Regina não está sozinha: estudos indicam que cerca de 50% das mulheres acima dos 40 anos enfrentam algum tipo de alteração no aparelho urinário. Sensações como perda involuntária de urina, dificuldade de esvaziar completamente a bexiga e aumento na frequência urinária são queixas frequentes. Esses sintomas podem vir acompanhados de um desagradável odor de urina na roupa íntima, dores no canal da uretra e episódios recorrentes de infecções (cistites), que acabam comprometendo a qualidade de vida da mulher. Por isso mesmo, os especialistas alertam: essas ocorrências não devem ser encaradas como algo normal ou inevitável com o envelhecimento da pessoa. Para cada caso, existe um tratamento adequado.
. Em primeiro lugar é preciso entender qual a origem do problema. Apesar de ser mais predominante em pessoas já adultas, as alterações do trato urinário também podem acometer jovens e crianças. De modo geral, fatores como alterações hormonais durante a menopausa, enfraquecimento do assoalho pélvico devido à gravidez ou ao parto, hábitos de vida inadequados e infecções frequentes contribuem para o surgimento de doenças. Entre elas a incontinência urinária - que pode ser de esforço, urgência ou mista -, a retenção urinária e os cálculos renais que causam dores intensas, impactando não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional e social da mulher. Em todos os casos, a prevenção e o tratamento precoce continuam sendo a melhor opção: "Aos primeiros sinais de dor ao urinar, sangue na urina, aumento da frequência urinária, sensação de peso na região pélvica ou qualquer desconforto, busque ajuda de um especialista", afirma o urologista Geraldo Magela de Queiroz Tavares, das clínicas UroVila e Urolaser, especialista em cirurgia robótica.
. A urologia se dedica ao diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças que afetam os rins tais como tumores e cálculos renais, ureteres, bexiga e uretra, além de cuidar de condições relacionadas ao assoalho pélvico. Os tratamentos incluem mudanças de hábitos - a começar pela melhora da saúde intestinal -, sempre urinar após as relações sexuais, não utilizar ducha vaginal, manter uma boa hidratação diária, fazer exercícios para fortalecimento do assoalho pélvico (como os de Kegel), até tratamentos mais específicos, como uso de medicações e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas. Outra dica dos especialistas é fazer a higiene da região íntima apenas uma vez por dia, assim o PH se mantém ácido e protege a área de possíveis infecções. "Exagerar na limpeza da região íntima pode levar a um desequilíbrio na flora bacteriana local e, paradoxalmente, favorecer o surgimento de infecções urinárias", afirma a urologista Julia Duarte de Souza, da Clínica de Urologia do Hospital Felício Rocho.
. Da ginecologia e urologia nasceu a uroginecologia, área médica que cuida dos sintomas do trato urinário baixo da mulher e do assoalho pélvico. Mesmo ainda não sendo reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB), a especialidade tem trazido vários benefícios para as mulheres. "Por isso solicitamos o seu reconhecimento juntamente com a Associação Brasileira de Uroginecologia e Assoalho Pélvico (Uroginap) e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)", diz Marilene Vale de Castro Monteiro, ginecologista e obstetra no Hospital Madre Teresa. Ela acredita que a implantação dessa futura área de atuação é muito importante, considerando o alto índice de mulheres com problemas no aparelho urinário: "Falar que se perde urina é muito triste para a mulher e, às vezes, dizer isso para um profissional do gênero masculino é ainda mais complicado". O assunto é tão sério que, em 2022, um projeto de lei no Senado Federal promulgou o Dia Nacional de Conscientização da Incontinência Urinária. "Promover a conscientização das mulheres de que isso não é normal e nem parte do envelhecimento, faz com que se sintam incentivadas a procurar assistência médica", diz a especialista.