
"Trabalhei no laboratório de Genética de Populações de Drosophila, do departamento de Genética da UFRJ, onde Alexandre Peixoto iniciou suas pesquisas e fez seu mestrado uma geração antes de mim. Ele participou da minha banca de mestrado em 2001. Ao longo dos anos, encontrei-o em muitas rodas acadêmicas e guardo a boa lembrança de uma pessoa sempre muito agradável, sorridente e doce", comenta a pesquisadora Suzana Casaccia Vaz, uma das autoras do estudo.
A mosca recém descoberta é pequena e de cor castanho escura. Ela apresenta características semelhantes às drosófilas que pertencem a um grupo denominado "guarani", que inclui espécies já conhecidas, como D. guaru, D. ornatifrons e D. subbadia. Dentre os aspectos diferenciativos na morfologia da nova espécie, estão a presença de um espinho escuro na estrutura reprodutiva dos machos e o órgão ovipositor das fêmeas relativamente curto e achatado.
A descoberta foi realizada durante estudos de levantamento de drosófilas, cujas coletas são feitas, em geral, com o uso de iscas de banana fermentada, onde as moscas colocam ovos e se desenvolvem. "Muitas espécies são criadas em laboratório a partir de meios de cultura com banana fermentada. Porém, há aquelas que não são adaptadas a se desenvolver ou se alimentar nesses substratos. Por isso, começamos a buscar drosófilas em substratos inusitados como fungos, seiva de troncos e flores", explica Suzana.
A D. peixotoi foi encontrada em ramos floridos, ou inflorescências, de três espécies de plantas da família Marantaceae, que servem de abrigo para o desenvolvimento do ciclo de vida do inseto, do ovo à fase adulta. Durante o estudo, os pesquisadores também identificaram e descreveram uma segunda nova espécie, que recebeu o nome de D. asymmetrica. De acordo com a cientista, as espécies não transmitem micro-organismos causadores de doenças.
(com Agência Fiocruz)