Revista Encontro

SAÚDE

Especialista fala sobre problemas nos rins

Marcia Goulart de Abreu, do Biocor Instituto, alerta que diabetes e hipertensão podem desencadear doenças renais

Marcelo Fraga
Atualmente, cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem de alguma disfunção renal, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia - Foto: Freepik
No mês em que se comemora o Dia Mundial do Rim (11 de março), vale destacar a importância de manter esse órgão saudável, uma vez que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o número de doentes renais dobrou na última década, no Brasil. Ainda segundo a entidade, atualmente, cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem de alguma disfunção renal e aproximadamente 100 mil pessoas passam por diálise no país.

A médica nefrologista Marcia Goulart de Abreu, do Biocor: condições bastante comuns, e muitas vezes silenciosas, como hipertensão e diabetes podem ocasionar problemas renais - Foto: Biocor Instituto/DivulgaçãoA nefrologista Marcia Goulart de Abreu, do Biocor Instituto, de Belo Horizonte, explica a atuação dos rins no organismo: "A principal função é filtrar o sangue, eliminando toxinas produzidas pelo funcionamento normal do corpo. Além disso, os rins também controlam a quantidade de sal e água, a concentração de minerais e ácidos, regulam a pressão arterial e produzem hormônios que evitam anemia e doenças ósseas", diz.

De acordo com a médica, que é membro da SBN, problemas renais ocorrem por heranças genéticas, inflamações específicas (nefrites), intoxicações e problemas cardíacos. Ainda segundo Marcia Goulart de Abreu, as principais causas que levam à necessidade de diálise a longo prazo são duas condições bastante comuns - e muitas vezes silenciosas: hipertensão e diabetes.

Diagnóstico tardio preocupa

A especialista alerta que uma grande preocupação dos médicos é com relação ao diagnóstico das doenças renais, que muitas vezes ocorre de forma tardia. Isso porque esses problemas costumam ser silenciosos no inícios, manifestando sinais que, geralmente, não são valorizados pelo paciente. "Quando sintomas mais pronunciados se instalam, como fraqueza, falta de ar, inchaço e diminuição da quantidade de urina, as tentativas de recuperação ou de frear a evolução para falência renal podem não ser eficazes e o paciente necessita então entrar para um programa de substituição renal, como as diálises", diz. Marcia Goulart de Abreu comenta, ainda, que essas terapias se modernizaram muito ao longo dos anos, com máquinas de hemodiálise mais seguras e eficazes e a chamada diálise peritoneal, a qual é realizada em domicílio, cada vez mais difundida, além da indicação de transplante para casos específicos.

Prevenção

Assim como ocorre com, praticamente, todas as doenças, a melhor arma contra as doenças renais é a prevenção. Segundo a médica, essas medidas preventivas visam manter uma boa saúde geral, como alimentação saudável, ingestão adequada de líquidos, não fumar, e evitar ou controlar a hipertensão e o diabetes.
Ainda de acordo com a nefrologista, alguns medicamentos de uso comum, como anti-inflamatórios, podem ser tóxicos aos rins, por isso jamais devem ser utilizados sem prescrição. Além disso, avaliações médicas com realização de exames simples, como dosagem de creatinina no sangue e análise da urina, podem alertar para a necessidade de atenção especial à saúde dos rins, contribuindo para a prevenção, recomenda Marcia Goulart de Abreu.

Campanha em 2021

Neste ano, o lema da campanha da comunidade nefrológica internacional para chamar atenção da população é "Vivendo bem com a doença renal". A ideia é apoiar os pacientes dialisados ou transplantados, para que sintam-se acolhidos e incentivados a se inserirem no cotidiano o mais próximo possível de uma vida normal. Segundo Marcia Goulart de Abreu, essas pessoas são muito estigmatizadas. "Apesar de o senso comum enxergar os portadores de doença renal de forma negativa, essa visão pode ser desmistificada pela informação", analisa.

Geralmente, os pacientes com problemas renais têm dieta com muitas restrições, consumo regrado de líquidos, além do compromisso de estar conectado a uma máquina de diálise duas, três ou mais vezes por semana por uma boa parte do dia. "A vida de um paciente que faz diálise exige disciplina e sacrifícios", comenta a especialista.

Entretanto, ela destaca que, seguindo certos cuidados, muitas dessas pessoas podem exercer seus ofícios, ter uma vida social, desenvolver projetos e realizar seus sonhos. "O amparo da equipe de cuidados, que inclui médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, e sobretudo da família, é de suma importância para viabilizar ou adaptar a esse novo modo de viver", finaliza a nefrologista do Biocor.
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