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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Estudo mostra que o bullying sofrido por estudantes está ligado à relação com a família

A pesquisa da USP associa o núcleo familiar deficitário a essa prática de tortura psicológica na escola


postado em 25/10/2017 12:29 / atualizado em 25/10/2017 11:55

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Comportamento considerado inaceitável, o bullying (ou tortura psicológica) é um problema social de escala mundial que acontece, na maioria das vezes, com crianças e dentro do ambiente escolar. O que quase ninguém sabe é que as relações familiares podem influenciar diretamente no envolvimento de estudantes com o bullying. Uma pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP apontou que as relações ruins dentro de casa são fatores que afetam o comportamento das crianças e adolescentes dentro da sala de aula.

Segundo o psicólogo Wanderlei Abadio de Oliveira, pesquisador responsável pelo estudo, tanto as crianças que sofrem bullying quanto as que praticam têm histórico de más relações familiares. "Essas relações são marcadas pela falta de diálogo saudável e de envolvimento emocional. Também está presente nessas famílias a má relação conjugal entre os pais ou cuidadores e, ainda, as punições físicas exercidas por eles", comenta o especialista.

Exemplo de casa

A pesquisa da USP foi feita com 2.354 estudantes com idade entre 10 e 19 anos de escolas públicas da cidade de Uberaba, em Minas Gerais. Wanderlei Oliveira aplicou questionários para identificar a qualidade da interação familiar e a ligação com situações de bullying na escola. Os resultados mostraram que os estudantes sem envolvimento com a prática tinham melhores interações familiares, demonstradas pelo cuidado, afeto e boa comunicação com os pais que, por sua vez, mantinham boa relação conjugal. Além disso, os pais desses estudantes estabeleciam regras dentro de casa, como também supervisionavam seus filhos, sabendo onde eles estavam nos tempos livres.

De acordo com o pesquisador, as famílias dos estudantes envolvidos com bullying são consideradas menos funcionais. Isso quer dizer que elas não colaboram com o crescimento dos sentimentos positivos, não possuem boa comunicação entre os moradores da casa, assim como não auxiliam nas tomadas de decisões de forma saudável, ou seja, tendo como base a troca de ideias de forma conjunta ao invés da imposição. "No caso das vítimas, essas crianças não pedem ajuda ou suporte para enfrentamento da questão", completa o psicólogo.

Oliveira destaca ainda que os bons momentos em família são muito importantes. "Para que haja funcionalidade nas famílias é preciso valorizar o tempo que pais e cuidadores passam juntos com os filhos, não em termos de quantidade, mas de qualidade afetiva", afirma o pesquisador da USP. Neste sentido, o estudo mostra que o comportamento das famílias, como o incentivo aos estudos e a já mencionada boa comunicação, podem ajudar a acabar com o bullying, assim como ensinar os filhos a terem pensamentos de tolerância e respeito às diferenças.

(com Jornal da USP)

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