
A proposta surgiu a partir de um diagnóstico inédito realizado em 2025, que mapeou a situação das bibliotecas no sistema prisional mineiro. O levantamento revelou que, embora algumas unidades contem com acervos robustos e projetos bem estruturados, muitas outras ainda carecem de livros e ações permanentes de incentivo à leitura. O Estado já atinge, em média, a meta de 70 livros por 100 pessoas privadas de liberdade — índice estipulado pelo Plano Nacional “Pena Justa”. No entanto, o acesso ainda é desigual.
Entre 2022 e 2024, o número de pessoas beneficiadas por projetos de remição de pena pela leitura praticamente dobrou. A expectativa é de que, até 2028, mais de 7 mil presos participem mensalmente dessas ações. Atualmente, Minas Gerais possui 122 bibliotecas prisionais. Nas unidades onde não há acervos próprios, são utilizados mecanismos de empréstimo compartilhado para garantir o acesso aos livros.
Além de arrecadar obras literárias, a campanha pretende fomentar ações complementares, como o apoio à preparação de internos para exames como o Enem PPL e o Encceja, a formação de mediadores de leitura e a articulação com instituições como o Tribunal de Justiça e o Ministério Público para estabelecer diretrizes unificadas sobre a remição pela leitura.
“O livro pode ser o primeiro contato que muitas dessas pessoas têm com a ideia de transformação interior. Queremos não apenas ampliar os acervos, mas contribuir para que a leitura seja um verdadeiro instrumento de liberdade, dignidade e reinserção”, afirma Afonso Borges, idealizador do Sempre um Papo.
As doações de livros podem ser entregues em todas as 19 Regiões Integradas de Segurança Pública (RISPs) e, em algumas localidades, também nas Unidades de Atendimento Integrado (UAIs). A lista completa de pontos de coleta está disponível nos sites palavrajusta.com.br e da Sejusp.