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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

Cuidado ao alimentar animais silvestres

Apesar de parecerem inofensivos, os bichinhos, como os micos, podem transmitir várias doenças


postado em 29/11/2017 13:30 / atualizado em 29/11/2017 13:45

Os especialistas da UFMG alertam que alimentar animais silvestres, como os simpáticos micos, pode acarretar em problemas para os bichinhos e doenças para os humanos(foto: Pixabay)
Os especialistas da UFMG alertam que alimentar animais silvestres, como os simpáticos micos, pode acarretar em problemas para os bichinhos e doenças para os humanos (foto: Pixabay)
Apesar de parecer algo inofensivo e até benevolente, o ato de alimentar animais silvestres, do ponto de vista sanitário, é muito perigoso, tanto para os bichinhos quanto para a própria pessoa. Quem faz o alerta é o Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. A instituição lembra que a vida silvestre não depende da associação com o ser humano para prosperar.

"É preciso promover a educação ambiental desfazendo a ideia de que os animais são os vilões da história", comenta a bióloga Thaís Maia, do ICB.

A também bióloga Daniela Reis alerta que mesmo alimentos considerados saudáveis podem ser nocivos para os animais. Isso porque podem conter conservantes ou ter passado por condições desconhecidas de armazenamento ou transporte. Ela lembra que esses animais aceitam os alimentos oferecidos pelas pessoas "não por falta de comida, mas pela disponibilidade" e que essa facilidade aumenta os riscos de uma reprodução descontrolada. "Se dispõem de comida e abrigo fácil, eles vão se reproduzir em uma frequência muito maior", afirma a especialista.

Zoonoses virais

Febre amarela, leishmaniose e dengue são exemplos de doenças emergentes que desafiam a saúde pública. A professora Giliane Trindade, do departamento de Microbiologia da UFMG, lembra que cerca de 70% das doenças emergentes em humanos são zoonoses de origem silvestre. Ela chama a atenção para o fato de que o problema não está apenas no contato direto com os animais, mas também nos riscos advindos da proximidade espacial com eles. No caso de zoonoses virais como a febre amarela, não há transmissão direta do vírus para o homem pelos micos, por exemplo, mas pelo mosquito vetor. "E aí mosquitos e macacos que circulam em áreas urbanas podem estar vindo infectados de ambientes silvestres", explica a professora.

Micos também podem ser transmissores diretos de agentes patogênicos como o herpesvírus e o vírus da raiva, que são contraídos pela pele ou pela saliva. "Raiva é um vírus disseminado entre mamíferos silvestres e domésticos, tanto que cães e gatos são vacinados contra a raiva, justamente porque são afetados", esclarece Giliane Trindade, lembrando que a vida silvestre não é protegida contra a raiva, por isso, não é possível saber se um animal está raivoso ou não.

Pombos e gambás

O alerta do ICB vale também para pombos e gambás, que, assim como os micos, são vistos em diversos locais de Belo Horizonte e trazem riscos.

Segundo a professora da UFMG, os gambás podem transmitir o vírus da raiva e o poxvírus, que causa lesões na pele. Os pombos, por sua vez, são a principal fonte de transmissão da criptococose, doença que provoca meningite e é causada por um fungo encontrado nas fezes do pássaro. "O ser humano e outros animais podem respirar esse fungo [Cryptococcus neoformans] que se instala nos pulmões, cai na corrente sanguínea e chega ao sistema nervoso central, causando um tipo de meningite", explica Daniel de Assis, também professor do departamento de Microbiologia do ICB.

(com portal da UFMG)

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