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Estado de Minas PROBLEMA SOCIAL

Relatório da ChildFund revela como as crianças brasileiras veem a violência infantil

A ONG internacional realizou entrevistas em diversas regiões do país, inclusive em Belo Horizonte


postado em 10/10/2019 08:50 / atualizado em 10/10/2019 14:48

A ChildFund coletou, no Brasil, a opinião de 781 crianças de 10 a 12 anos, em diferentes condições de vida e realidades socioculturais(foto: Pixabay)
A ChildFund coletou, no Brasil, a opinião de 781 crianças de 10 a 12 anos, em diferentes condições de vida e realidades socioculturais (foto: Pixabay)
Se engana quem pensa que crianças não têm opiniões formadas ou visão sobre o que acontece com elas. Nesta edição da pesquisa Small Voices Big Dreams, da ONG internacional ChildFund, (recorte Brasil), divulgada na quarta-feira (9), dados indicam que a atual geração de crianças conhece seus direitos e acredita que nada justifica práticas de violência nesse grupo. No entanto, não se sentem protegidas, principalmente de violências externas (na rua, na escola), mas  também dentro de casa, inclusive em casos de "correções educativas". Parece, ainda, que a máxima de que violência gera violência faz sentido para elas. Diz o relatório: "Para as crianças entrevistadas, em alguns casos, o fato de a pessoa ter sido maltratada na infância favorece para que ela seja um possível agressor na fase adulta, reproduzindo, assim, a violência sofrida…" Quanto a próprias crianças maltratando crianças, mais da metade concorda que isso ocorre porque as crianças agressoras não sabem as consequências da violência e o quanto mal estão fazendo aos outros.

No recorte Brasil, foram entrevistadas 781 crianças de 10 a 12 anos, em diferentes condições de vida e realidades socioculturais. Dos 781 entrevistados, 59 crianças participaram das entrevistas em grupo nos municípios de Belo Horizonte e Minas Novas, em Minas Gerais, Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza e Cariri, no estado do Ceará. Eles também responderam, entre outras, perguntas sobre as consequências da violência para as crianças, espaços em que ela ocorre, as diferenças entre violências contra meninas e meninos, o que podem fazer para pôr fim a atitudes desse tipo. Confira alguns dos depoimentos presentes no relatório:

"Porque tipo, se eu repetir de ano [...], aí meu pai chega pra mim e diz: "você está de castigo". Aí eu digo está bom, só que aí se ele vier com agressão, eu estou errado por não ter me dedicado e ele está errado por ter me batido fisicamente". (Menina, 11 anos CARIRI, 2019)

"O que pode ser feito com a menina, também pode ser feito com o menino. Ou pode ser pior, até mesmo matar. Estuprar e matar, pra criança não falar. Eu sei porque já se passou várias coisas desse tipo." (Menina, 11 anos, Cariri 2019) 

"Porque que, tipo assim, menina eles podem pegar para fazer o mal. [...] É estupro. E os meninos eles também podem pegar para abuso sexual ou para fazer de aviãozinho, para levar drogas pro lado pro outro..." (Menino, 12 anos, Fortaleza, 2019)

"Eu quase nem saio de casa. Na minha rua a gente fica até sete horas da noite porque depois disso não pode mais ficar na rua, porque se não eles metem bala não importa se é criança ou adulto." (Menina, 12 anos, Fortaleza, 2019)

"Ele estava fumando drogas, por causa que ele tinha sofrido bullying, tinha apanhado, chamaram ele de dente de cavalo, cabelo pixaim e começaram a bater nele." (Menino, 11 anos, Fortaleza, 2019)

"Quando eu apanho tenho vontade sumir; se eu tivesse um quarto, me trancava e passava o resto da vida." (Menino, 12 anos, Fortaleza, 2019)

"Os pais podem dar mais amor, carinho. As crianças precisam do amor e companhia da família e amigos para se sentirem seguras." (Criança, Comunidade Palmital, Minas Novas, 2019)

"E os adultos precisam prestar atenção nas crianças, ficar de olho nelas, não deixar as crianças sozinhas e acreditar nelas, porque a maioria não acredita." (Menina, 11 anos, Comunidade Palmital, Minas Novas, 2019).

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