Dirigido por Diego Freitas, o filme tem pelo menos um elemento autobiográfico que se mistura com a história de outros milhares de brasileiros: o cãozinho é inspirado em Paçoca, cadelinha do próprio diretor, como ele contou em entrevistas recentes, com quem construiu uma narrativa sobre recomeço, companheirismo e cura – temas universais costurados pelo olhar do animal. No longa, Rafael Vitti vive o protagonista Pedro, um jovem chef de cozinha que vê sua vida virar de cabeça para baixo após um diagnóstico inesperado. Em meio à turbulência, é por meio da presença do cachorrinho Amendoim que ele se reconecta à alegria e à esperança.
. O apreço por esses vira-latas, aliás, corre para além da ficção ou dos memes. E a própria campanha do filme provou isso quando, junto da estreia, a Netflix lançou uma campanha nacional de adoção responsável, em parceria com o Instituto Caramelo e 12 ONGs em 15 Estados do Brasil. Em apenas cinco dias, a página da ação recebeu cerca de 60 mil acessos.
. Entre os que se emocionam tanto com o filme quanto pelos bichinhos – de carne, osso, pelos e muita fofura – está o protetor Will Santos, que há anos dedica a vida a resgatar cães de rua e hoje, aos 57, se prepara para se formar em veterinária. “Foi impossível assistir Caramelo sem se emocionar, pois me fez lembrar de vários cachorros que passaram pela minha vida”, conta. Para ele, é possível que a trajetória bem-sucedida do filme tenha impacto social: “Toda vez que um longa destaca uma raça, ela vira moda. Agora chegou a vez do caramelo – e espero que isso traga mais visibilidade e adoções”, vibra.
. Os especialistas explicam o carisma do caramelo
Para a médica-veterinária Carolina Augusta de Barros Silva, docente da UNA e responsável por um centro médico veterinário em Belo Horizonte, o sucesso dos vira-latas caramelos tem base biológica e simbólica. “Eles são o típico cão brasileiro, sem raça definida, mistura de muitas raças. São um estereótipo, mas um estereótipo do bem”, reflete, advertindo que, sim, esses cães tendem a ser mais resistentes que outras raças, mas isso não significa imunidade: “Precisam dos mesmos cuidados: alimentação de qualidade, vacinas, proteção contra parasitas”.
. Carolina também é do time que acredita que o filme e sua repercussão têm potencial para ajudar a transformar a imagem desses animais – algo que já vinha acontecendo espontaneamente, nas redes sociais. “Vivemos em um país com muitos animais nas ruas, e essa romantização pode, sim, aumentar as adoções – que é um gesto lindo!", exalta. Ela classifica esses animais como felizes, companheiros e brincalhões e arremata: "Não é a gente que salva os animais, são eles que nos salvam”.
. Nathalia prossegue fazendo um alerta: é preciso que o carinho não apague a realidade. “Celebrar o caramelo é lindo, mas há milhares deles ainda vivendo nas ruas. A romantização deve vir acompanhada de responsabilidade e políticas públicas. Que a gente continue amando, cuidando e dando visibilidade a todos os caramelos, porque cada um deles merece um final feliz". Vale ressaltar que a Organização Mundial da Saúde estima que 30 milhões de animais estejam vivendo abandonados nas ruas do Brasil.
. Depoimento
“A Madonna foi resgatada de uma tentativa de afogamento, junto com seus filhotinhos, pelo Grupo Amor em Patas. Todos foram levados ao abrigo, os filhotes logo encontraram famílias, mas ela ficou ali, esperando sua vez por anos. Às vezes acho que era destino, eu estava esperando por ela e ela por mim.
. Nos conhecemos em uma feira de adoção que organizei no Pimp My Pet. No caminho até o pet shop, Madonna passou mal no carro. Quando chegou, toda sujinha e assustada, resolvi dar um banho nela para que ficasse pronta para encantar alguma família. E encantou a mim. Passou o evento inteiro no meu colo, um grude só. Quando a feira terminou e ninguém a escolheu, ela ficou com aquele olhar triste, como se entendesse que, mais uma vez, não conseguiu um lar.
. Eu não resisti. Levei ela para casa e foi o início de uma linda história. Desde então, já se passaram dez anos de amor, companheirismo e gratidão. Vivemos mudanças, filhos chegaram, a vida seguiu… mas a Madonninha continua ao meu lado, inseparável. Um amor puro, fiel e inexplicável”
Adoção que transforma
Amor, empatia e responsabilidade movem projetos que mudam o destino de cães e gatos em Nova Lima e Belo Horizonte.
. Em cada olhar resgatado, uma nova história começa. Diversas ONGs e grupos de voluntários têm se dedicado a acolher, cuidar e encontrar famílias para animais abandonados. Sem apoio público e sustentadas por doações e muito amor, essas iniciativas são exemplos de solidariedade e cidadania. Conheça:
Projeto Cãomer – Amor que resgata
No coração do bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, o Projeto Cãomer realiza o resgate de animais em situação de abandono. Todos os bichinhos passam por atendimento veterinário, exames, vacinação e medicação antes de seguirem para adoção responsável.%u2028Com mais de 900 adoções realizadas, a ONG celebra cada nova família formada como uma vitória coletiva. Saiba mais: projetocaomer.com.br%u2028
. Cão Viver – Um abrigo de esperança
Fundada em 2003, a Cão Viver é referência em Belo Horizonte quando o assunto é acolhimento e adoção de cães e gatos. Mantida por doações e pelo empenho de voluntários, a ONG conta com uma estrutura exemplar: enfermaria, consultório e bloco cirúrgico, onde profissionais especializados realizam atendimentos e cirurgias.%u2028A instituição aceita doações, visitas e agendamentos de adoção.%u2028%u2028Saiba mais : caoviver.com.br
. Rock Bicho – Adoção com atitude
Sem abrigo próprio e sem apoio do poder público, a Rock Bicho é um projeto que aposta na força da rede solidária. Os animais resgatados ficam em lares temporários, pagos ou voluntários, até encontrarem uma nova família.%u2028Além da adoção, é possível apadrinhar financeiramente um dos animais, ajudando a custear alimentação e cuidados veterinários.
Saiba mais: rockbicho.org
Como ajudar
- Faça doações financeiras ou de ração e medicamentos a ONGs ou protetores independentes dos quais tenha boas referências,
- Ofereça-se como voluntário ou dê lar temporário a um bichinho até a adoção,
- Compartilhe os perfis das ONGs nas redes sociais,
- E, se puder, adote com o coração e a consciência