A pesquisa estudou um grupo de ratos obesos que tomou uma pílula por dia durante cinco semanas. As cobaias pararam de ganhar peso, perderam gordura e diminuíram os níveis de açúcar e de colesterol no sangue, em comparação com os animais que não receberam a medicação. Além disso, o remédio elevou a temperatura corporal, indicando aceleração do metabolismo. A grande diferença da fexaramine, segundo os pesquisadores, é que ela não é absorvida pela corrente sanguínea e, por isso, não causa efeitos colaterais em outros órgãos como o fígado e o coração – como acontece com outros medicamentos inibidores de apetite.
Para o endocrinologista Adauto Versiani, diretor do departamento de endocrinologia da Associação Médica de Minas Gerais, ainda é cedo para se afirmar se a pílula pode ser uma alternativa à cirurgia bariátrica e mesmo se os pacientes conseguirão se adaptar à fexaramine. "Não se sabe ainda o efeito em humanos. A pesquisa entrou, agora, na chamada fase três, em que se começa a realizar testes em humanos. Apenas um em cada mil estudos chega a essa fase, que pode durar até 10 anos", explica.
Ainda segundo o especialista, não existe remédio milagroso para quem quer perder peso. A velha máxima de "fazer reeducação alimentar e exercícios físicos regularmente" ainda é a maneira mais segura e eficaz para emagrecer. "Mudar os hábitos – e a mentalidade – é mais importante do que tomar remédios. Há casos em que pacientes que fizeram a cirurgia de redução de estômago voltam a engordar. Comem porções menores, mas alimentos super calóricos. Com o passar dos anos, retomam o sobrepeso", conta Adauto Versiani.
Quem possui recomendação médica para usar medicamentos inibidores de apetite, como explica o endocrinologista, deve entender que sempre existe a possibilidade de o remédio não funcionar. Cada organismo se adapta de forma diferente aos princípios ativos das medicações. "Os compostos mais usados no mercado para combater a obesidade são a sibutramina, que é proibida para cardiopatas, e o orlistate [conhecido pelo nome xenical], que podem gerar efeitos colaterais como flatulência, diarreia e, em casos raros, disfunção hepática", afirma Versiani.
Confira abaixo o vídeo (em inglês) explicando os efeitos da fexaramine: