
Outros municípios, como Dracena, no interior de São Paulo, ainda apostam na crotalária para ajudar a combater o avanço da dengue. A prefeitura da cidade paulista comprou uma grande quantidade de sementes da planta e distribuiu à população, na esperança de aumentar o número de predadores do mosquito e, assim, reduzir os contágios. No entanto, o método não possui uma eficácia comprovada.
O biólogo Almir Braga, professor de microbiologia do Centro Universitário Una, explica que não há registros de estudos científicos sobre a utilização da crotalária no combate à dengue. Além disso, o especialista diz que a libélula não costuma ter hábitos urbanos: "Insetos como a libélula são mais comuns em ambientes silvestres, logo, a quantidade desses animais em cidades é bastante reduzida".

Outro aspecto destacado pelo especialista, e que coloca em xeque a eficácia do uso da planta para combater a doença, é o fato de que o Aedes aegypti não é o alimento preferido da libélula. Na verdade, ela possui, em sua dieta, vários outros insetos. O biólogo também alerta que métodos alternativos de combate à dengue, como o cultivo da crotalária e até mesmo da citronela – planta amplamente utilizada para repelir mosquitos e pernilongos –, podem ser perigosos. "O uso de alternativas como essas pode criar uma falsa sensação de segurança na população. O ideal é que as pessoas se conscientizem com relação a não deixar água parada e evitar o acúmulo de lixo e entulho em suas casas e em outras partes da cidade. Esse ainda é melhor método de combate até que tenhamos uma vacina", afirma Almir Braga.