Revista Encontro

Beleza

Radiofrequência coreana chega ao Brasil e promete pele rejuvenescida

Indolor, rápida e sem alterações no rosto, técnica estimula o colágeno e melhora a flacidez

Laura Maria
Apesar dos preços salgados, produtos e técnicas sul-coreanas têm sido os queridinhos das mulheres em busca de uma pele melhor - Foto: Freepik
Uniforme, lisa, iluminada e com viço: a pele das coreanas, apelidada de “skin glass” (pele de vidro, em tradução literal do inglês), tornou-se sonho de consumo ao redor do mundo entre quem deseja uma cútis perfeita. Por trás do sucesso das asiáticas, existem, é claro, fatores como genética, pouca exposição solar e uma alimentação saudável. Mas há também o uso de produtos poderosos e a realização regular de procedimentos estéticos. Nos últimos anos, os dermocosméticos da Coreia do Sul, como óleos de limpeza, séruns, tônicos e loções hidratantes, se tornaram febre no Brasil. E, mais recentemente, uma tecnologia pouquíssimo invasiva e indolor chegou por aqui prometendo tratamento avançado de rejuvenescimento da derme. 
.

Trata-se da radiofrequência monopolar, uma técnica que envolve ondas eletromagnéticas que atingem camadas mais profundas do tecido. Esta tecnologia já existia no Brasil, mas as fabricantes coreanas aperfeiçoaram o tratamento para ser menos desconfortável possível. O protocolo aqui é feito por meio de aparelhos das marcas Oligio X, Volnewmer, Coolfase e TenTherma. Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Minas Gerais, a médica Michelle Diniz explica como a técnica atua na pele: “Ela gera um campo eletromagnético de alta frequência que aquece os tecidos por resistência elétrica. O calor promove desnaturação do colágeno, neocolagênese, elastogênese e retração tecidual”, evidencia.
.

Em outras palavras, essa tecnologia pode “despertar o colágeno”, fazendo com que o corpo produza mais a proteína estrutural do tecido, o que resulta na melhoria da flacidez natural da pele com efeito natural. Dessa maneira, há redução das linhas finas, redefinição do contorno do rosto e rejuvenescimento de áreas mais delicadas, como entorno dos olhos e pálpebras. “A vantagem desse procedimento é que não estamos injetando nada na face e, por isso, não alteramos o formato do rosto, apenas melhoramos a qualidade dessa pele, devolvendo firmeza e viço. Além disso, é um procedimento sem downtime – o paciente não fica com marcas na pele –, rápido e com pouca dor”, acentua a médica Fernanda Fonseca, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
.

Fernanda é dermatologista da Clínica da Pele, localizada no bairro Belvedere e um dos espaços em Belo Horizonte que oferece o procedimento. No local, a especialista usa o Oligio X, que chegou ao Brasil em 2024. “O aparelho é uma radiofrequência monopolar de terceira geração, ou seja, que já foi ajustada e aprimorada para entregar melhores resultados. Ele é fabricado na Coreia do Sul, sob normas rígidas de segurança e importação. Além disso, conquistou o Prêmio Nacional da Coreia – Confiança do Consumidor por dois anos consecutivos, 2023 e 2024”, ressalta.
.

A médica ainda analisa que o diferencial do Oligio X é seu sistema de resfriamento a gás. “Este detalhe permite uma entrega mais efetiva da energia do aparelho na pele, que vai se refletir em uma melhor resposta ao tratamento. Além disso, ele possui uma ponteira específica para ser usada na região das pálpebras, local comum de queixa de envelhecimento e com poucas opções para estimular o colágeno dessa região. Também pode ser usado em todo o rosto e pescoço, promovendo uma retração da pele, melhora das linhas finas e da qualidade da pele”, observa.
.

