Estado de Minas LITERATURA

Com homenagem a Antonieta Cunha, FLI BH começa nesta quarta (22)

Festival literário ocupa a Funarte MG até domingo (26) com programação gratuita que celebra a diversidade linguística e a literatura infantil


postado em 22/10/2025 10:03 / atualizado em 22/10/2025 10:08

Neste ano, o festival presta homenagem à editora, educadora e escritora Antonieta Cunha, referência nacional da literatura infantil(foto: Ramon Bittencourt/Divulgação)
Neste ano, o festival presta homenagem à editora, educadora e escritora Antonieta Cunha, referência nacional da literatura infantil (foto: Ramon Bittencourt/Divulgação)
O FLI BH – Festival Literário Internacional de Belo Horizonte chega à sexta edição entre esta quarta-feira (22) e o domingo (26), na Funarte MG. Realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Instituto Periférico, o evento reúne autores, ilustradores, poetas, editores e leitores em uma programação que traz palestras, mesas de debate, saraus, oficinas, espetáculos, contações de histórias, mostras de cinema, exposições e feira de livros. 

Neste ano, o festival presta homenagem à editora, educadora e escritora Antonieta Cunha, referência nacional da literatura infantil, fundadora da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH e integrante da Academia Mineira de Letras. A programação se inspira no tema “Da minha língua eu vejo o mundo”, propondo uma reflexão sobre a diversidade linguística do Brasil.

Segundo o coordenador artístico Alencar Perdigão, o tema reforça a literatura como espaço de encontro e troca. “Ao escolher esse tema, o FLI BH reforça a literatura e a palavra como lugares de encontro, troca e conversa, espaços onde cabem identidade, memória e imaginação. Afinal, é pela língua que damos nome às coisas, entendemos o mundo e encontramos formas de transformá-lo”, comenta.

Entre os convidados estão a autora e ilustradora Aline Abreu (SP), a iraniana Fereshteh Najafi, a escritora chilena Lina Meruane e os poetas Adélia Prado (MG), Gabriela Mistral (Chile), Lino Eustáquio (Moçambique) e Ricardo Aleixo (BH). O festival também celebra os 90 anos de Adélia Prado, com um sarau conduzido pelo ator Odilon Esteves, e os 50 anos do Prêmio João-de-Barro, a mais antiga premiação brasileira voltada à literatura infantojuvenil.

A secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras, destaca que o evento consolida-se como política pública e celebra uma década de história. “A história de um festival se constrói a muitas mãos e assim tem sido com o FLI BH desde o início. Há 10 anos de sua primeira edição, o festival dá continuidade ao propósito de ser gratuito, diverso e acessível a todas as pessoas, se afirmando como política pública e confirmando mais uma vez a tradição literária de Belo Horizonte e de Minas, na cena nacional”, afirma.

A cerimônia de abertura acontece nesta quarta (22), às 18h30, na Funarte MG, e será seguida da mesa “Uma vida dedicada aos livros, à literatura e aos leitores com Antonieta Cunha”, que contará com a presença da homenageada, além de Beatriz Myrrha, Leo Cunha e Marilda Castanha, sob mediação de Daniela Chaves. A conversa celebra décadas de atuação da escritora e sua contribuição à literatura, à educação e às políticas culturais.

Nesta edição, o FLI BH também amplia sua presença na cidade, com atividades entre os dias 10 e 21 de outubro em centros culturais, no Cine Santa Tereza e na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil. Para a presidente da Fundação Municipal de Cultura, Bárbara Bof, essa descentralização reforça a dimensão plural do evento. “O FLI BH é a celebração viva da palavra em suas diversas manifestações, seja através da escrita ou pela oralidade, na feira literária, no encontro entre público e profissionais do livro, nas mesas e contações de histórias ou nas trocas de conhecimento. Realizar o FLI nos coloca frente a frente com a diversidade de nossa cultura que, neste ano, vai ocupar não somente o hipercentro da cidade, mas também outros territórios da capital”, afirma.

Uma das novidades é a parceria com a Mostra do Livro Latino-Americano (MOLLA), que estreia em Belo Horizonte prestando homenagem à poeta chilena Gabriela Mistral. A mostra promove debates, narrações e uma feira literária com cerca de 30 editoras e livrarias, além de encontros com autoras e pesquisadoras latino-americanas, como Lina Meruane, Sara Rojo e Clarice Filgueiras. Um dos destaques é a mesa “Entre o Apartheid na Palestina e a ditadura no Chile: o ensaísmo literário de Lina Meruane”, que reunirá a escritora chilena, a editora Maíra Nassif e a jornalista e tradutora Mariana Sanchez.

O FLI também abriga o VI Fórum de Bibliotecas Escolares – Biblioteca da Escola: lugar de ler e aprender, que propõe discussões sobre o papel da biblioteca como espaço de formação integral. Entre as atividades, está a mesa “Para que servem as bibliotecas? Perspectivas, políticas culturais e educacionais”, com Nilma Lacerda (RJ), Ricardo Azevedo (SP) e mediação de Graça Castro (GO).

Dedicando parte de sua programação à primeira infância, o festival apresenta mesas e oficinas que abordam o papel da literatura na formação das crianças. Entre os destaques estão “A cultura da infância: a ainda necessária construção dos direitos de ser criança no Brasil”, com Miguel G. Arroyo e Mônica Correia Baptista, e “Escrever, ilustrar e oferecer livros para a primeira infância”, com Carol Fernandes e Cleide Fernandes. Para o público infantil, o FLI traz ainda o espetáculo “Mil e uma estrelas”, da Cia. Pé de Moleque, e a narração “Lá no fundo da mata”, da Cia. Canta Contos.

A diretora-presidente do Instituto Periférico, Gabriela Santoro, ressalta o papel do festival na valorização da literatura mineira e na circulação de autores. “Minas é reconhecida por sua rica e vasta produção literária, sendo berço de inúmeros autores e autoras que são referência para a identidade literária do país. Contribuir para a realização de um evento deste porte, que movimenta a cadeia produtiva do livro em todo o estado e projeta Minas para o restante do país, só reafirma os princípios fundantes do instituto, de viabilizar iniciativas comprometidas com a diversidade cultural e o desenvolvimento humano”, afirma.

A ilustradora convidada desta edição, Aline Abreu, vencedora do Prêmio João-de-Barro em 2016, assina a identidade visual do festival e participa da mesa “Literatura Infantil: Modos de Escrever e Ilustrar”, ao lado de Rubem Filho e Nelson Cruz. Já a exposição “Da minha língua eu vejo o mundo”, com curadoria de Carolina Fedatto e ilustrações de Maria Chiodi, convida o público a refletir sobre a multiplicidade das línguas brasileiras — do português com seus sotaques e gírias às línguas indígenas, afro-brasileiras e de imigração.
 
PROGRAMAÇÃO 6º FLI BH
22 a 26 de outubro - Funarte-MG
 

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