Publicidade

Estado de Minas MEIO AMBIENTE

Crotalária não é eficaz no combate à dengue, diz especialista

A planta vem sendo utilizada em algumas cidades como um método alternativo para reduzir os casos da doença, já que ela atuaria de forma natural no extermínio do Aedes aegypti


postado em 08/04/2015 16:59 / atualizado em 08/04/2015 18:54

A crotalária teria a suposta capacidade de atrair as libélulas, que se alimentariam das larvas do mosquito Aedes aegypti(foto: Wikimedia/Reprodução)
A crotalária teria a suposta capacidade de atrair as libélulas, que se alimentariam das larvas do mosquito Aedes aegypti (foto: Wikimedia/Reprodução)
Em 2013, a prefeitura da cidade mineira de Uberaba assistia a um aumento significativo nas ocorrências de dengue no município, e decidiu recorrer a um método inusitado para tentar frear o avanço da doença. A ideia era incentivar a população a cultivar uma planta chamada crotalária. Segundo especialistas, o vegetal em questão possui substâncias que atraem a libélula, um dos predadores do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Porém, o método foi abandonado há cerca de um ano na cidade, que fica na região do Triângulo Mineiro.

Outros municípios, como Dracena, no interior de São Paulo, ainda apostam na crotalária para ajudar a combater o avanço da dengue. A prefeitura da cidade paulista comprou uma grande quantidade de sementes da planta e distribuiu à população, na esperança de aumentar o número de predadores do mosquito e, assim, reduzir os contágios. No entanto, o método não possui uma eficácia comprovada.

O biólogo Almir Braga, professor de microbiologia do Centro Universitário Una, explica que não há registros de estudos científicos sobre a utilização da crotalária no combate à dengue. Além disso, o especialista diz que a libélula não costuma ter hábitos urbanos: "Insetos como a libélula são mais comuns em ambientes silvestres, logo, a quantidade desses animais em cidades é bastante reduzida".

De acordo com o biólogo, as libélulas não estão presentes no ambiente urbano, principal foco de dengue no país, e o mosquito Aedes aegypti não faz parte de suas 'refeições' preferidas(foto: Pixabay)
De acordo com o biólogo, as libélulas não estão presentes no ambiente urbano, principal foco de dengue no país, e o mosquito Aedes aegypti não faz parte de suas 'refeições' preferidas (foto: Pixabay)


Outro aspecto destacado pelo especialista, e que coloca em xeque a eficácia do uso da planta para combater a doença, é o fato de que o Aedes aegypti não é o alimento preferido da libélula. Na verdade, ela possui, em sua dieta, vários outros insetos. O biólogo também alerta que métodos alternativos de combate à dengue, como o cultivo da crotalária e até mesmo da citronela – planta amplamente utilizada para repelir mosquitos e pernilongos –, podem ser perigosos. "O uso de alternativas como essas pode criar uma falsa sensação de segurança na população. O ideal é que as pessoas se conscientizem com relação a não deixar água parada e evitar o acúmulo de lixo e entulho em suas casas e em outras partes da cidade. Esse ainda é melhor método de combate até que tenhamos uma vacina", afirma Almir Braga.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade