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Estado de Minas BRASIL

Erros hospitalares causaram milhares de mortes no Brasil em 2017

Estudo alerta para os chamados eventos adversos graves


postado em 17/08/2018 16:40 / atualizado em 17/08/2018 16:09

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Um estudo realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e pelo Instituto de Pesquisa Feluma, da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, mostra que as mortes decorrentes de eventos adversos graves, ou seja, ocasionadas por erros, falhas assistenciais, processuais, infecções ou outros fatores chegaram a seis por hora no Brasil em 2017.

De acordo com o levantamento, entre os principais eventos adversos graves, cinco não contam com qualquer programa de prevenção ou combate, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na rede privada: parada cardiorrespiratória prevenível; insuficiência renal aguda; aspiração pulmonar; hemorragia pós-operatória e insuficiência respiratória aguda.

"Os eventos adversos são inerentes a qualquer serviço de saúde, mesmo nos melhores e mais sofisticados sistemas do mundo. Não se trata, portanto, de buscar culpados, mas, de propor medidas que enfrentem o problema. Por isso, propomos agenda focada em investimentos em processos e controles e em políticas públicas de qualidade assistencial e de segurança do paciente", comenta o professor Renato Couto, da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, um dos responsáveis pelo estudo.

Ainda segundo os dados, em todo o sistema hospitalar do Brasil, 54.760 mortes foram causadas pelos eventos adversos graves, das quais 36.170 poderiam ter sido evitadas. Para Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS, é preciso avançar em uma agenda de transparência do sistema de saúde para que os usuários possam fazer escolhas melhores.

"No Brasil, temos proporcionalmente mais eventos adversos do que outros países e, mais grave, a falta de transparência de informações de qualidade e desempenho impede a comparação entre os prestadores, o que é ruim para o sistema e para o cidadão. Nosso objetivo está em avançar em uma agenda de transparência para colaborar para as escolhas de quem usa o sistema de saúde", comenta Carneiro.

O superintendente do IESS afirma que um dos principais motivos para o desperdício de recursos é o modelo de remuneração adotado no Brasil para esses prestadores de serviço. "No modelo 'fee-for-service', as organizações inseguras, com maior incidência de eventos adversos e que apresentam piores índices de recuperação da saúde dos pacientes, são recompensadas com um aumento das receitas pelo retrabalho. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo não paga, desde 2008, pelos gastos gerados por 14 tipos de eventos adversos", diz Luiz Augusto Carneiro. Ele completa, afirmando que é normal que se os gastos foram originados a partir de erros do hospital, a própria entidade arque com o custo.

Cada evento adverso grave leva ao aumento do período de internação, em média, de 14,4 dias (16,4 dias para pacientes no SUS e 10,5 dias para a rede privada). A partir daí, em 2017, foram consumidos 14,3 milhões de leitos por dia em função de eventos adversos, dos quais 4,7 milhões em razão de eventos adversos graves.

A pesquisa foi feita com base em uma amostra de 456.396 pacientes internados em hospitais da rede pública e privada ao longo de 2017. Os dados foram coletados junto a instituições localizadas em municípios de grande porte e com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) acima da média nacional.

(com Agência Brasil)

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