Revista Encontro

Saúde

Julho Verde alerta para prevenção do câncer de cabeça e pescoço em Minas

Diagnóstico precoce pode garantir até 90% de chance de cura quando a doença é descoberta no início

Agência Minas
Somente no primeiro semestre de 2025, foram realizadas 1.639 consultas de pacientes que foram diagnosticados ou estavam com suspeita de câncer de cabeça e pescoço no Hospital Alberto Cavalcanti - Foto: Francis Campelo / Fhemig
Durante o mês, a campanha Julho Verde intensifica os alertas do Governo de Minas sobre a importância da prevenção e da detecção precoce do câncer na região da cabeça e do pescoço. O mais comum é o câncer de boca, com cerca de 15 mil novos casos no Brasil por ano, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
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Referência em oncologia, o Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), da rede da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), vem registrando um aumento nos atendimentos nos últimos meses. Somente no primeiro semestre de 2025, foram realizadas 1.639 consultas de pacientes que foram diagnosticados ou estavam com suspeita de câncer de cabeça e pescoço, quase 550 a mais que no mesmo período de 2024. "Durante esta gestão, conseguimos aumentar o número de ofertas para consultas ambulatoriais e cirurgias", afirma o diretor técnico do Hospital Alberto Cavalcanti, Henrique Timo.
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"Isso só foi possível porque, além de aumentarmos o nosso número de cirurgiões e anestesistas, conseguimos otimizar as salas do bloco cirúrgico e melhorar o giro de leitos, permitindo o tratamento e a internação de um número maior de pacientes", explica Henrique Timo.A partir daí, o paciente é encaminhado, se for necessário, para especialistas, como otorrinolaringologistas ou cirurgiões de cabeça e pescoço. "Os pacientes no HAC são avaliados por uma equipe multidisciplinar, que define a melhor estratégia de tratamento – que pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia, com duração total, em média, de três a seis meses, seguido por acompanhamento oncológico regular por, pelo menos, cinco anos", detalha Souza. 
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Apesar de ser uma doença mais comum em homens acima dos 60 anos, ele chama a atenção para a mudança desse perfil. "Observamos uma redução na faixa etária das pessoas acometidas e um crescimento do número de casos em mulheres, especialmente no câncer de boca".
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"Há alguns anos, a proporção era de oito homens para cada mulher acometida pela doença. Hoje, esse número mudou. A cada três homens, temos uma mulher com câncer de boca", compara o coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HAC. Ele revela que a maioria dos casos está relacionada ao consumo de cigarros e bebidas alcoólicas.
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"Quando descoberto ainda no início, as chances de cura podem ultrapassar 90%. No entanto, em casos de tumores localizados em regiões mais profundas, como a orofaringe e a hipofaringe, os sintomas geralmente se manifestam quando já estão em estágio avançado, e essas chances diminuem", alerta Guilherme Souza.
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As sequelas variam de acordo com cada caso, podendo haver perda da voz, dificuldades para se alimentar ou alterações estéticas no rosto e pescoço. "Por isso, reforçamos sempre a importância do diagnóstico precoce", salienta o médico.
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Atenção aos sinais

O coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HAC, Guilherme Souza, destaca que é fundamental procurar atendimento médico na Unidade Básica de Saúde (UBS) ao notar qualquer sinal persistente, como uma ferida que não cicatriza, nódulo no pescoço, rouquidão prolongada, dor ou dificuldade para engolir.
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Vida normal

José Eustáquio de Almeida é um dos pacientes que passou pelo HAC e hoje leva uma vida praticamente normal. "A única coisa que não posso fazer é nadar, porque não posso deixar entrar água na abertura onde foi feita a traqueostomia".
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Entre o primeiro sintoma — a rouquidão na voz — até a descoberta do câncer de laringe, passou-se quase um ano, o que acabou agravando a condição de José Eustáquio. "Demorei a procurar atendimento e não dei muita atenção para o que ia aparecendo. Continuava trabalhando normalmente, até perceber que me sentia cansado para tudo. Aí resolvi ir ao hospital e acabei internando", lembra.
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Ao ser encaminhado para o hospital, ele recorda que teve o diagnóstico confirmado e a cirurgia agendada, seguida por sessões de radioterapia. "O médico me explicou sobre o tratamento e disse que teria que fazer a cirurgia para evitar que o câncer se espalhasse e agravasse meu caso. Fui muito bem atendido aqui. As enfermeiras e os médicos foram muito bons para mim".  

Aos 70 anos de idade, ele apresenta uma leve dificuldade na fala, o que é raro em casos como o dele, já que a maioria não consegue se comunicar sem próteses. José Eustáquio continua forte, trabalhando com obras e fazendo visitas esporádicas ao hospital, quando percebe algo fora do comum.
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