Revista Encontro

Encontro Gastrô

Conheça os vencedores da categoria Alta Gastronomia

Anúncio dos campeões da 23ª edição do Prêmio Gerdau de Gastronomia- Encontro Gastrô aconteceu no último dia 8 de setembro

Bife Pobre Juan na versão Gran, para compartilhar, - Foto: Frederico Filico Souza/Divulgação
No último dia 8 de setembro, o Centro de Convenções da CDL/BH recebeu a 23ª edição do Prêmio Gerdau de Gastronomia – Encontro Gastrô 2025. A premiação reuniu cerca de 600 convidados, entre chefs, empresários, autoridades e amantes da boa mesa, para celebrar um dos principais prêmios gastronômicos regionais do país.
.

Com quase 240 mil votos do público, o prêmio destacou os nomes que fazem a diferença na cena gastronômica de Belo Horizonte. Abaixo você conhece os vencedores da Alta Gastronomia, que reúne Bistrô; Carne/Parrilla; Carta de Vinhos; Cozinha Contemporânea; Cozinha Variada e Italiano. 
.
 
Pobre Juan - Brasil e Argentina no mesmo time (Vencedor Carne/Parrilla)

De um lado do menu, bife de chorizo, morcilla e empanada. Do outro, pirarucu amazônico, farofa de ovos e pupunha assada na brasa. “Brasileiros e argentinos falam a mesma língua quando o assunto é boa gastronomia. A parrilla, o fogo, cortes bem tratados e mesa farta... tudo isso é muito latino, muito argentino e muito nosso também”, explica Cristiano Melles, sócio do Pobre Juan, que leva pelo quinto ano consecutivo o prêmio de Melhor Carne/Parrilla de Belo Horizonte por Encontro Gastrô 2025. “Conseguimos traduzir essa relação com elegância e autenticidade, sem perder a conexão com o paladar brasileiro”, completa.
.

Com 21 anos de história, a grife Pobre Juan hoje conta com 17 lojas espalhadas pelas cinco regiões do Brasil. E continua em movimento. Em abril, foi inaugurada uma unidade em Brasília e a próxima será em Ipanema, no Rio de Janeiro. Na capital mineira são dois restaurantes, no BH Shopping e no DiamondMall. Segundo Cristiano, o público daqui é muito exigente e valoriza uma experiência completa: ambiente, serviço e, claro, comida boa de verdade. “Entendemos que para conquistar BH precisávamos manter nosso padrão, mas também respeitar o jeito mineiro de ser. E foi o que fizemos, construímos uma relação de confiança com as pessoas e a cidade”, diz. 
.

O forte da casa é a parrilla. É ali que são preparados os famosos cortes argentinos, como vacío (fraldinha) e ojo del bife (miolo do bife ancho). Com sotaque brasileiro, está o pirarucu servido com farofa crocante na manteiga de garrafa, arroz de coco, purê de banana e molho de moqueca. Para uma refeição completa, Cristiano dá a dica. Abra com uma Salada Dracena, alface, tomate, cenoura ralada, rodelas de palmito, batata palha e parmesão. Como principal, o bife Pobre Juan, corte exclusivo, extremamente macio e marmorizado, acompanhado de papas soufflé ou mousseline de mandioquinha. Para fechar, panquecas de doce de leite. “E não dispense o cafezinho, que é produzido no Sul de Minas Gerais.”
.

BH Shopping, BR-356, 3.049, Loja 61, Piso Mariana, Belvedere, (31) 2551-8067. Diariamente: 11h30/23h. DiamondMall, Av. Olegário Maciel, 1.600, Santo Agostinho, 3º piso, (31) 3190-0757. Seg. a sáb.: 11h30/23h; dom.: 11h30/22h. @restaurantepobrejuan.
.
 
Per lui - Sem bandeira, mas com DNA (Vencedor Cozinha Contemporânea)

 


Frangipane de pistache com creme de coco, ganache de cramberry e gelato de framboesa, criação do chef Yves Saliba - Foto: Paulo Márcio O belo-horizontino viu o Per lui, amadurecer. Começou como um restaurante que tinha a criatividade como principal pilar. A ousadia do chef Yves Saliba aparecia em construções ousadas como a bochecha de porco com sorvete de cogumelos e melancia que se passava por um sashimi de atum. Com três anos, o chef continua ousando – mas com a segurança de quem sabe de onde veio e onde quer chegar. “Nesse menu junto técnicas precisas, um nível de ingredientes absurdos para que, no final, os clientes comam e entendam que tudo ali faz sentido”, diz Yves. Na verdade, o chef quer servir comida boa. E é assim que ele leva o prêmio de Melhor Cozinha Contemporânea de BH por Encontro Gastrô. 
.

