O psiquiatra ressalta que os idosos que moram sozinhos, e não têm família por perto, necessitam de mais atenção. Neste caso, segundo ele, o ideal é que vizinhos façam um acolhimento, fazendo compras de supermercado, por exemplo, e verificando frequentemente se está tudo bem por meio de ligações telefônicas, uma vez que muitos não conseguem utilizar equipamentos eletrônicos para contato via internet. "As famílias não podem deixá-los por conta própria, achando que são autossuficientes. Ninguém é", alerta o médico.
Já para os idosos que vivem com suas famílias, Renato Araújo recomenda que eles sejam incluídos no contexto familiar, participando das atividades da casa e também atividades lúdicas, como jogos de quebra-cabeça e palavras cruzadas, e leituras. Se houver quintal ou varanda na residência, é importante que a família leve o idoso para um banho de sol, nos horários apropriados (antes das 10h ou depois das 16h), onde é importante reservar um tempo para ouví-los. "Eles têm sabedoria, história de vida, já passaram por privações e podem muito nos ensinar", comenta o psquiatra.
Resistência ao isolamento social
Um levantamento on-line realizado pelo Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental, em parceria com a empresa de monitoramento de mercado, Hibou, mostra que, no Brasil, 30% dos idosos não seguem rigorosamente as medidas de isolamento e distanciamento social.
Renato Araújo aponta duas hipóteses principais para o que foi constatado pela pesquisa: necessidade de trabalhar e sentimento de que já viveram o suficiente e, por isso, não querem ficar confinados. Além disso, o especialista destaca a forma como os idosos são julgados pela sociedade. "De tanto as pessoas falarem que os idosos são negligentes, só vemos idosos nas ruas", lamenta o psiquiatra. "Eles vivem com medo do vírus, do julgamento da sociedade e dos transtornos ocasionados por tudo isso", completa o médico.
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