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Estado de Minas CIÊNCIA

Terra pode ter muito mais diamante do que imaginavam os geólogos

Pesquisa encontra um quatrilhão de toneladas da pedra preciosa nas profundezas do planeta


postado em 03/08/2018 09:25 / atualizado em 03/08/2018 10:09

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
De acordo com um grupo internacional de cientistas, liderados pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, pode haver mais de um quatrilhão de toneladas de diamantes escondidos no interior da Terra. Mas, apesar da descoberta fascinante, não espera uma "corrida aos diamantes". Os pesquisadores estimam que os minerais preciosos estão enterrados a mais de 160 km abaixo da superfície, muito mais profundo do que qualquer exploração já realizada até agora.

A reserva ultraprofunda pode estar espalhada em meio aos crátons, que são rochas muito antigas que ficam abaixo do centro da maioria das placas tectônicas continentais. Em forma de montanhas invertidas, os crátons podem se estender até 320 km por dentro da crosta terrestre e chegar ao manto – esta parte mais profunda é chamada de raiz pelos geólogos.

No novo estudo, os cientistas estimam que as raízes dos crátons podem conter de 1% a 2% de diamante. Considerando o volume total desse tipo de estrutura rochosa na Terra, a equipe calcula que exista cerca de um quatrilhão de toneladas de diamante localizados entre 144 e 241 km abaixo da superfície.

"Isso mostra que o diamante não é um mineral raro, como se acredita, já que em escala geológica, é relativamente comum", comenta o pesquisador Ulrich Faul, do departamento de Ciências Terrestres, Atmosféricas e Planetárias do MIT, no artigo de divulgação do estudo. "Não podemos chegar até eles, mas ainda assim há muito mais diamantes lá do que já podíamos imaginar", completa o cientista.

A equipe internacional de pesquisadores descobriu a reserva de diamantes por acaso. A intenção original era identificar a composição das raízes dos crátons para entender os picos nas velocidades dos terremotos. Para isso, os sismólogos que participaram da pesquisa usaram dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) e de outras fontes para gerar um modelo tridimensional das velocidades das ondas sísmicas viajando pelos principais crátons da Terra.

Em seguida, Ulrich Faul e os demais cientistas usaram os achados para criar modelos virtuais de rochas, feitas de várias combinações de minerais. Em seguida, a equipe calculou o quão rápido as ondas sonoras viajariam através de cada mineral virtual e encontrou apenas um tipo de rocha que produziu as mesmas velocidades que os sismólogos mediram: uma que contém de 1% a 2% de diamante, além do peridotito (a rocha predominante no manto superior da Terra) e quantidades menores de eclogite (crosta oceânica subduzida). Esta descoberta revela que o planeta conserva ao menos mil vezes mais diamante do que as pessoas imaginavam.

"O diamante, em muitos aspectos, é especial. Uma de suas propriedades mais curiosas é a da velocidade do som: no diamante, ela é mais que o dobro da registrada no mineral dominante nas rochas do manto superior, a olivina", afirma Ulrich Faul.

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