Sua trajetória teve início com uma formação sólida em medicina pela UFMG, residência em clínica médica e cardiologia, além de mestrado e doutorado pela mesma instituição. Após se especializar em hemodinâmica no Hospital Felício Rocho, liderou por 16 anos o serviço de hemodinâmica do Hospital das Clínicas e seguiu inovando. “A experiência que adquiri nesse período foi essencial para que eu me tornasse um médico mais humano”, relata. Desde então, Lucas vivencia a transformação da cardiologia moderna. “Se eu pensar no que aprendi na minha especialização e comparar com o que fazemos hoje, é quase outra especialidade. É uma área que evoluiu muito”. O médico lembra que até os anos 1980, o infarto agudo do miocárdio era praticamente uma sentença. “O paciente era internado apenas para tratar complicações. Só depois é que passamos a tratar o infarto em si, com trombolíticos. Depois vieram os stents, as angioplastias e em 2008, realizamos no Brasil o primeiro Implante Percutâneo de Válvula Aórtica (TAVI) , o mesmo procedimento que o cantor Mick Jagger fez e que chamou a atenção do mundo”.
. O cardiologista avalia que o surgimento da cardiologia intervencionista possibilitou desde intervenções minimamente invasivas para tratar válvulas cardíacas até o fechamento de malformações congênitas muitas vezes descobertas só na vida adulta. “Muita gente pensa que todo AVC vem do cérebro ou do pescoço, por exemplo, mas há casos em que ele tem origem no próprio coração. É preciso olhar o organismo como um todo”, destaca. Desde as primeiras UTIs cardiovasculares na década de 60, passando pela trombólise nos anos 80 e pela angioplastia nos anos 90, até os avanços mais recentes, os números falam por si. “Na década de 50, a mortalidade por infarto era de mais de 30%. Hoje está em torno de 4%. Isso é resultado da tecnologia, sim, mas também de um trabalho integrado entre equipes e protocolos bem definidos.”
. Um dos principais indicadores dos avanços na área é o chamado “tempo porta-balão”, intervalo entre a chegada do paciente ao hospital e a desobstrução da artéria. “Tempo é músculo. Cada minuto conta. Quanto menor o tempo, maior a chance de salvar vidas e preservar o coração”, afirma Lucas. Na Rede Mater Dei de Saúde, esse desafio virou missão. Sob o seu comando, o Serviço de Hemodinâmica se tornou um dos grandes trunfos da instituição, oferecendo diagnósticos e tratamentos de ponta para doenças cardíacas, neurológicas e vasculares. O segredo, diz o médico, é contar com equipe especializada, protocolos bem alinhados e agilidade 24 horas por dia. “Para garantir a eficiência do serviço, é necessário uma equipe multidisciplinar completamente alinhada aos protocolos institucionais. O atendimento deve ser feito em no máximo 90 minutos, tempo que temos reduzido gradativamente”, afirma.
. Formador de jovens médicos e definidor de diretrizes, Lucas segue firme, com os pés no presente e os olhos no futuro. “Hoje, além de cuidar de pacientes, ajudo a construir o caminho para os que virão. O meu objetivo é contribuir para melhorar a sobrevida e a qualidade de vida da população”. O médico também é um ferrenho defensor da prevenção. “Todo mundo quer uma solução mágica, mas saúde é construção diária. Alimentação saudável, atividade física, controle do estresse, não fumar, evitar drogas e anabolizantes. Isso é o que realmente faz a diferença”, alerta. Casado e pai de três filhos, ele observa como os tempos mudaram. “Hoje temos muito acesso à informação, o famoso doutor google, mas precisamos aprender a filtrar o que é verdadeiro do que é falso e o que é relevante ou não.”
Especializado em uma área eminentemente técnica, capaz de realizar procedimentos complexos e de alto risco, não abre mão de manter o olhar clínico na condução de cada paciente. A experiência adquirida ao longo de 16 anos à frente do Serviço de Hemodinâmica do Hospital das Clínicas da UFMG e dez anos como coordenador do Serviço de Hemodinâmica da Rede Mater Dei de Saúde não só ampliou o seu conhecimento como também fortaleceu as suas convicções. “Foi o que me permitiu chefiar um setor altamente complexo e que funciona ininterruptamente, 24 horas por dia, sete dias por semana”. A trajetória também lhe trouxe expertise em conhecimento regulatório, gestão de processos, da qualidade e segurança do paciente e, não menos importante, sobre a gestão de pessoas. “Sem dúvidas, a liderança é apenas uma consequência de todo esse aprendizado. Uma construção de cada dia”.