Estado de Minas MOSTRA

Exposição transforma culpa materna em humor e afeto

Instalação inédita de Lu Simão ocupa o Parque do Palácio até janeiro de 2026, propondo um olhar sensível e bem-humorado sobre a maternidade


postado em 17/12/2025 09:26 / atualizado em 17/12/2025 09:34

Pintora, ilustradora e escritora, Lu Simão parte de experiências compartilhadas por mães para transformar a chamada
Pintora, ilustradora e escritora, Lu Simão parte de experiências compartilhadas por mães para transformar a chamada "culpa materna" em linguagem artística (foto: Divulgação)
A culpa que acompanha a maternidade, muitas vezes silenciosa, persistente e difícil de nomear,  ganha forma, humor e espaço de reflexão na exposição “DESculpa: inspirando esta geração de mães a rir da própria culpa até ela perder a graça”, que será inaugurada nesta quinta-feira (18), no Parque do Palácio, em Belo Horizonte. A instalação inédita da artista Lu Simão permanece em cartaz até fevereiro de 2026 e propõe um olhar sensível e bem-humorado sobre um sentimento que atravessa o cotidiano de muitas mulheres.

Pintora, ilustradora e escritora, Lu Simão parte de experiências compartilhadas por mães para transformar a chamada “culpa materna” em linguagem artística. Na mostra, esse sentimento deixa de ser um peso íntimo e passa a ocupar o centro da narrativa, ora como provocação, ora como personagem. A proposta é deslocar a culpa do lugar de cobrança constante e permitir que ela seja observada com mais leveza.

“Tornar-se mãe é um acontecimento que vem acompanhado de emoções que não escolhemos, como exaustão, amor, entrega, admiração e, invariavelmente, culpa. No meu trabalho, a culpa é tirada deste pedestal, derretida, redesenhada”, explica a artista.

Organizada como um percurso imersivo, a exposição reúne instalações que traduzem, de forma poética e irônica, os mecanismos da culpa no cotidiano da maternidade. Em “Luz e Sombra”, a culpa aparece como uma presença que começa pequena, mas cresce de maneira quase imperceptível, projetando-se sobre situações banais, como descansar ou desfrutar de pequenos prazeres. Já em “Academia da Culpa”, a metáfora do peso ganha corpo ao relacionar a culpa às expectativas sociais e às múltiplas obrigações atribuídas às mães.

A sensação de vigilância constante surge em “A Lupa da Culpa”, instalação que apresenta a culpa como uma detetive sempre atenta, ampliando falhas e inseguranças. O percurso avança para “A Culpa sem Lupa e As Enormes Pequenas Belezas do Cotidiano", quando o olhar se desloca da cobrança para o reconhecimento dos gestos ordinários da maternidade, revelados em sua dimensão afetiva.

O humor se torna ainda mais evidente em “Jogue Sua Culpa no Lixo e Domando a Culpa Materna", instalações que propõem um enfrentamento direto desse sentimento. Ao contemplar a própria trajetória, a culpa perde força, dramatiza e deixa de ocupar o papel central da narrativa.

Um dos destaques da exposição é a parceria inédita com a Mutabile Arquitetura, especializada em arquitetura contemporânea e gerenciamento de obras. Dessa colaboração nasce o “Desculpômetro”, instalação que materializa o conceito central da mostra por meio de uma experiência espacial lúdica. O projeto arquitetônico utiliza formas geométricas e arranjos que alternam sensações de opressão e alívio, convidando o visitante a perceber, enfrentar e, simbolicamente, reduzir a culpa.

Exposição “DESculpa: inspirando esta geração de mães a rir da própria culpa até ela perder a graça”. Até 30 de janeiro de 2026, Parque do Palácio (Rua Djalma Guimarães, 161, Portaria 2), quarta a sexta, das 10h às 18h, sábado e domingo, das 9h às 18h. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia); entrada gratuita Codemge às quartas, quintas e sextas, com retirada pelo Sympla

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