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Estado de Minas ASTRONOMIA

Sabia que o Brasil enviará uma sonda à Lua em 2020?

Pois é, nosso país está prestes a dar um importante passo na exploração espacial


postado em 12/12/2016 08:12

Perspectiva em 3D mostra como será a aparência do nanossatélite brasileiro que vai orbitar a Lua em 2020(foto: Escola de Engenharia de São Carlos/Divulgação)
Perspectiva em 3D mostra como será a aparência do nanossatélite brasileiro que vai orbitar a Lua em 2020 (foto: Escola de Engenharia de São Carlos/Divulgação)
Até dezembro de 2020, o Brasil lançará sua primeira missão ao satélite natural da Terra. Batizado de Garatéa-L, o projeto combina o poderio intelectual de algumas das maiores instituições de ciência e tecnologia do país com a ousadia da cultura de startups tecnológicas para planejar e realizar com sucesso, em tempo recorde, o primeiro voo orbital lunar brasileiro. O projeto foi apresentado no final de novembro na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP.

"A ideia é nos beneficiarmos da recente revolução dos nanossatélites, mais conhecidos como cubesats, para colocar o país no mapa da exploração interplanetária", afirma o engenheiro espacial, Lucas Fonseca, gerente do projeto Garatéa-L e ex-aluno da EESC. Ele esclarece ainda que a missão brasileira conta com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), da USP, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, do Instituto Mauá de Tecnologia e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

O lançamento do Garatéa-L será realizado numa parceria com duas empresas britânicas e com as agências espaciais europeia (ESA) e do Reino Unido (UK Space Agency) O veículo lançador contratado é o indiano PSLV-C11 – mesmo foguete que enviou com sucesso a missão Chandrayaan-1 para a Lua, em 2008.

"É uma oportunidade única de trabalhar com os europeus num projeto que pode elevar as ambições do Brasil a outro patamar", comenta Lucas Fonseca, que já tem bastante experiência em missões espaciais. Antes de iniciar o atual projeto, ele trabalhou no desenvolvimento da Rosetta, espaçonave da ESA que realizou o primeiro pouso em um cometa, em 2014.

No futuro lançamento europeu, diversos cubesats – dentre eles o brasileiro – serão levados à órbita lunar por uma nave-mãe, que também fornecerá o serviço de comunicação com a Terra e permitirá a coleta de dados por pelo menos seis meses.

Vida extraterrestre

A Garatéa-L tem um forte componente de astrobiologia – o estudo do surgimento e da evolução da vida no Universo. Em seu interior, viajarão até a órbita da Lua diversas colônias de microrganismos vivos e moléculas de interesse biológico, que serão expostas à radiação cósmica por diversos meses.

O experimento, coordenado por Douglas Galante, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas, e Fábio Rodrigues, do Instituto de Química da USP, tem por objetivo investigar os efeitos do ambiente espacial interplanetário sobre diferentes formas de vida. O esforço é um passo adiante com relação a experimentos realizados na estratosfera com balões meteorológicos, que expuseram diversas amostras aos raios ultravioleta solares sem a filtragem da camada de ozônio terrestre.

"A busca por vida fora da Terra necessariamente passa por entender como ela pode lidar, e eventualmente sobreviver, em ambientes de muito estresse, como é o caso da órbita lunar. O conhecimento obtido com a missão sem dúvida ajudará a compor esse difícil quebra-cabeça", diz Douglas Galante.

É a astrobiologia também o que dá nome à missão: Garatéa, na língua tupi-guarani, significa "busca vidas", somada ao L, de lunar.

Um instrumento embarcado também fará a medição dos níveis de radiação em órbita cislunar – resultado que terá importância para planos internacionais futuros de missões tripuladas de longa duração à Lua. Amostras de células humanas serão embarcadas também, em experimento coordenado por Thais Russomanno, do Centro de Pesquisa em Microgravidade da PUC-RS, para verificar que efeitos o ambiente radiativo extremo, longe da proteção da atmosfera e distante do campo magnético terrestre, poderia causar em astronautas durante missões de longa duração além da órbita terrestre baixa. Esta pesquisa também ajudará em futuras missões tripuladas para a Lua ou mesmo para Marte.

(com Agência USP)

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