Eleições 2022: cinco maneiras de identificar notícias falsas

A maneira com que as notícias falsas circulam na internet é veloz. Algumas vezes elas podem ser sutis, em outras  grotescas. As Eleições 2022 estão próximas, para evitar enganos, como ocorreu em 2018 saiba cinco formas de identificar uma fake news.

As redes sociais e aplicativos de mensagens são potentes disseminadores de notícias, além disso são constantemente utilizados por empresas de marketing que realizam levantamentos do perfil dos usuários, informações que podem ser úteis na hora de estruturar uma estratégia.

O marketing digital abarca venda de produtos, serviços, ascensão de uma personalidade, celebridade e também é usado durante as campanhas eleitorais.

Para compreender como ele funciona até que uma mensagem ou publicação chegue ao usuário é preciso compreender os caminhos e que tudo, ou quase tudo aqui se trata de uma estratégia bem arquitetada por meio dos algoritmos, ela pode ser usada para o bem ou para o mal.

Todas as regras aplicáveis ao marketing digital de venda também se aplicam ao marketing político que pode por muitas vezes "vender" ideias ou levantar pessoas e políticas públicas. É normal que o marketing político aderisse a lógica do engajamento e das redes sociais. Afinal é uma forma significativa para que uma pessoa pública se comunique diretamente com seu público. Este fenômeno cresceu.

As grandes companhias de tecnologia do mundo (big techs) como Facebook, Netflix, Amazon e outras injetam milhões de dólares em tecnologia para traçar ao máximo possível o perfil dos usuários das redes. Isso acontece porque somente através disso poderão direcionar os anúncios de maneira certeira, pois anúncio é investimento e para essas empresas é inadmissível que ele seja jogado fora, ou seja, que apareça seus anúncios para um público que não é compatível com sua proposta. Esse levantamento de perfil também contribui na formulação de produtos e serviços.

Em 2018 o jornalista Marcelo Soares, diretor do estúdio de inteligência de dados Lagom Data realizou uma experiência curiosa. Ele coletou informações sobre as eleições em publicações feitas por um site de notícias e uma página que disseminava fake news.

Em seu experimento Marcelo classificou as postagens pelas reações mais frequentes. No site de notícias as reações eram diversas pelas cinco reações básicas do Facebook (carinha raivosa, gargalhada, coração, tristeza e uau), já no site de fake news nove a cada dez posts tinham como reação principal a carinha raivosa. A página das fake news possuía mais engajamento do que a do site de notícias.

Para elaborar o marketing digital político de Donald Trump, acredita-se que a Cambridge Analytica cruzou informações pessoais obtidas do Facebook com pesquisas que definiram o perfil "psicográfico" de pessoas.

Cambridge Analytica surgiu como uma empresa de tecnologia, mas se notabilizou nas eleições, quando se levanta a questão de seu potencial de articulação nessa eleição. Há alguns exageros e versões sobre o caso, mas vale a pena pesquisar sobre. Em 2019 a empresa se declarou culpada por usar os dados do Facebook, ela foi multada em US mil.

Na política a regra não é mais em unir as pessoas em torno de um bem estar comum, entretanto, em estimular as paixões do maior número possível de pessoas e, em seguida, adicioná-las.

Para conquistar um bom número de pessoas, muitos marketeiros digitais ou mesmo engenheiros não vão convergir para o centro, e sim unir-se aos extremos. Alimentando o ódio de cada um sem a menor preocupação com as necessidades do coletivo. O algoritmo destes profissionais desmancha atravancados ideológicos tradicionais, reorganizando o conflito político, usando a base "elite" x "povo".

O sucesso das fake news se dá pelo sucesso das emoções negativas, elas asseguram uma maior participação popular nas redes. No caso da política, tudo isso pode ser observado com ascensões dos nacional-populistas, que vêm sendo acompanhadas nos últimos anos. Ela se deu pela estratégia da fragmentação intensa da esquerda x direita, ricos x pobres, conservadores x liberais.

Com essa estratégia é possível angariar os votos das populações mais furiosas e revoltadas, além dos votos de quem se beneficia mais com tais propostas de governo (nacional-populista).

Portanto pode-se esperar para as Eleições de 2022 muitas estratégias como as mencionadas acima, além de novas que podem surgir. Para não cair no "conto das fake news" e ter a liberdade de escolher de maneira racional o seu voto, separamos algumas dicas para evitar o acesso de notícias mentirosas.

