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Estado de Minas TRAGÉDIA DE BRUMADINHO

Pedro Aihara comove seguidores com história no Instagram

O porta-voz dos Bombeiros compartilhou a luta de Dona Iolanda, que perdeu o filho no rompimento da barragem Vale


postado em 21/10/2019 13:53 / atualizado em 22/10/2019 00:59

"Senti algo tão forte, mas tão forte, que sem pensar nem um pouco, olhei no fundo dos olhos dela e prometi que nós encontraríamos seu filho, o Robert", escreveu o tenente Aihara na postagem no Instagram (foto: Instagram/pedroaihara/Reprodução)
"Eu pensei muito antes de compartilhar essa história, mas como pra mim é um relato de fé, compartilho porque pode servir para dar um quentinho no coração de alguém aí". É assim que começa o texto de uma das mais recentes postagens feita pelo tenente Pedro Aihara em sua página no Instagram. Nela, o porta-voz dos bombeiros conta uma história de fé e persistência por trás da 252ª vítima identificada da tragédia de Brumadinho, encontrada neste sábado (19). 

Robert Ruan, de 19 anos, era funcionário terceirizado da Vale e estava trabalhando quando a Barragem do Córrego do Feijão veio abaixo, no dia 25 de janeiro. Infelizmente para a mãe, Iolanda Oliveira Silva, esta não foi a primeira vez que ela perdeu um filho. Em 2005, o jovem Miguel Felipe, de 16 anos, morreu por conta de uma leucemia. Anos depois, foi a vez do irmão gêmeo de Robert, Richard Rean, morto três meses antes da tragédia de Brumadinho, vítima de um crime passional. "Amor de mãe é algo sobrenatural e divino. Quando um filho se vai antes da mãe é como se a ordem natural do mundo fosse violada", escreveu o Pedro Aihara na rede social.

Depois que a barragem se rompeu e a lama varreu a cidade, o tenente do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais conheceu Dona Iolanda. Ele anotou o número dela, olhou no fundo dos seus olhos e prometeu que encontraria Robert. "Prometi mesmo. Repeti, enfatizei, reiterei. E na hora eu me surpreendi porque não parecia completamente profissional ou responsável prometer aquilo daquela forma, mas parecia que não era eu que falava. Simplesmente fluiu", disse ele no texto publicado. Mas, apesar da promessa e do trabalho incansável dos bombeiros, o corpo de Robert não aparecia. "Nesse decurso de tempo, algumas vezes questionei se aquilo tinha sido um sussurro divino, se era só meu otimismo, se era minha crença na capacidade da Corporação ou no comprometimento dos meus colegas", conta Aihara, ainda no Instagram.

No último sábado, a fé do bombeiro foi recompensada. Após quase nove meses de buscas, o corpo do jovem foi finalmente encontrado. O tenente Pedro Aihara conta que logo discou o número de Dona Iolanda, que chorou ao receber a notícia. "E o choro dela não foi de tristeza, mas de alívio, sabe? Que finalmente poderia se despedir do filhote de uma maneira digna", escreveu o bombeiro na rede social. Robert Ruan foi enterrado ao lado do seu irmão gêmeo, no Cemitério Municipal do Parque das Rosas, em Brumadinho, neste domingo (20). De acordo com o Corpo de Bombeiros, 18 vítimas da tragédia ainda estão desaparecidas.

Confira o post de Pedro Aihara no Instagram:

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Eu pensei muito antes de compartilhar essa história, mas como pra mim é um relato de fé, compartilho porque pode servir para dar um quentinho no coração de alguém aí. Eu acredito que a dor mais difícil que alguém pode sofrer na vida é perder um filho. Amor de mãe é algo sobrenatural e divino. Quando um filho se vai antes da mãe é como se a ordem natural do mundo fosse violada. Dona Iolanda passou por isso três vezes, em três momentos diferentes da vida. Se perder um filho é perder parte de si, imagine a dor de perder três. Quando a conheci e ela me contou sua história, eu senti algo tão forte, mas tão forte, que sem pensar nem um pouco, olhei no fundo dos olhos dela e prometi que nós encontraríamos seu filho, o Robert. Prometi mesmo. Repeti, enfatizei, reiterei. Disse que um dia eu iria falar com ela novamente e dizer que a promessa estava cumprida, para que ela não se esquecesse disso. E na hora eu me surpreendi porque não parecia completamente profissional ou responsável prometer aquilo daquela forma, mas parecia que não era eu que falava. Simplesmente fluiu. Naquele dia, mais tarde, lembrando daquilo, a oração de São Francisco de Assis (que é uma das minhas preferidas) me veio muito forte na cabeça, especialmente aquele trechinho %u201Cfazei de mim um instrumento da Vossa paz%u201D e fiz questão de pegar o número de telefone dela. E isso é algo muito particular, mas na conversa com Deus aquele dia, eu simplesmente tive a certeza de que o corpo do Robert seria encontrado, mas que demoraria. Eu simplesmente senti essa certeza inexplicável, algo surreal mesmo, porque não era só a certeza de que seria encontrado mas até da espera que seria grande. Esse momento com Dona Iolanda foi há quase seis meses. A foto acima é daquele dia. Nesse decurso de tempo, algumas vezes questionei se aquilo tinha sido um sussurro divino, se era só meu otimismo, se era minha crença na capacidade da Corporação ou no comprometimento dos meus colegas. Fato é que aquilo me marcou muito e não havia um dia (de verdade mesmo) que não lembrava de Dona Iolanda em algum momento da minha rotina. (Continua na legenda)

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