
Inspirada por tradições literárias que vão de Machado de Assis a Oscar Wilde, a seleção percorre obras das décadas de 1930 a 2020, explorando desde truques pioneiros de Georges Méliès até recursos digitais atuais. Entre os títulos estão “Persona” (1966), de Ingmar Bergman; “Noite de Estreia” (1977), de John Cassavetes; “Gêmeos – Mórbida Semelhança” (1988), de David Cronenberg; “De Salto Alto” (1991), de Pedro Almodóvar; e “Cidade dos Sonhos” (2001), de David Lynch. A entrada é gratuita, com retirada de até um par de ingressos por CPF, exclusivamente pela plataforma Eventim, a partir de uma hora antes de cada sessão.
A programação inclui também a “Sessão da Meia-Noite”, no dia 16 de agosto, com a exibição de “Donnie Darko” (2001), de Richard Kelly. No mesmo dia, o curador Luiz Fernando Coutinho comenta o remake de “Psicose” (1998), dirigido por Gus Van Sant. Em 21 de agosto, Bruno Hilário fará a mediação após a sessão de “Parceiros da Noite” (1980), de William Friedkin, e, em 28 de agosto, Juliana Gusman comenta “Baise-moi” (2000), de Virginie Despentes e Coralie Trinh Thi.
Coutinho, que também é pesquisador, crítico de cinema e editor da Revista Madonna, explica que a mostra surgiu como desdobramento de dois trabalhos anteriores. O tema aparece em um um evento paralelo organizado por ele e Mariana Mól no 25º FestCurtasBH (2023), na qual foram programados curtas-metragens de diferentes países que trabalhavam a questão do “duplo” tanto no eixo formal quanto temático.
Além disso, segundo Coutinho, noções como espelhamento, assombração ou espectro, inseridas no tema amplo do “duplo”, foram norteadoras de sua pesquisa de doutorado, defendida no início deste ano. “Na tese, analisei o filme ‘Rebecca’ (1940), de Alfred Hitchcock, e o coloquei em diálogo com obras que, nas décadas seguintes, retomaram e subverteram imagens, símbolos ou estratégias formais do filme. Para a mostra, escolhi não programar ‘Rebecca’, mas encontramos na curadoria três filmes que, na minha visão, são assombrados por ele, como se o filme de Hitchcock atuasse como o ‘duplo’ destes filmes que vieram depois: ‘Fedora’ (1978), de Billy Wilder, ‘Noite de Estreia’ e ‘De Salto Alto’”, explica o pesquisador.
O processo de curadoria, segundo ele, buscou preservar a amplitude do conceito. “Muitos são os filmes que, por exemplo, recorrem a narrativas divididas ao meio ou que encontram diferentes formas de representar este ‘duplo’ que assombra os personagens principais. Quando pensamos em histórias de ‘duplos’, um dos exemplos mais famosos que nos vêm à cabeça é o livro de Robert Stevenson, ‘O Médico e o Monstro’, no qual um advogado respeitável desenvolve uma poção que o transforma em uma versão sombria de si mesmo. Entre muitas adaptações interessantes, escolhi programar o genial ‘O Professor Aloprado’ (1963), de Jerry Lewis, que opera uma torção na história original pela via da comédia. Na intenção de preservar essa multiplicidade de abordagens e de caminhos possíveis para o tema do ‘duplo’, optei por reunir filmes de diferentes gêneros cinematográficos. Queria que o ‘duplo’ fosse visto como esse conceito que, mais do que afunilar as possibilidades de invenção no cinema, expandisse-as”, explica.
Serviço
Mostra “Quando eu sou o outro: duplos, espelhos e imitações” - Onde: Cine Humberto Mauro - Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro). Quando: De quinta-feira (14) a 6 de setembro. Entrada gratuita; retirada de até 1 par de ingressos por CPF, exclusivamente pela plataforma Eventim, a partir de 1 hora antes de cada sessão Informações para o público: (31) 3236-7307 / www.fcs.mg.gov.br