
"A festa junina é uma festa enraizada na cultura brasileira, que tem o alimento como um importante elemento de identidade", aponta a historiadora Eliane Morelli Abrahão, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ela destaca que muitas das quermesses, por exemplo, não estão mais associadas aos santos católicos, mas, sim, à comida. "É uma festa muito associada ao alimento, que acaba sendo o signo da memória coletiva. As comidas típicas significam essa memória coletiva do nosso povo", comenta a especialista em entrevista à Agência Brasil.
De acordo com a historiadora, as comemorações juninas remontam ao século XII e têm origem nas festas pagãs. "Esses povos da antiguidade já acreditavam que a celebração à deusa Juno, que era considerada a protetora do casamento, do parto e da mulher, proporcionaria fartas colheitas", esclarece. A Igreja Católica, no entanto, não via com bons olhos essas festas populares e começou um processo de incorporação dos festejos, vinculando-os ao calendário litúrgico. "É o período do solstício de verão na Europa, então está muito ligado com a questão da plantação e das colheitas", acrescenta a especialista.
No Brasil, o festejo junino está novamente associado a um processo de incorporação pela Igreja Católica. "Os colonizadores portugueses e os padres jesuítas quando chegam aqui se deparam com as tradições indígenas de preparação do solo para o plantio que também tinham como intuito essa safra abundante. Os índios também já tinham esse costume de fazer as festas nesse período", explica Eliane Morelli. A festa indígena foi intercambiando com a festa cristã em torno, especialmente, da figura de São João Batista.
(com Agência Brasil)