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A histórica placa feita pelo Seu Ernani no portão de sua casa, no bairro Anchieta - Foto: Arquivo pessoal Quando usamos o famoso dito popular "gentileza gera gentileza", muitas vezes não sabemos o quão longe essa cadeia de ações pode chegar. Uma pequena notinha escrita pela revista Encontro em abril de 2019 usava justamente esta frase para começar a contar a história de Seu Ernani, um morador do bairro Anchieta, que, aos 92 anos, disponibilizava mudinhas de diversas plantas no portão de sua casa, para quem quisesse pegar. O local exibia um cartaz simples, com a frase "mudas jardim e pomar. É sua pode levar".
O trabalho voluntário de Seu Ernani, aliado à simplicidade e simpatia do cearense - morador de BH desde 1949 - encantaram e inspiraram muitas pessoas, e sua iniciativa continua reverberando pela cidade. Porém, de outras formas. Em maio de 2021, Seu Ernani, então com 95 anos, faleceu, vítima de uma embolia. Vivendo o luto e ao mesmo tempo lidando com as decorrências de uma pandemia na cidade, os filhos do cearense não conseguiram dar continuidade ao projeto.
"Achei o projeto de Seu Ernani fantástico, e decidi pegar minha bike e ir até lá, para adquirir umas mudinhas e trocar uma ideia com ele", conta. Mas Thaísa não encontrou o que esperava quando chegou em seu destino. A placa não estava mais naquele endereço. Ao invés de encontrar o sorridente senhor de 90 e tantos anos, ela se deparou com o filho dele, Éber Latella, que abriu a porta e informou que o pai havia falecido no último mês, por conta de uma embolia. "Ele me disse que não tinha mais tempo para continuar com o projeto, e só tinha mais duas mudinhas", relata Thaísa.
Quando já se preparava para voltar para casa, veio a ideia: "e se eu continuasse com o projeto de Seu Ernani?". Assim, a administradora pediu autorização dos filhos do cearense para seguir com a iniciativa, e arriscou: pediu também a placa que ele usava em seu portão. Antes de aceitar, Éber titubeou. Afinal de contas, era um projeto super querido por seu pai, e aquela era uma lembrança muito simbólica. Pediu então, um tempo para pensar, mas Thaísa nem precisou esperar muito. Em alguns dias, recebeu uma mensagem no celular: "pode vir buscar a placa". "Achei o projeto dela muito interessante e logo percebi que aquela era uma grande oportunidade, até mesmo para seguir com a memória do meu pai viva", conta Éber. E assim, seu filho fez com a placa o mesmo que Seu Ernani fazia com suas mudinhas: passou pra frente, para deixar brotar em outros cantos.
Placa roubada