteria para os dias mais quentes é o de Pink lemonade, preparado com amora, limão-siciliano e hortelã e o Morango frozen, morango ao leite e geleia de frutas vermelhas. Os preços variam de R$ 15,90 a R$ 32,90, dependendo do tamanho da porção. Outra coisa que faz sucesso na praia ou aqui é o açaí (R$ 19,90, 350 ml e R$ 26,99, 500 ml). A maior diferença é que na Lullo, você pode combinar com toppings tradicionais como castanha de caju e granola, e ainda acrescentar sorvetes que combinam muito com a fruta mais famosa do norte do país, como os gelatos de morango e leite Ninho.
 
*Publicado originalmente em 28/03/2022
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