Não há uma linha do tempo, não há blablabá sobre inspirações diversas. “Entendi que não tenho bandeira, mas tenho DNA. As pessoas conseguem perceber a minha cozinha ao longo do menu, apesar dos pratos serem completamente distintos”, explica. “Por exemplo, o peixe com curry não é nosso, mas é feito por um mineiro que usa os seus temperos e técnicas nossas, com o alho e a cebola dourados na banha”, completa. 
.

Dividido em dez tempos, o atual menu conta com uma deliciosa “ousadia” que diz muito sobre a trajetória do chef. O quinto prato é um fusilli envolto em glacê de galinha preparado no pinga e frita. “Retiro a roupa de gala e trago uma massa artesanal, um macarrão parafuso que é o que é: gostoso”, diz. É também preciso destacar a pré-sobremesa, uma combinação de abacaxi com ricota que traz a fruta em várias texturas. 
.

Mesmo fora da rota gastronômica mais badalada da capital, no bairro Serra, o Per lui, se integrou à cena belo-horizontina tornando-se uma referência quando o assunto é comida contemporânea. Funciona exclusivamente com o formato de menu degustação (é o único na cidade que não oferece opções à la carte) renovado de três em três meses. O valor do menu é R$ 305, por pessoa. Para quem quiser, a harmonização, desenhada pelo sommelier Frederico Langbehn, custa mais R$ 295.
.

Rua Muzambinho, 608, Serra. (31) 98365-9397. Ter. a sáb.: 19h/0h. @perluibh. 

Caê - Cheio de borogodó (Vencedor Cozinha Variada)

A panturrilha Suína assada com arroz de hortaliças e farofa crocante, uma das estrelas do cardápio do chef Caetano Sobrinho - Foto: Paulo MarcioUm restaurante com o gingado de um bar. Um bar com comida de restaurante. É assim que o chef Caetano Sobrinho define seu Caê, que acaba de completar oito anos de existência. “Na época do A Favorita, entendi que esse conceito fazia muito sucesso. Tinha um espaço formal, mas também a varanda, onde o bicho pegava como boteco”, lembra, referindo-se ao estabelecimento, onde foi chef por sete anos e que fechou em 2020. 
.

O cardápio reflete as vivências do chef. Uma parte é brasileiríssima, com o uso de produtos locais como a tábua de queijos mineiros e embutidos; e o surubim defumado com ovo caipira e alho-poró. Inclusive, esse último, é o preferido de Caetano. “Quando quero agradar alguém mando esse prato, acho uma combinação incrível”, diz. A receita mais emblemática, no entanto, é a Panturrila suína assada com arroz de hortaliças e farofa crocante. Outro que faz sucesso é o filé ao poivre com arroz sujo e cebola crocante. 
.
 
Não há mudanças radicais no cardápio. “Setenta por cento do menu continua o mesmo da inauguração. Acredito nos clássicos e que os clientes vêm aqui buscando um determinado prato”, explica. As novidades aparecem nas Sugestões, que se estendem também às categorias entradas, principais, drinques e cervejas. 
.

O restaurante é informal, cheio de borogodó e história. Tem um jeitão de casa, inclusive no imóvel onde funciona, uma casinha dos anos de 1950. A decoração é marcada por objetos antigos herdados ou garimpados por Caetano ao longo dos anos. Colocada logo na entrada, a geladeira vermelha pertenceu ao avô do chef Onofre. Na parte de trás, um dos lugares mais desejados é à sombra de uma imensa jabuticabeira. O espaço também recebe eventos particulares. A ideia de futuro é deixar o Caê cada vez mais com essa pegada de bar. Para isso, em breve, o estabelecimento vai passar por uma redefinição de espaço. “Também quero voltar a fazer as festas de rua, que foram interrompidas na pandemia”, planeja Caetano, que também comanda o Caê na Vila, que atende exclusivamente os moradores e seus convidados do Condomínio Nascentes, no Vale dos Cristais, Nova Lima.
.

