Estado de Minas RECONHECIMENTO

Bandas de música tradicionais de BH podem virar patrimônio cultural

Conselho aprova abertura de processo para registrar como patrimônio grupos que mantêm viva uma tradição presente na cidade desde o século 19


postado em 05/09/2025 09:34 / atualizado em 05/09/2025 09:38

Atualmente, três bandas tradicionais seguem em atividade em Belo Horizonte: Sociedade Musical Carlos Gomes, Banda Cosme Ramos e Banda 12 de Março(foto: Ricardo Laf )
Atualmente, três bandas tradicionais seguem em atividade em Belo Horizonte: Sociedade Musical Carlos Gomes, Banda Cosme Ramos e Banda 12 de Março (foto: Ricardo Laf )
As bandas tradicionais de música de Belo Horizonte poderão receber o título de patrimônio cultural da cidade. O Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte (CDPCM-BH) aprovou a abertura do processo de registro desse bem cultural, que preserva uma expressão presente na capital desde o século 19. 

A solicitação foi apresentada pelas próprias bandas e encaminhada à Prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), da Fundação Municipal de Cultura (FMC) e da Diretoria de Patrimônio Cultural (DIPC). O pedido havia sido protocolado em 2024.

Com a decisão do conselho, serão realizadas as etapas de Inventário Cultural e elaboração do Dossiê de Registro. Esses estudos devem mapear mestres, maestros, celebrações, práticas e locais ligados à história das bandas, além de apontar riscos à sua continuidade e indicar ações necessárias para a salvaguarda. Após a conclusão, o material será submetido novamente ao CDPCM-BH, que deliberará sobre a concessão do título de Patrimônio Cultural da Cidade.

A secretária municipal de Cultura e presidente do CDPCM-BH, Eliane Parreiras, destacou a importância do reconhecimento. “As bandas tradicionais de música carregam consigo um papel fundamental na construção da identidade de Belo Horizonte. Reconhecer oficialmente esse bem cultural é valorizar o trabalho de gerações de músicos que, com dedicação e amor à arte, mantêm viva uma tradição que faz parte da história da nossa cidade”, afirmou.

A presidente da Fundação Municipal de Cultura, Bárbara Bof, também reforçou o caráter comunitário da iniciativa. “Ao abrir o processo de registro, damos um passo importante para garantir que essa expressão continue presente no dia a dia da cidade. Ao preservar as bandas, preserva-se também o espírito comunitário, as memórias afetivas e a riqueza cultural que moldam a capital”, disse.

Atualmente, três bandas tradicionais seguem em atividade em Belo Horizonte: Sociedade Musical Carlos Gomes, Banda Cosme Ramos e Banda 12 de Março. Fundada em 1896, a Carlos Gomes é a mais antiga e surgiu a partir de operários da construção da capital. Sua sede permanece no Bairro Calafate, na região Oeste.

“Estamos muito felizes e satisfeitos com o parecer favorável de abertura do processo de registro. Em 2025, a nossa banda completa 129 anos de existência e esperamos que essa iniciativa nos ajude a conquistar a tão sonhada salvaguarda, para perpetuar essa tradição por muitos anos”, afirmou Dhenerson Augusto Carneiro, presidente da Sociedade Musical Carlos Gomes.

A Banda Cosme Ramos foi criada em 1984 no Bairro Campo Alegre e atualmente está sediada na Pampulha. Já a Banda 12 de Março surgiu em 1975, no Vale do Jatobá, com apoio de freiras ligadas à Escola Sesi Hamleto Magnavacca.

“As bandas carregam a memória afetiva e a identidade cultural de uma cidade inteira. Ao reconhecer seu valor como patrimônio imaterial garantimos a preservação de sua história, protegemos seus saberes e valorizamos os músicos que mantêm viva essa tradição”, afirmou Clessius Ribeiro, maestro da 12 de Março.

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