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Estado de Minas MEMÓRIA

Engenheiro de BH possui milhares de itens da Segunda Guerra Mundial

Marcos Moretzsohn é um dos maiores colecionadores brasileiros de objetos originais desse período histórico


postado em 08/08/2019 16:28 / atualizado em 12/08/2019 14:18

O engenheiro mineiro Marcos Moretzsohn (foto: Cláudio Cunha/Encontro/Arquivo)
O engenheiro mineiro Marcos Moretzsohn (foto: Cláudio Cunha/Encontro/Arquivo)
Quase 40 países envolvidos, cidades inteiras destruídas, incontáveis desaparecidos e mais de 70 milhões de seres humanos mortos – dos quais seis milhões eram judeus, que foram perseguidos e assasinados pelo exército nazista de Adolf Hitler. Esses são alguns dos fatos mais relevantes da Segunda Guerra Mundial, que começou em 1939 e se arrastou por seis anos, levando a Europa e boa parte do restante do mundo a uma transformação política, geográfica e social jamais vista.

Após inúmeras batalhas e enormes bombardeios, o conflito terminou, em setembro de 1945, com a vitória dos Aliados (EUA, Reino Unido e União Soviética) sobre o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). De lá pra cá, passaram-se quase 75 anos, mas a memória do maior evento da história da humanidade permanece mais viva do que se pode imaginar.

Alguns dos principais itens da coleção da Segunda Guerra de Marcos Moretzsohn (foto: Cláudio Cunha/Encontro/Arquivo)
Alguns dos principais itens da coleção da Segunda Guerra de Marcos Moretzsohn (foto: Cláudio Cunha/Encontro/Arquivo)
Medalhas de condecoração, capacetes, fardas e munições, além de outros objetos utilizados por militares e civis que vivenciaram os horrores da época se tornaram verdadeiras relíquias. Algumas dessas preciosidades, hoje distantes daqueles tempos sombrios dos campos de batalha, repousam na tranquilidade da casa de um mineiro. O engenheiro civil belo-horizontino Marcos Moretzsohn, de 60 anos, possui uma das maiores coleções existentes no Brasil de itens relacionados à Segunda Guerra.

Ele reservou um quarto em sua residência, na região centro-sul de Belo Horizonte, para reunir os impressionantes objetos que guarda. Quem entra no espaço logo fica impressionado com o resultado da paixão de Moretzsohn pelas recordações da Guerra. Por todos os lados, há algo que desperta atenção. "O ruim é que aqui não dá pra ver tudo. Estou pensando em um espaço maior, para que fique mais organizado", conta o engenheiro, dono de quase quatro mil itens originais.

Capacete médico que integra a coleção de Marcos Moretzsohn(foto: Cláudio Cunha/Encontro/Arquivo)
Capacete médico que integra a coleção de Marcos Moretzsohn (foto: Cláudio Cunha/Encontro/Arquivo)
Segundo Marcos Moretzsohn, seu interesse pelo período histórico começou ainda nos tempos de colégio, no final dos anos 1960. "Eu precisei fazer um trabalho sobre a Segunda Guerra e, durante a pesquisa, fiquei aficionado pelos fatos", lembra. O primeiro item de sua coleção foi obtido alguns anos mais tarde, quando ele comprou, em 1978, na Argentina, a réplica de uma medalha da cruz de ferro alemã, que era a mais alta condecoração do regime nazista do ditador Adolf Hitler. Hoje, Moretzsohn guarda impressionantes 400 medalhas de condecoração originais, incluindo diversas cruzes de ferro.

Além desses objetos, os capacetes de combate também se detacam. São cerca de 80 deles em posse do engenheiro mineiro. Vários enferrujados, pois permaneceram enterrados por anos nos campos de batalha na Europa. Muitos desses capacetes guardados Moretzsohn, além da ferrugem, possuem manchas de sangue e marcas de tiro, dando uma dimensão do horror vivido pelos combatentes.

Granada de mão e munição 35 mm da Segunda Guerra Mundial(foto: Cláudio Cunha/Encontro/Arquivo)
Granada de mão e munição 35 mm da Segunda Guerra Mundial (foto: Cláudio Cunha/Encontro/Arquivo)
Ele também guarda fardas originais, em perfeito estado de conservação, utilizadas pelos nazistas. Algumas, inclusive, vestiram soldados da Waffen-SS, guarda pessoal de Hitler. Também integra a coleção do engenheiro um exemplar, extremamente conservado, dos pijamas que eram fornecidos aos judeus nos campos de concentração, como o de Auschwitz, na Polônia, onde, estima-se, mais de três milhões de judeus foram torturados e assassinados .

Sobre colecionar objetos de um período sombrio na história da humanidade, Marcos Moretzsohn diz que o hábito vai além de um simples hobby. "É a preservação das recordações de um fato histórico. Obviamente, ninguém considera guerra como uma coisa positiva, mas é preciso recordar, para que isso nunca mais se repita", diz o engenheiro, que é descendente de judeus.

O mineiro pretende, ainda, criar uma espécie de museu, disponibilizando seus itens para a visitação pública. A intenção, segundo Moretzsohn, é que as pessoas tenham fácil acesso à história da Segunda Guerra Mundial. "É preciso ter conhecimento do que foi o conflito, saber, inclusive, que o Brasil particiou ativamente. Afinal, muitos cidadãos brasileiros estiveram do outro lado do continente, lutando pela paz que vivemos nos dias atuais", conclui Marcos Moretzsohn, relembrando a trajetória da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que atuou na guerra contra Hitler.

*Publicado originalmente em 02/09/2015

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