Rua Outono, 314, Carmo, (31) 2528-2244. Ter. a qui.: 18h/0h; sex. e sáb.: 12h/0h; dom.: 12h/17h. @caerestaurantebar. 

Gero - Tradição centenária em receber bem (Vencedor Italiano)

O espaguete à carbonara do Gero - Foto: Paulo MárcioA história deste restaurante remonta a 1902, quando o milanês Vittorio Fasano chega ao Brasil e inaugura a Brasserie Paulista, no centro histórico de São Paulo. Hoje, a rede Fasano, comandada pela quarta geração da família e considerada uma das mais influentes grifes de hospitalidade no mundo, tem 30 restaurantes no Brasil, Uruguai e Estados Unidos, muitos deles instalados em hotéis da marca, como é o caso da casa mineira. Inaugurado em 2018, o Gero Belo Horizonte, localizado em um elegante prédio no coração de Lourdes, leva, pelo segundo ano consecutivo, o título de Melhor Italiano por Encontro Gastrô, além de ter ficado em terceiro lugar entre os melhores da cidade. 
.

Um dos responsáveis pelo bom funcionamento do Gero BH é Gustavo Giacchero, que havia atuado na casa por três anos a partir de 2019 e voltou em 2024 para assumir a função de gerente de alimentos e bebidas. Ele atua ainda como sommelier. Para Gustavo, a chegada do Fasano a Belo Horizonte representou um marco para a cidade, por ser uma marca reconhecida nacionalmente. “O Gero, em especial, preserva a tradição da gastronomia italiana clássica, servindo pratos que respeitam receitas e técnicas originais”, diz. Essa “tradição” está representada em receitas como o espaguete a Carbonara; o risoto com camarões, lula e polvo; as costeletas de cordeiro com purê de grão de bico, cebolas e pistache; e o ossobuco de vitela assado com risoto de açafrão. Para agradar a quem procura elementos mineiros, o Gero mantém uma seleção de queijos artesanais e embutidos produzidos por aqui. 
.

No almoço, de segunda a sexta (exceto feriados), a casa trabalha com menu executivo em três tempos, com opções de massas, risotos e carnes a R$ 165. A carta de vinhos, que ficou em segundo lugar na categoria pelos eleitores desta edição, conta com 146 rótulos. Os preços variam de R$ 198 a R$ 6.257. Cinco desses rótulos são da marca Fasano, todos italianos, como o prosecco produzido pela vinícola De Faveri, e o chianti da Poggiotondo. 
.

Rua São Paulo, 2.320, Lourdes, (31) 3500-8970. Seg. a qui.: 12h/15h e 19h/0h; sex. e sáb.: 12h/1h; dom.: 12h/17h. @fasano.
 
Osteritta Papà - A cozinha das memórias afetivas (Vencedor Restaurante Revelação) 

Casa de BH tem cardápio de delícias como a Pera Ripiena com Gorgongola e Tartuffo - Foto: Paulo MárcioA lambreta vermelha na porta e a decoração com direito a camisas de times famosos não deixam dúvidas: remetem imediatamente a um ambiente italiano, com as cores verde, vermelho e branco predominando nas toalhas das mesas e em objetos espalhados pelos salões e pela varanda desta casa com a marca do grupo Papà. Inaugurado há pouco mais de um ano, este bistrô se tornou rapidamente um queridinho do público de BH, que surpreendeu até mesmo o gestor do grupo, Carlos (Carlão) Rodrigues, e se tornou um de seus preferidos. Antes dele, o grupo abriu o Marie Cuisine, um franco-italiano que funcionou por quase dois anos no DiamondMall.
.

A localização é privilegiada e o Osteritta tem um misto de charme e aconchego, definido como “autêntica cozinha italiana que transforma refeições em memórias afetivas”. Esta bela casa do Vila da Serra tem capacidade para 154 pessoas, com varanda, dois salões e uma área externa com cascata e lago, e um mezanino, ideal para eventos, onde se acomodam bem 40 pessoas. A adega tem 70 rótulos, com predomínio para vinhos do Velho Mundo, especialmente Itália e França, e também do Novo Mundo (Chile, Argentina e Uruguai). 
.

