
Antes de falar sobre esse distúrbio, é preciso traduzir essa complexa expressão. Na Medicina, o prolapso significa deslocamento ou projeção de algum órgão ou particularidade para fora do lugar. A glândula da terceira pálpebra é um órgão importante que atua na produção de lágrima nos animais domésticos. Portanto, essa condição consiste na projeção da glândula para o meio externo. Por conta da aparência, é conhecida popularmente como "olhos de cereja".
O prolapso da glândula lacrimal normalmente acomete cães, principalmente das raças beagle, shar pei, bulldog, pug e boxer. Segundo o oftamologista Fernando Bretas, da escola de veterinária da UFMG, essas raças já possuem predisposição genética para desenvolver o problema. A causa mais comum para o aparecimento do prolapso é a flacidez dos tecidos adjacentes. "Ocorre uma obstrução do ducto da glândula da terceira pálpebra, fazendo com que haja um acúmulo de secreção dentro desse órgão. Consequentemente, ele vai aumentando de volume e se exteriorizando. Com a irritação produzida pelas pálpebras, a glândula vai ficando avermelhada, até ocorrer uma infecção superficial", explica Fernando.
Se o problema não for tratado, o prolapso pode irritar as pálpebras e resultar em uma infecção mais grave. Raramente o problema compromete a visão, mas, se o animal ficar incomodado e esfregar os olhos em alguns lugares, a córnea pode ser lesionada e comprometer a visão do cão. Segundo Fernando Bretas, não existe medidas para prevenir os "olhos de cereja". "O problema aparece espontaneamente, especialmente nessas raças em que o animal possui o ducto lacrimal mais afinado. Então, não há o que fazer em termos de prevenção", comenta o especialista. Normalmente, o problema afeta animais mais jovens, nos primeiros meses de vida.