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Estado de Minas SAÚDE

Unha-de-gato pode ajudar a tratar os efeitos da obesidade

Isso segundo pesquisa realizada na USP com camundongos


postado em 23/08/2018 09:45 / atualizado em 23/08/2018 10:08

A unha-de-gato (Uncaria tormentosa) é uma planta típica da Amazônia e pode ajudar a combater os efeitos negativos da obesidade, segundo estudo da USP(foto: Wikimedia/Reprodução)
A unha-de-gato (Uncaria tormentosa) é uma planta típica da Amazônia e pode ajudar a combater os efeitos negativos da obesidade, segundo estudo da USP (foto: Wikimedia/Reprodução)
Uma pesquisa liderada pela professora Carla Carvalho, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, descobriu que o consumo de extrato da planta unha-de-gato (Uncaria tormentosa), típica da região da Amazônia, melhora os sintomas da obesidade. O trabalho, realizado com cobaias, foi publicado na revista científica Scientific Reports.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com obesidade no mundo quase triplicou desde 1975, atingindo 650 milhões em 2016. Atualmente, o excesso de peso é responsável por mais mortes do que a desnutrição ou os acidentes de trânsito, inclusive no Brasil.

Além de causar entupimento dos vasos sanguíneos, a obesidade também está ligada ao desenvolvimento de duas condições graves: diabetes tipo 2 e resistência à insulina (hormônio que regula o nível de açúcar no sangue).

Embora os especialistas concordem em que a melhor forma de combater o excesso de peso é a prevenção, existe uma grande demanda por medicamentos que melhorem a saúde e a qualidade de vida das pessoas que já padecem com a obesidade. Porém, são poucos os remédios existentes no mercado e eles apresentam vários efeitos colaterais indesejados.

O estudo a USP se voltou justamente para a fitoterapia – plantas com propriedades terapêuticas. Para tanto, os pesquisadores analisaram os fitoterápicos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.

"É conhecido que o diabetes tipo 2, associado à obesidade, tem como base uma condição inflamatória subclínica [sem apresentar sintomas]. A ideia então foi muito simples: usar um anti-inflamatório dos fitoterápicos da lista e ver se ele poderia ter algum efeito na resistência à ação da insulina associada a obesidade", comenta Carla Carvalho.

O fitoterápico escolhido foi a unha-de-gato (Uncaria tormentosa), um cipó presente em florestas tropicais. Considerada uma erva medicinal por algumas populações amazônicas, já era sabido que a planta continha substâncias com propriedades anti-inflamatórias. Porém, ninguém havia estudado ainda os efeitos benéficos no tratamento da obesidade.

Teste

O extrato de unha-de-gato foi testado em dois modelos de obesidade em camundongos. No primeiro, as cobaias foram alimentadas com uma dieta gordurosa durante 12 semanas, de forma a produzir animais obesos. No segundo caso, foram utilizados os chamados camundongos com mutação genética que afeta a produção da leptina, hormônio que inibe a fome. Ao carecer de leptina, os camundongos estão sempre famintos, comem em excesso e ficam obesos poucas semanas após nascer, mesmo com uma dieta normal.

Cinco dias de consumo do extrato de unha-de-gato foram suficientes para que alguns efeitos positivos fossem detectados, especialmente no caso dos camundongos sujeitos à dieta rica em gordura. Dentre outras coisas, quando o consumo excessivo de lipídios foi acompanhado do extrato de unha-de-gato, os animais engordaram menos apesar de ingerir a mesma quantidade de comida. Além disso, o consumo da planta também melhorou a sensibilidade à insulina nesses animais.

No caso dos camundongos modificados geneticamente, o tratamento com unha-de-gato não alterou o peso dos animais e o efeito foi menor em relação à insulina. Porém, em ambos os modelos, o tratamento produziu grandes melhorias no fígado, que é responsável pelo metabolismo. Tanto a inflamação como o acúmulo de gordura (esteatose), dois efeitos caraterísticos da obesidade nesse órgão, foram reduzidos após o tratamento.

"A Uncaria, por só cinco dias nos animais, foi capaz de transformar uma esteato-hepatite incipiente em uma esteatose sem inflamação. Diminui o grau da doença gordurosa hepática", explica a professora da USP.

Agora, os pesquisadores estão procurando colaboradores para que sejam avaliados os resultados em humanos.

(com Jornal da USP)

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