Sob o comando do premiado chef Petty, o menu do Osteritta – neologismo que significa pequena osteria – tem nas massas e seus molhos seu principal atrativo, mas há lugar para carnes e pratos mais contemporâneos, que atendem a um público diferenciado em busca de novidades. Petty, eleito chef revelação deste ano por Encontro Gastrô, destaca um “prato simples e saboroso”, o Gnocchi Trufado (nhoque com cubos de filé mignon e fonduta de grana padano trufada), um dos mais pedidos. Outra iguaria é o Stracotto di Agnello (paleta de cordeiro assada ao forno, servida ao próprio molho e paglia e fieno – massas coloridas, da casa – na manteiga e sálvia). De entrada, boa sugestão é a Pêra Ripiena com Gorgonzola e Tartuffo (pêra cozida no vinho branco recheada com creme de queijo gorgonzola, presunto Parma e mel trufado). Para fechar, peça a Meringhatta Osteritta (suspiros italianos com creme de chocolate branco e morangos marinados no licor Frangélico). Você vai querer repetir!

R. Ministro Orozimbo Nonato, 215, loja 1, Vila da Serra, Nova Lima. (31) 3965-1818. Seg. a qui.: 12h/15h e 19h/23h; sex. e sáb.: 12h/17h e 19h/0h; dom.: 12h/17h. @osterittapapa. 
.
 
Taste-Vin - Clássico por direito adquirido (Vencedor Restaurante do Ano/Bistrô/Carta de Vinhos)

A salada de folhas verdes com queijo de cabras e pancetta, perfeita se acompanhada de um bom vinho branco - Foto: Paulo MárcioDebutou. Pelo 15º ano consecutivo, o Taste-Vin conquista o título de Melhor Restaurante de BH por esta Encontro Gastrô. De quebra, o francês ainda leva mais dois prêmios: Melhor Carta de Vinhos e Melhor Bistrô. Por ali há pouca novidade e é exatamente isso que faz o espaço ser o preferido dos belo-horizontinos. A constância na cozinha e no salão faz toda a diferença. O chef Rodrigo A. Fonseca, formado em engenharia, é dono de uma precisão matemática na arte de receber.  

Fundada em 1988, a charmosa casa em Lourdes mantém aceso o espírito dos bistrôs, com um menu fiel às tradições. Além dos suflês preparados em 14 versões – incluindo duas doces, de chocolate e de banana com chocolate e praliné de amêndoas – há representantes da gastronomia francesa como o Magret de canard, peito de pato grelhado que é servido com três opções, como o À l’orane, poire glacée (laranja, mel, especiarias e pera cozida). A salada de folhas verdes vem acompanhada de queijo de cabra e pancetta. De novo, Rodrigo destaca Boeuf braisé aux carottes, Portobello et olives noires “É uma maçã de peito Angus cozida por mais de três horas com vinho, ervas e vegetais aromáticos. Depois, retiramos a gordura do caldo e finalizamos com pasta de azeitonas. Vem acompanhada de legumes e cogumelos, explica o chef. 
.

Quase quatro décadas depois de sua fundação, o Taste-Vin segue respeitando sua proposta: uma mesa francesa sustentada por técnica, insumos bem escolhidos e uma carta de vinhos capaz de encantar o mais criterioso enófilo. Cuidadosamente montada ao longo dos anos, a carta reflete o olhar atento para rótulos que dialogam com a cozinha clássica. A seleção privilegia vinhos da França, mas abre espaço para outras descobertas do Velho e Novo Mundo. Muitos rótulos são descobertos durante viagens de Rodrigo, que ocupam boa parte de sua agenda. Em março, foi comemorar seu aniversário de 70 anos na África do Sul com toda a família. “Foram alguns dias de safari e outros na Cidade do Cabo. Visitei vinícolas, mas como turista para não atormentar quem estava comigo de férias”, brinca ele, que trouxe duas garrafas na bagagem. Com o olhar mais técnico, foi à região de Champagne logo depois. “Há uma nova geração de produtores com uma mentalidade nova, que me interessa. Sempre aprendo muito”, diz, com a elegância de quem também carrega o título de um dos melhores sommeliers do estado.  

Rua Curitiba, 2.105, Lourdes, (31) 3292-5423 e (31) 2555-3585. Seg. e ter.: 19h/23h; qua.: 19h/23h30; Qui. e sex.: 19h/00h. Sáb.: 12h30/16h e 19h/23h30. @restaurante_tastevin. 

 
 

 
.