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Estado de Minas PET

Forma errada de interagir com o cão causa as mordidas

Estudo descobre como um erro de 'comunicação' pode levar ao 'acidente'


postado em 29/05/2018 16:44 / atualizado em 29/05/2018 16:48

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Falhas de "comunicação" entre o tutor e o cachorro podem acabar em mordidas. Essa questão foi objeto de estudo de uma equipe de pesquisadores britânicos. Eles assistiram a vídeos, divulgados na internet, em que pessoas eram mordidas por cães. A intenção era identificar as características que antecederam à reação inesperada do animal, o que, segundo eles, pode ajudar no desenvolvimento de estratégias preventivas. Ao todo, foram avaliados 143 vídeos, publicados entre janeiro de 2016 e março de 2017.

"Construímos um sistema de avaliação da severidade das mordidas com base no que podíamos ver nas imagens, considerando o número de mordidas; se o ataque perfurou a pele; se o cachorro balançou a cabeça enquanto mordia; e se segurou a pessoa por mais de um segundo. Quanto maior a pontuação, mais grave era a mordida", esclarece Sara Owczarczak-Garstecka, principal autora do estudo e pesquisadora da Universidade de Liverpool, da Inglaterra.

Em 56 vídeos, os pesquisadores também conseguiram analisar detalhes dos comportamentos humano e canino que levaram à mordida. "Não realizamos análises estatísticas que nos permitissem dizer que certo comportamento causou a violência, mas vimos o que levou à mordida", pondera Garstecka. Três situações foram identificadas: aumento na proximidade do pé ou no ato de se inclinar sobre o cão; a postura ao acariciar o animal; e ação que evitava que ele se movesse.

"Essas descobertas poderiam oferecer uma nova visão valiosa para o desenvolvimento de estratégias de prevenção de mordidas. Mensagens de prevenção poderiam enfatizar o risco de se debruçar sobre um cão e simplesmente aconselhar a evitar contato com um cachorro quando possível ou se estiver em dúvida se ele pode atacar", frisa a pesquisadora.

De acordo com Sara Owczarczak-Garstecka, a maioria dos estudos é baseada em evidências identificadas após o ataque, como registros hospitalares e entrevistas com as vítimas. Especialistas em comportamento animal, porém, defendem que o foco se volte também para prevenção, o que resultaria em implicações para a saúde e o bem-estar humano e animal.

Linguagem corporal

Para o adestrador Vilmar José, da Funcional Dog Coaching, de Brasília (DF), os dados da pesquisa britânica podem ser úteis para entender o comportamento dos cães e evitar mordidas. Segundo ele, esse é o caminho proposto por treinadores comportamentalistas que não usam métodos aversivos. "Há anos, temos alertado, aqui no Brasil, que as expressões corporais podem ajudar em muito na prevenção de acidentes", diz o especialista.

O adestrador conta que quase todos os seus clientes buscam aprender a linguagem corporal de seus cachorros. "Mas, infelizmente, como foi constatado na pesquisa, poucas pessoas se atentam a isso. Elas não observam os sinais de estresse que antecipam a mordida ou, em muitos casos, os cães foram tão punidos que aprenderam a ocultar esses sinais".

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