Veja a seguir maneiras de não ser enganado nas próximas Eleições. Essas observações se estendem a outros conteúdos divulgados na internet, como notícia de famoso, notícias criminais e outras. Veja!

Um veículo de imprensa que se preocupam em manter a sobriedade e veracidade das notícias não usa mensagens com caixa alta (Caps Lock) e nem com tonalidades alteradas como "URGENTE", "REPASSE", "AVISO" , entre outras do tipo. Jornalistas comprometidos com as notícias que vai transmitir não grava áudios para serem compartilhados no Whatsapp, da mesma maneira médicos, meteorologistas, infectologistas, cientistas, engenheiros, bombeiros, policiais, entre outras profissões.

Então se você receber mensagem em áudio dizendo "aqui é (um nome qualquer), vim alertar vocês sobre um terremoto de magnitude (números), façam (tal) coisa", certamente esta mensagem será falsa. Para informar tal fenômeno natural existem os órgãos oficiais, que no caso do Brasil é a Defesa Civil e Corpo de Bombeiros e os veículos de imprensa profissionais como a televisão, rádio e sites de notícias relevantes.

Foi-se o tempo em que uma imagem não poderia enganar. Com a quantidade de programas em que é possível alterar fotos e vídeos, nem tudo o que vemos é verdade. Aliás, ela pode ser facilmente distorcida por mal intencionados que usam a internet para alcançar objetivos, entre eles há políticos, acredite!

Veja as fontes dos artigos que você lê.

Ainda que um artigo não esteja escrito em tom de urgência ou em letras maiúsculas é possível que ele tenha um conteúdo inverídico. Um artigo jornalístico que se preze possui fontes sólidas e mesmo que esteja escrito "de acordo com o médico Carlos Alberto (nome fictício)" é preciso checar quem é o tal médico, se de fato ele existe. Dá mais trabalho ler uma notícia hoje em dia!

Além do tom de urgência, a caixa alta, as fontes, é preciso verificar se há muitos erros ortográficos e qual é a preocupação visual do artigo. Uma gramática muito errada já é um padrão dos criadores das fake news, mas atenção, eles podem se atualizar a qualquer momento.

Além da escrita errada, normalmente sites ou páginas  disseminadores de notícias falsas também possuem uma preocupação em colocar os candidatos adversários com fisionomias mais carregadas, para fazer jus ao título da matéria. Uma coisa é pegar um ângulo que não favorece um candidato proposital para uma notícia tendenciosa (o que também merece atenção), outra coisa é distorcer uma foto por completo, neste sentido tal distorção pode gerar até mesmo processo jurídico por violação de direito autoral (do fotógrafo).

Procurar a mesma notícia em outros sites também ajuda a identificar uma fake news. Notícias relevantes geralmente são veiculadas em diversos portais de notícias, geram falas de autoridades, manifestações populares e etc.

Preste atenção na data da publicação. Muitas páginas que reproduzem fake news podem não compartilhar inverdades, porém notícias antigas que farão outro sentido no momento atual.

Pode ser ironia. Cuidado com a proposta do site que você lê. Muitas vezes pode se tratar de um site de humor, que está satirizando alguma situação política, neste caso não é fake news, mas uma má interpretação do leitor pode gerar uma notícia falsa, visto que para ele repassar como um fato é fácil.

Evite compartilhar notícias que você não saiba a procedência.

Evite notícias, no tocante a política, que desperta emoções muito fortes, como raiva excessiva, tristeza excessiva, paixão excessiva, ódio excessivo, muitas vezes as notícias falsas são criadas para fomentar tais sentimentos.

Muito se fala sobre os algoritmos, mas será que todos os que falam sabem do que se trata? Diferente do que muitos pensam, os algoritmos não são "bichos de sete cabeças" eles são apenas os caminhos, os passos para se chegar em a um objetivo.

Tal qual cozinhar um ovo exige os passos: abrir a geladeira; pegar um ovo; acender o fogo; colocar a panela em cima; bater o ovo em um canto da pia; abrir ovo; colocar o ovo dentro da panela; fritar de um lado; fritar do outro lado; passar o ovo frito da panela para o prato; pegar o garfo e alcançar o objetivo que é comer o ovo. Da mesma maneira funciona esse algoritmos.

O mundo digital reproduz a mesma lógica. Mudam as bases numéricas, as formas, mas o princípio será reproduzido.

Um modelo matemático

Dados para alimentar esse modelo

Uma definição de sucesso

Fique atento!