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Estado de Minas SAÚDE

Estudo mostra que microcefalia já era comum no Brasil antes da zika

A anomalia vinha sendo registrada em bebês das cidades de São Luís (MA) e em Ribeirão Preto (SP)


postado em 27/03/2018 13:52 / atualizado em 27/03/2018 13:58

O estudo mostra que entre janeiro e dezembro de 2010, 3,5% dos recém-nascidos de São Luís e 3,2% de Ribeirão Preto apresentaram microcefalia, independente do zika vírus(foto: Felipe Dana/National Public Radio/Reprodução)
O estudo mostra que entre janeiro e dezembro de 2010, 3,5% dos recém-nascidos de São Luís e 3,2% de Ribeirão Preto apresentaram microcefalia, independente do zika vírus (foto: Felipe Dana/National Public Radio/Reprodução)
Apesar da microcefalia ter ganhado destaque nos noticiários brasileiros após epidemia de zika em 2015, quando foi constatado que o vírus é fator de risco para a anomalia, já havia uma prevalência da doença em 2010, segundo pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). A informação faz parte de um estudo publicado na revista científica Pediatrics Official Journal, da Academia Americana de Pediatria (EUA).

A pesquisa avaliou 6.174 crianças nascidas em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e 4.220 em São Luís, capital do Maranhão, de janeiro a dezembro de 2010. Desses, 3,5% dos recém-nascidos de São Luís e 3,2% de Ribeirão Preto nasceram com microcefalia.

Os pesquisadores lembram que não é apenas a infecção congênita pelo vírus zika que causa a anomalia. Outros fatores que envolvem aspectos sociais, reprodutivos, demográficos e de estilo de vida também influenciam na má formação da criança.

Nas duas cidades, por exemplo, os pesquisadores constataram, em 2010, que estão associados à anomalia fatores sociais como baixa escolaridade materna, mãe que vive sem companheiro ou união consensual, tabagismo materno; e fatores reprodutivos, como parto vaginal e restrição do crescimento intrauterino.

Em São Luís, nascer em hospitais públicos e consumo de álcool durante a gravidez também foram associados à anomalia. Ainda de acordo com a pesquisa, tabagismo materno e restrição do crescimento intrauterino também estão relacionados com a microcefalia grave.

Segundo a pesqusiadora Heloisa Bettiol, uma das autoras do estudo e professora da USP, o problema se caracteriza pelo tamanho menor da cabeça quando comparado a outras crianças na mesma fase de desenvolvimento.

"Comparada a Ribeirão Preto, em 2010, São Luís também apresentou mais casos de microcefalia severa grave, com 0,7% de prevalência, enquanto em Ribeirão Preto esse índice foi de 0,5%", comenta o professor Marco Antonio Barbieri, também da USP e co-autor do estudo. A taxa esperada dessa anomalia é de 0,14%; portanto, para os pesquisadores, o achado dado foi maior que o esperado para as duas cidades, o que caracteriza que a endemia já ocorria antes da epidemia do vírus zika em 2015.

No Brasil, segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos do DataSUS, a prevalência da microcefalia era de 0,57  nascidos vivos em 2010 e passou para 5,5 em 2015. Entretanto, o Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações Congênitas estima que 66% dos casos de microcefalia graves não são notificados.

(com Jornal da USP)

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