Estado de Minas BRASIL

Quase 100% dos usuários tiveram problemas com planos de saúde

Pesquisa mostra que dificuldades com consultas chega a 76%


postado em 20/07/2018 08:45 / atualizado em 20/07/2018 08:04

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Uma pesquisa feita pela Associação Paulista de Medicina (APM) aponta que 96% dos usuários de planos de saúde relatam algum tipo de problema na utilização do serviço nos últimos dois anos. O percentual é maior do que o verificado na última pesquisa, feita em 2012 (77%). As consultas médicas e os exames lideraram em número de problemas. Nas consultas, as dificuldades encontradas pelos usuários passaram de 64% em 2012 para 76%. No caso dos exames, passaram de 40% para 72%. Foram entrevistadas 836 pessoas, entre 25 de abril e 2 de maio deste ano.

Segundo os dados, entre os pacientes que tiveram dificuldade nas consultas, o principal problema apontado é a demora na marcação (60%), seguido da saída do médico do plano (37%) e da falta de profissional para as especialidades (23%). Com relação aos exames, 42% disseram que tiveram que realizar em lugares diferentes; 39% reclamaram da demora para a marcação; 38% apontaram para o fato de haver poucas opções de laboratórios e clínicas; 31% disseram que houve demora para a autorização de algum procedimento; e 22% disseram que o plano não cobriu algum exame ou procedimento.

"Foi um crescimento muito grande quando se trata de uma área tão crítica quanto o sistema de saúde principalmente considerando que são pessoas que pagam pelo atendimento. É um número inaceitável. Com relação às dificuldades, os números querem dizer que as empresas trabalham com uma lógica comercial. Elas buscam trabalhar com redes muito restritas para atendimento e essa rede é insuficiente para garantir o atendimento. Daí essa demora na marcação de consultas e exames", comenta Florisval Meinão, diretor da APM.

Com relação ao pronto atendimento, os usuários relatam que o local de espera estava lotado (76%); que o atendimento demorou muito (59%); que houve demora ou negativa para realização de exames ou procedimentos (34%); ou demora e negativa na transferência para internação hospitalar (12%).

Sobre as internações, 37% afirmaram ter poucas opções de hospitais; 26% tiveram dificuldade ou demora para o plano autorizar a internação; e 16% se depararam com falta de vaga para internação. Com relação às cirurgias, 18% enfrentaram demora para a autorização, 9% não tiveram cobertura para materiais especiais e 8% não tiveram autorização.

"A situação que me parece mais grave é a do pronto atendimento. As pessoas não têm uma rede suficiente e têm sua situação agravada. Eles procuram as unidades de atendimento de urgência. A demora e a espera são muito grandes, as dificuldades para a realização de exame nesses locais também é grande, o paciente precisa internar e não consegue internação. Fica uma situação muito difícil para quem vive um problema agudo", diz Meinão.

Como consequência do atendimento deficitário dos planos, a quantidade de usuários que foi obrigada a procurar o Sistema Único de Saúde (SUS) passou de 15% há seis anos para 19% em 2018. Já aqueles que viram como única opção o atendimento particular passaram de 9% para 19%.

Planos

Em nota, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) afirma que mantém a disposição para manter um diálogo aberto e pede que as entidades e categorias profissionais busquem, em conjunto com as operadoras e as autoridades, soluções para os desafios do setor.

Entre os desafios, a associação destaca "a escalada incessante dos custos assistenciais, motivada principalmente pela mudança no perfil demográfico, com o consequente aumento da assistência à população idosa, e pela incorporação constante e indiscriminada de tecnologias, e aumento de fraudes/desperdícios e a da indevida judicialização da saúde".

A associação reforça que o descredenciamento de médicos que pedem mais exames não é regra e critica o "excesso de solicitações de exames". "Prova disso é que o país é o campeão mundial de realização de ressonância magnética, um triste exemplo de desperdício, pois, com toda a certeza, muitos desses exames são completamente desnecessários", destaca a nota da Abramge.

(com Agência Brasil)

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