Renata Meyer, dermatologista da clínica que leva o seu nome, utiliza do Coolfase: ela garante que o procedimento é praticamente indolor e a recuperação, imediata - Foto: Davi Henrique/DivulgaçãoOutra clínica em Belo Horizonte que utiliza o método é a da dermatologista Renata Meyer, localizada no bairro Santo Agostinho. O espaço, que leva o nome da especialista, conta com o Coolfase. “O diferencial do Coolfase é a capacidade de promover o aquecimento profundo ao mesmo tempo em que resfria a camada mais superficial da pele. Isso torna o procedimento praticamente indolor e com recuperação inexistente, ou seja, sem necessidade de tempo de repouso. Já é uma tendência muito forte na Coreia do Sul, e outras marcas ainda devem entrar neste mercado”, explica Renata.
.

Aos 43 anos, a gerente de recursos humanos Angélica Gorino Mendes passou pelo procedimento com o Coolfase. Ela se submeteu ao procedimento há cerca de um mês e destaca que percebeu um resultado imediato. “Logo após a sessão, já percebi que a flacidez diminuiu e que meu rosto clareou”, afirma, confirmando ter sentido “zero dor.” “Além disso, foi super rápido. Só senti o rosto um pouco mais quente, mas foi momentâneo, nada que incomodasse”, celebra. Angélica aponta que nunca foi muito afeita à skincare, mas, agora, se sente mais motivada a cuidar da pele. 
.

Quanto custa, frequência e quem pode fazer 

O dermatologista Renato Soriani, juntamente com outros profi ssionais médicos, desenvolveu o protocolo K-lift: o tratamento é individualizado e precisa de avaliação prévia - Foto: Renascence/divulgaçãoO valor do tratamento com a radiofrequência monopolar varia de acordo com o local aplicado. Na área dos olhos, por exemplo, uma sessão custa cerca de R$ 2.500; se for rosto inteiro, aproximadamente R$ 6.000, e, caso envolva pescoço também, o valor pode subir até R$ 9.000. Já em relação ao público, qualquer pessoa acima de 18 anos pode fazer o tratamento. “Não existe restrição médica, mas como o investimento é alto, são pessoas com mais de 35 anos que mais procuram pelo protocolo”, explica o dermatologista membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Renato Soriani, à frente do Clínica Renascence, localizada em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
.

Em parceria com outros médicos, ele desenvolveu o protocolo K-lift, que utiliza a radiofrequência monopolar como terapia estética. “O K é associado à Coreia, mas, neste caso, é porque existe um sistema de ligamentos no rosto que, ao ser desenhado, se assemelha à letra ‘K’. Ele se localiza principalmente na frente da orelha e ao longo da linha da mandíbula. Durante a aplicação no rosto todo, o objetivo é, justamente, reforçar essa estrutura natural”, pontua. O médico explica que a frequência do procedimento depende do grau de envelhecimento da pele. “Pessoas com pele mais jovem podem fazer uma sessão de manutenção a cada ano ou nove meses. Já uma pele de idade mais avançada pode exigir três sessões de uma só vez e outra nove meses depois. O tratamento é individualizado e precisa de avaliação médica”, esclarece.
.

Associação com outros cuidados e contraindicações

O recente aparelho Oligio X, que chegou ao Brasil em 2024, é utilizado pela médica Fernanda Fonseca: %u201CA vantagem desse procedimento é que não injetamos nada na face, apenas melhoramos a qualidade dessa pele%u201D - Foto: Marina Paiva/DivulgaçãoPara um resultado mais promissor, a radiofrequência monopolar pode ser associada com outras intervenções, como ultrassom microfocado, botox, laser, peeling, ácido hialurônico e bioestimulador de colágeno. Mas, por mais que não existam restrições em relação aos procedimentos, algumas pessoas não devem se submeter ao tratamento. “Existem contraindicações absolutas, como uso marcapasso cardíaco ou de dispositivos eletrônicos implantáveis, além de gestação, neoplasias ativas ou histórico recente de câncer. Pessoas com dermatites ou infecções ativas na área tratada, como herpes, feridas abertas e queimaduras, doenças autoimunes em atividade, trombose venosa profunda na região a ser tratada e presença de corpo estranho metálico não-isolado na região também não devem fazer”, salienta a dermatologista, mestre e doutora pela UFMG, Michelle Diniz.


.