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Estado de Minas SAÚDE

Pesquisa descobre funcionamento das células que dão origem aos neurônios

O estudo americano abre caminho para possíveis tratamentos de doenças cognitivas, como Alzheimer


postado em 01/09/2017 16:08

Estudo feito nos Estados Unidos descobriu que as células glia existentes no cérebro não estão aí à toa. Elas são responsáveis pela geração de novos neurônios(foto: Freepik)
Estudo feito nos Estados Unidos descobriu que as células glia existentes no cérebro não estão aí à toa. Elas são responsáveis pela geração de novos neurônios (foto: Freepik)
Órgão mais complexo do corpo humano, o cérebro é composto por duas grandes categorias de células: as nervosas e as não nervosas, também chamadas células da glia. Já se sabe que as últimas dão suporte ao funcionamento do sistema nervoso. Agora, em um experimento com moscas-da-fruta, uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos identificou que essas estruturas podem estar ligadas a um mecanismo anterior e ainda mais preponderante para o funcionamento cerebral: elas têm papel fundamental na criação de neurônios.

Segundo Vilaiwan Fernandes, pesquisadora do departamento de Biologia da Universidade de Nova Iorque e uma das autoras do estudo, que foi divulgado no final de agosto da revista Science, o potencial das células da glia passou despercebido pelos cientistas durante um bom tempo. Mas, descobertas como a da sua equipe mostram que elas têm um papel importante, por exemplo, no desenvolvimento de tratamentos médicos contra doenças cognitivas, como o Mal de Alzheimer. "As células nervosas são as excitáveis eletricamente, que formam circuitos que processam informações. As da glia são mais misteriosas e, por muito tempo, foram consideradas como peças de suporte entendiante. Por isso, seu desenvolvimento foi muito pouco estudado", explica a pesqusiadora.

Por causa da presença excessiva no cérebro, os cientistas desconfiaram que a glia poderia ser fundamental no desenvolvimento do órgão. Para isso, resolveram analisar o sistema visual da mosca-da-fruta. A espécie é considerada um modelo importante para esse tipo de estudo porque tem mecanismos de visão semelhantes ao dos humanos, como os minicircuitos que detectam e processam a luz em todo o campo visual. Essa dinâmica é de vital importância porque, à medida que o cérebro se desenvolve, ele deve coordenar o aumento de neurônios na retina com os neurônios que estão em regiões mais distantes dele.

Ao longo das observações, os pesquisadores descobriram que essa coordenação do desenvolvimento das células nervosas é realizada pelas células da glia. Elas retransmitem as informações da retina para que o cérebro consiga fazer com que essas pistas se tornem células nervosas, os neurônios. "Ao atuar como um intermediário de sinalização, a glia exerce controle preciso não apenas quando e onde um neurônio nasce, mas também sobre o tipo de neurônio que será desenvolvido", explica Claude Desplan, co-autor do estudo e professor de biologia da Universidade de Nova Iorque, em comunicado enviado à imprensa.

Para a equipe, essa função detectada sinaliza o quanto as células da glia são importantes na busca por um maior entendimento do funcionamento do cérebro. "Esse trabalho torna evidente que as células gliais são críticas para o desenvolvimento do cérebro, e que não podemos continuar ignorando o papel delas se queremos entender esse órgão", destaca Vilaiwan Fernandes. A pesquisadora também ressalta que mais investigações sobre essa estrutura podem ajudar a entender doenças que possivelmente estão relacionadas a ela. "Existe um consenso crescente de que muitas patologias cerebrais podem ser causadas ou agravadas por disfunções da glia. Portanto, é útil saber o que essas células estão fazendo durante o desenvolvimento normal, a fim de entender suas possíveis disfunções e enfermidades", justifica.

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