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Estado de Minas ESPECIAL NOVO CORONAVÍRUS

Mensagem no WhatsApp destaca preocupação de médico com UTIs lotadas

Texto do pediatra e escritor Reynaldo Gomes de Oliveira fala sobre a importância da prevenção contra o novo coronavírus


postado em 18/06/2020 15:40 / atualizado em 18/06/2020 15:45

A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 82% em Belo Horizonte(foto: Pixabay)
A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 82% em Belo Horizonte (foto: Pixabay)
Uma mensagem do médico Reynaldo Gomes de Oliveira - dono da editora Blackbook, que lançou os livros Blackbook da Pediatria, Blackbook da Clínica Médica e Blackbook da Enfermagem e já vendeu mais de 200 mil exemplares - está correndo os grupos de Whatsapp mineiros. Ele alerta para o risco de lotação dos leitos de enfermagem e UTI na capital, por causa da Covid-19. "Em sete dias tivemos um aumento recorde de mais de 40% em todos os parâmetros de ocupação dos leitos e UTI em BH e estamos muito perto da ocupação plena dos leitos públicos que já estavam disponíveis", escreveu. Segundo Reynaldo, já na próxima semana deve ser necessário abrir leitos adicionais. "O desafio vai ser conseguir montar as equipes (médico, enfermeiros, terapeutas respiratórios, etc) nesta velocidade, pois leitos no sentido de estrutura física e equipamentos existem em bom número."Reynaldo ressalta a importância "de seguir de forma ainda mais rigorosa as medidas e procedimentos de prevenção contra infecção durante essa pandemia".

Em alguns grupos a mensagem aparece com a assinatura do secretário municipal de Saúde, Jackson Machado. Apesar de não ser o autor do texto, ele concorda com o teor. "Tem o meu endosso", afirma. Na última segunda-feira, a prefeitura divulgou o balanço da situação das UTIs do SUS na capital mineira. E os dados são preocupantes. A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 82% na cidade - 81% dos leitos reservados para doentes com Covid-19 estão ocupados, assim como 83% dos leitos não-Covid. Nos leitos de enfermaria a situação é um pouco melhor: a taxa de ocupação é de 71%.

Mensagem de autoria do médico Reynaldo Gomes de Oliveira que circula em grupos de WhatsApp: não é hora de descuidar (foto: WhatsApp/Reprodução)
Mensagem de autoria do médico Reynaldo Gomes de Oliveira que circula em grupos de WhatsApp: não é hora de descuidar (foto: WhatsApp/Reprodução)
O texto enviado por Reynaldo dá conta de que os principais hospitais públicos ou que atendem ao SUS em Belo Horizonte, como Risoleta Neves, Odilon Behrens, Eduardo de Menezes, Julia Kubitschek, Clínicas e Santa Casa, trabalham quase com sua ocupação plena. "Existem muitos planos organizados para abertura de até 400 leitos públicos de UTI extra, à medida que essa situação fosse acontecendo. Para cada leito de UTI extra são precisos cerca de 3 ou 4 leitos de enfermaria", diz. "O problema é que se essa velocidade de expansão de 40% de casos graves por semana, se for mantida ou piorar, aponta para uma possibilidade real de faltar leitos de UTI em BH por um período importante de tempo." Mesmo os leitos privados, com folga atualmente, podem enfrentar problemas em um prazo de duas ou três semanas. Reynaldo alerta que alguns insumos também têm faltado nos hospitais públicos ou que atendem pelo SUS. "Vamos passar por um período difícil e as pessoas que pegarem COVID hoje e nas próximas semanas não podem mais se sentir seguras de que haverá leito de terapia intensiva daqui há 12 dias, quando precisariam de UTI, se derem o azar de estarem entre os 5% de pacientes que precisam de terapia intensiva", afirma Reynaldo. "Ou seja, mais do que nunca, é importante não pegar a doença agora. Se cuidem mais ainda e cuidem das pessoas próximas."

Confira a mensagem completa:

Acho que nem precisa, mas é bom alertar para que reforcem com suas famílias e pessoas próximas a necessidade de seguir de forma ainda mais rigorosa as medidas e procedimentos de prevenção contra infecção durante essa pandemia. Participo de um grupo de intensivistas de todos os hospitais de BH que tem acompanhado a evolução da situação de vagas em terapia intensiva. Os números dessa semana são muito preocupantes. Em sete dias tivemos um aumento recorde de mais de 40% em todos os parâmetros de ocupação dos leitos e UTI em BH e estamos muito perto da ocupação plena dos leitos públicos que já estavam disponíveis. Vamos depender já na próxima semana da abertura dos leitos adicionais programados para essa situação. O desafio vai ser conseguir montar as equipes (medico, enfermeiros, terapeutas respiratórios, etc) nesta velocidade, pois leitos no sentido de estrutura física e equipamentos existem em bom número. Os principais hospitais públicos/SUS como Risoleta, Odilon, Eduardo, Julia, HClínicias, Santa Casa estão praticamente na sua ocupação plena. Existem muitos planos organizados para abertura de até 400 leitos públicos de UTI extra, à medida que essa situação fosse acontecendo. Para cada leito de UTI extra são precisos cerca de 3 ou 4 leitos de enfermaria. O problema é que se essa velocidade de expansão de 40% de casos graves por semana, se for mantida ou piorar, aponta para uma possibilidade real de faltar leitos de UTI em BH por um período importante de tempo. Estão sendo abertos novos leitos rapidamente todos os dias e o gerenciamento dessa área da Saúde Pública tem sido exemplar em BH até aqui. Como já temos 300 leitos de UTI ocupados com COVID hoje na cidade, continuar com 40% de aumento nas próximas semanas seria ter que criar 120 leitos novos por semana, ou seja, quase 20 leitos todo dia, enquanto não conseguirmos abaixar esse números.  Os leitos privados ainda têm folga atualmente (ocupação acima de 50%) mas nesse ritmo podemos ter problema também nessa área em duas ou três semanas, mais cedo se forem contratados leitos privados pelo SUS, como seria normal. Existe um problema também com insumos e tem faltado sedativos e bloqueadores neuromusculares usados para sedar os pacientes graves no ventilador. Esses medicamentos têm faltado em todo mercado no Brasil e ontem a situação era crítica em BH, exigindo adaptações rápidas com drogas eficazes mas que não seriam a primeira alternativa. Vamos passar por um período difícil e as pessoas que pegarem COVID hoje e nas próximas semanas não podem mais se sentir seguras de que haverá leito de terapia intensiva daqui ha 12 dias quando precisariam de UTI se derem o azar de estarem entre os 5% de pacientes que precisam de terapia intensiva. Ou seja, mais do que nunca, é importante não pegar a doença agora. Se cuidem mais ainda e cuidem das pessoas próximas. 




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