Revista Encontro

SAÚDE

Saiba mais sobre o Belviq, medicamento para perda de peso que foi proibido no Brasil

Especialista fala sobre como o remédio funcionava e ressalta que orientação médica na luta contra a obesidade é imprescindível, pois não há "pílula mágica"

Marcelo Fraga
O Belviq (lorcasserina) estava há cerca de cinco anos no mercado, no exterior, e chegou ao Brasil no final de 2019, mas teve suas vendas proibidas devido ao risco de câncer - Foto: Pixabay
O dia 4 de março é o Dia Mundial da Obesidade, data que serve para alertar sobre esse perigoso problema de saúde que pode desencadear doenças que levam à morte. Para se ter uma ideia de como a conscientização é necessária, um levantamento recente do Ministério da Saúde aponta que, entre 2006 e 2018, o Brasil registrou um aumento de 67,8% nos casos de obesidade. De acordo com a última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em 2018, mais de 55% dos brasileiros estão acima do peso.

A esperança para muitas pessoas que sofrem com a obesidade e possuem dificuldades para conseguir perder peso apenas com dieta e atividades física está nos medicamentos inibidores de apetite, que, vale lembrar, devem ser utilizados sempre com acompanhamento médico. Infelizmente para esses pacientes, um dos remédios muito utilizados nos EUA, e que chegou ao Brasil no fim do ano passado, teve vida curta no mercado e acaba de ter as vendas proibidas.

Trata-se do Belviq, que tem como princípio ativo uma substância chamada lorcasserina. "Esse medicamento agia aumentando os níveis de serotonina no organismo, ação que ativa receptores que estimulam a saciedade, reduzindo a vontade de comer", explica Adauto Versiani, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - regional Minas Gerais (SBEM-MG).

A proibição do Belviq começou nos Estados Unidos porque a FDA (Food and Drug Administration, órgão de vigilância sanitária americano), realizou estudos que apontaram aumento da incidência de câncer nos pacientes que utilizavam o medicamento por mais de um ano. Com isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também ordenou o recolhimento do remédio - que custava entre R$ 250 a R$ 300 - e a proibição das vendas nas farmácias brasileiras.

O medicamento estava há cerca de cinco anos no mercado, no exterior, e chegou ao Brasil no final de 2019. "Provavelmente essa proibição do Belviq não será revertida, uma vez que o laboratório (Eurofarma) teria que financiar novos estudosm que são muito caros, para rebater a FDA. Além disso, o argumento do órgão americano, de maior incidência de câncer nos pacientes é muito forte", comenta Adauto Versiani.

Mais segurança no futuro

O médico acredita que a constante evolução da Medicina trará medicamentos cada vez mais inteligentes e seguros.
Entretanto, ele analisa que não existirá uma "pílula mágica", e a base do tratamento contra obesidade será sempre a inclusão de uma dieta balanceada e a prática de atividade física na vida dos pacientes, além de terapia comportamental. Sendo assim, os medicamentos devem ser utilizados como tratamento complementar. "Medicações novas sempre trazem uma nova esperança, mas o receio dos efeitos colaterais permanece", comenta o especialista.

Alerta

Adauto Versiani faz questão de destacar que as pessoas sempre devem buscar acompanhamento médico para tratar a obesidade e jamais devem tomar qualquer medicamento sem que tenha sido receitado. "Somente ajuda profissional vai auxiliar, de fato, na mudança do estilo de vida, com inclusão de dieta mais saudável e incentivo à prática de atividade física, orientando e controlando, ainda, os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos", diz o médico, lembrando que o tratamento da obesidade é sempre em longo prazo, pois é necessário que o paciente não só perca peso, como mantenha essa situação sob controle.


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