Com raras exceções, a prática de exercícios físicos é uma recomendação recorrente dos médicos. Afinal, seja para evitar o desenvolvimento de doenças, seja para manter o organismo saudável, deixar o sedentarismo de lado faz muito bem. Porém, quando se trata de um paciente que está fazendo tratamento de câncer, surgem dúvidas sobre possíveis riscos dos exercícios. A boa notícia é que exercitar-se é uma das formas de remediar o linfoma de Hodgkin, tipo raro de tumor que atinge os gânglios do sistema linfático e que acomete principalmente jovens adultos, especialmente na faixa dos 20 anos.
Entre os principais sintomas do linfoma de Hodgkin estão o aumento dos linfonodos, febre, perda de peso, sudorese noturna, coceira e fadiga. A prática de exercícios físicos pode justamente ser um aliado no combate a esses reflexos do cancro. "Existem benefícios das atividades físicas descritos para vários tipos de câncer, incluindo o linfoma de Hodgkin. Há estudos mostrando melhoras na composição corporal, qualidade de vida, fadiga e diminuição da ansiedade", comenta o hematologista Guilherme Fleury Perini, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo (SP).
Um estudo conduzido pela Fundação Lance Armstrong e pela Universidade de Alberta, no Canadá, e que analisou 122 pacientes em tratamento ou não para diferentes linfomas, demonstrou que o grupo submetido a uma série de treinos aeróbicos, durante 12 semanas, conseguiu resultados positivos em relação à qualidade de vida, como melhora da fadiga, do preparo cardiovascular e na redução da depressão, em comparação ao grupo que não foi submetido aos exercícios.
De acordo com o Guilherme Perini, o estudo mostrou ainda que as atividades não impactaram negativamente no tratamento da doença. "Talvez os principais benefícios estejam relacionados aos aspectos psicológicos, como sensação de bem-estar e menor incidência de depressão. A fadiga, além do componente físico, também apresenta o fator psicológico e é uma das manifestações que mais demonstraram melhora em pacientes praticantes de atividades físicas", diz o médico.
Entre os exercícios indicados para vítimas do linfoma de Hodgkin estão os aeróbicos ou os que visam o ganho de massa magra, como a musculação. Além disso, há ainda estudos que demonstram benefícios em outras atividades, como caminhadas, corridas e ciclismo. Algumas limitações podem ocorrer devido aos efeitos colaterais da quimioterapia, como náusea, queda da imunidade e presença de cateteres.
De qualquer forma, para que pacientes com câncer possam iniciar uma atividade física, é preciso supervisão de um profissional de educação física e a recomendação do médico. "Os que tratam do linfoma podem ter um risco maior de doença cardiovascular. Portanto, antes de iniciar é importante conversar com o médico e fazer os exames solicitados", explica Perini. Ainda segundo o especialista, atividades que envolvam impacto devem ser evitadas, devido ao risco de plaquetopenia, nível extremamente baixo de plaquetas no sangue, principalmente em pacientes com cateteres totalmente implantáveis.
Publicidade
SAÚDE
Exercícios físicos ajudam no tratamento do linfoma de Hodgkin
Esse câncer é raro e afeta os gânglios do sistema linfático
Compartilhe no Facebook
Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor.
As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação