Revista Encontro

CULTURA

Filarmônica de Minas Gerais completa 15 anos em 2023 com muitas conquistas

Orquestra comandada pelo maestro e diretor artístico Fábio Mechetti ajuda a popularizar a música clássica e a formar novos músicos

Marcelo Fraga
A Filarmônica na Sala Minas Gerais apresenta-se desde 2015 na Sala Minas Gerais: ter um espaço próprio, projetado para abrigar a orquestra é um dos grandes diferenciais do corpo musical mineiro - Foto: Eugênio Sávio/Divulgação
Um dos mais relevantes corpos musicais do país, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais acaba de realizar sua primeira turnê internacional, com quatro grandes apresentações em Portugal, sendo uma delas ao ar livre, no dia 7 de setembro, em comemoração ao bicentenário da independência do Brasil. Esta é apenas uma das conquistas alcançadas pelo grupo comandado pelo maestro Fábio Mechetti, ao longo dos seus quase 15 anos de história – que serão completados no ano que vem. Essa década e meia representou realização e sucesso, tanto para o regente quanto para a orquestra. "Moro nos EUA há 40 anos, e assumir a direção artística da Filarmônica foi uma oportunidade que eu sempre sonhei, de contribuir para a música do meu país", diz Fábio. "Ainda mais com uma proposta tão bem sucedida, pautada pela qualidade do produto que apresentamos e pelo impacto na sociedade, que orgulha os mineiros e o Brasil."

O maestro avalia que a Filarmônica de Minas Gerais se tornou uma referência nacional e internacional de um projeto cultural que realmente mostrou resultados: "Os frutos vieram mais rápido do que pensávamos. Isso mostra a seriedade e o profissionalismo do trabalho que realizamos, que só foi possível com o apoio que recebemos do governo do estado". Um dos marcos mais importantes dos 15 anos da orquestra foi a inauguração, em 2015, da Sala Minas Gerais, a casa da Filarmônica, com 1.447 lugares para o público, onde são realizados os ensaios e as principais apresentações. Uma edificação moderna e totalmente pensada para abrigar a orquestra, localizada no Barro Preto, em BH, e que, inclusive, se tornou um ícone da arquitetura da cidade.
O local integra Centro de Cultura Itamar Franco, um complexo construído pelo governo estadual ao custo de 180 milhões de reais, à época, e que sedia também a Rede Minas e a Rádio Inconfidência, emissoras publicas estaduais de TV e rádio, respectivamente. "Para a Filarmônica, a Sala Minas Gerais significou ensaiar e tocar no mesmo espaço. Parece uma coisa boba, mas não é. Trata-se de um privilégio que poucas orquestras têm", afirma Fábio Mechetti. A casa própria trouxe ainda outros ganhos. "Triplicamos o número de concertos e conseguimos ampliar nosso repertório, que hoje é mais abrangente e variado."

O maestro e diretor artístico da Filarmônica, Fábio Mechetti, fala sobre os 15 anos da orquestra e o sucesso alcançado: "Os frutos vieram mais rápido do que pensávamos. Isso mostra a seriedade e o profissionalismo do trabalho que realizamos" - Foto: Rafael Motta/DivulgaçãoAs conquistas da Filarmônica de Minas passam também por conquistar públicos que até poucos anos atrás não tinham a oportunidade de conhecer e apreciar a música erudita, como a população de baixa renda e pessoas mais jovens. "Vejo isso muito positivamente. A música clássica não é só para os conhecedores ou para pessoas mais velhas. Existe um interesse muito grande dos jovens pela música erudita, a maioria dos nossos músicos, por exemplo, têm menos de 40 anos e entraram na orquestra em torno dos 20 e poucos anos. É uma nova geração de músicos e ouvintes que representam o futuro da música sinfônica", diz Fábio Mechetti.

Projetos educacionais da Filarmônica ajudam a explicar esse "fenômeno". Dentre eles destacam-se a Academia Filarmônica, que acolhe jovens talentos; o Concertos para a Juventude, que são apresentações gratuitas dedicadas às famílias e à formação de novos públicos; e os Concertos Didáticos, dedicados a crianças e adolescentes de instituições sociais e dos ensinos fundamental e médio. A Filarmônica promove, também, o Festival Tinta Fresca, para o fomento da criação musical sinfônica entre jovens compositores brasileiros de qualquer parte do país; e o Laboratório de Regência, que reúne, anualmente, 15 jovens regentes de todas as partes do brasil que buscam aprimorar seus talentos. Para Fábio Mechetti, a temporada 2023 da Filarmônica, que marca os 15 anos da orquestra, será de celebração de toda a trajetória de sucesso.
Entre os destaques do ano que vem estão as apresentações que celebram a obra diversos compositores importantes da história da música clássica, entre eles os 200 anos de nascimento do francês Édouard Lalo; 150 anos de nascimento do russo Sergei Rachmaninov; 150 anos de nascimento do alemão Max Reger; 125 anos do americano George Gershwin; e 75 anos de nascimento do brasileiro Ronaldo Miranda. A temporada 2023 da Filarmônica trará, ainda, convidados nacionais e internacionais, como o regente e pianista irlandês Barry Douglas, e as violinistas Rachel Barton Pine (EUA) e Leticia Moreno (Espanha), além do violoncelista brasileiro Antonio Meneses. "Nos próximos anos, queremos não só consolidar esse indiscutível portfólio de conquistas, mas buscar novos horizontes, da formação de público ao fomento à criatividade musical e à constante busca de qualidade", afirma o maestro.
.