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Estado de Minas BRASIL

Especialistas alertam para o uso inadequado de agrotóxicos no Brasil

Dados de 2016 da Anvisa mostram que apenas 1% dos alimentos apresentam pesticidas acima do limite


postado em 28/09/2017 15:49 / atualizado em 16/10/2017 11:23

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
No final do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é a responsável por analisar o risco de agrotóxicos para a saúde humana, divulgou o resultado de uma pesquisa que analisou resíduos de pesticidas em 12 mil amostras de alimentos durante três anos. O objetivo era verificar se os produtos apresentavam nível de agrotóxicos dentro dos Limites Máximos de Resíduos estabelecidos pela Anvisa.

O resultado mostrou que 99% das amostras estavam dentro dos limites permitidos. Foram avaliados cereais, leguminosas, frutas, hortaliças e raízes, totalizando 25 tipos de alimentos, que representam mais de 70% dos vegetais consumidos pela população.

Vale dizer que países como a França já proibiram um dos agrotóxicos mais usados no Brasil: o herbicida glifosato. Em 2009, a União Europeia já havia adotado o princípio da precaução como norma e proibiu a pulverização aérea de agrotóxicos. E os Estados Unidos já aboliram mais de 200 princípios ativos de pesticidas desde 1996.

Pesquisa do IBGE divulgada em 2015 concluiu que, nos 10 anos anteriores, o uso de agrotóxicos tinha aumentado 150%. Hoje, o Brasil consome cerca de um milhão de tonelada desses produtos por ano.

A médica sanitarista Jandira Maciel da Silva, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que existem poucas informações sobre o uso dos agrotóxicos pelos pequenos produtores, que, em geral, não sabem informar a quantidade e a periodicidade do manuseio dos pesticidas, o que dificulta diagnóstico relativo a queixas sobre problemas de saúde como formigamento no corpo, fraqueza, impotência sexual e outras.

"Precisamos avançar na notificação compulsória de problemas causados por agrotóxicos. Mas, para isso, temos que melhorar a capacitação dos profissionais de saúde e o diagnóstico", comenta a médica, que participou de audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados.

Se não forem usados como manda o fabricante, segundo a professora da UFMG, os agrotóxicos podem causar sérios riscos à saúde do consumidor e principalmente do trabalhador do campo, como câncer, malformações de fetos e outros. Dependendo do tipo de exposição, podem até matar. O problema é que muitos especialistas afirmam que não existe uso seguro para agrotóxicos, principalmente pelos pequenos agricultores.

Leite contaminado

José Luiz Paixão, professor do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, na cidade de Muriaé, aproveitou a audiência para apresentar dados relativos ao uso de produtos veterinários contra pragas e doenças, também considerados agrotóxicos por ele.

Segundo o especialista, em 2012, mais de 90% das amostras de leite produzidas no sudoeste e sul da Bahia apresentaram resíduos acima do considerado normal do antibiótico oxitetraciclina. "É um perigo subestimado, já que nenhum agricultor compra produto veterinário com nota fiscal e receituário", alerta o professor.

(com Agência Câmara Notícias)

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