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Estado de Minas HISTÓRIA

Casa da década de 40, na Contorno, vence concurso da Encontro

Em estilo neocolonial, a construção é tombada pelo Patrimônio Municipal e está em excelente estado de conservação


postado em 13/08/2019 14:50 / atualizado em 13/08/2019 16:41

(foto: Marinella Castro/Encontro)
(foto: Marinella Castro/Encontro)
Discretas, arrojadas, inovadoras. Casas localizadas na região da famosa Avenida do Contorno, em Belo Horizonte, são quase um oásis entre o cinza sem graça dos arranha-céus. Muitas delas lembram uma época na qual o ritmo da cidade era bem menos acelerado e seus moradores levavam uma vida mais tranquila.

Para destacar o quão belas são essas verdadeiras preciosidades da arquitetura, oito repórteres de Encontro foram às ruas e escolheram suas favoritas. Cada um dos jornalistas fotografou a fachada e gravou um vídeo de divulgação de sua casa predileta. Os registros serviram como base para uma votação popular na página da Revista Encontro no Instagram, em sistema eliminatório. A mais bela, na opinião dos seguidores, fica na Avenida do Contorno, quase na esquina com a Rua do Ouro, entre os bairros Serra e Funcionários, e foi escolhida por esta repórter que vos escreve. Ela foi construída em 1942, em estilo neocolonial

Na área externa, jardim, horta, pomar e até um galinheiro(foto: Marinella Castro/Encontro)
Na área externa, jardim, horta, pomar e até um galinheiro (foto: Marinella Castro/Encontro)
A casa chama tanta atenção que certamente você já a observou, mesmo com todo o caos provocado pelo movimento de carros e pessoas na região. Cercada por prédios, ela se destaca por ser construída bem no alto de um terreno amplo, de 1600 m². Sem muros que impeçam a visão, seus gradis permitem a contemplação por quem está do lado externo. Tombada em 2011, pelo Patrimônio Municipal ela possui janelas de madeira, vários arcos em sua arquitetura e um amplo jardim.

Patrimônio preservado

Desde que foi inaugurada, na década de 1940, a casa vencedora do concurso no Instagram da Revista Encontro, praticamente, não mudou de mãos. Hoje ela é propriedade do casal Petrina Franco e Anselmo Bicalho. A residência foi construída pelo pai da atual proprietária, o ex-funcionário do Banco do Brasil, Paulo Pedro Franco.

Na última sexta-feira, alguns dias após o fim da eleição, a reportagem de Encontro bateu o sino antigo, localizado no portão de entrada, e foi bem-recebida pelos donos do imóvel. Eles mostraram detalhes, inclusive do interior da casa.

Durante a visita, descobriu-se que Paulo Pedro Franco chegou a vender a residência alguns anos após a sua construção. "Meus pais se mudaram para o Rio de Janeiro, mas, dois anos depois, retornaram a Belo Horizonte e trataram de comprá-la novamente", lembra Petrina. Filha única do casal Paulo Pedro e Petrina Paes, ela, que tem o mesmo nome da mãe, herdou o patrimônio, o qual mantém em excelente estado de conservação.

A charmosa e impecável varanda(foto: Marinella Castro/Encontro)
A charmosa e impecável varanda (foto: Marinella Castro/Encontro)
A parte interna da casa possui itens que já não existem mais no mercado, dos quais se detacam os mármores. As madeiras do piso, portas e janelas, também já se tornaram raras. A área construída é de aproximadamente 400 m². No andar superior, há varandas que dão vista para a Avenida do Contorno. Na área externa, é de se admirar o cuidado com os jardins, a horta e, até, um galinheiro, onde nada fica fora do lugar. No interior da residência, a decoração segue o estilo clássico

Apesar do movimento intenso na ruas do entorno, o modelo de construção, com paredes reforçadas, garante o silêncio na área interna da casa, onde a proprietária, professora de piano, pode tocar o instrumento sem interferências dos ruídos externos. Anselmo Bicalho, ex-industrial, gosta de receber a visita dos netos durante as férias e diz que não tem planos de se mudar. Apesar de a residência estar anunciada para a venda, ele admite que a proposta teria que ser convincente demais para superar o valor afetivo. 

Ele mostra, nas paredes, retratos de uma época onde a casa foi muito movimentada, com festas e recepções, inclusive com a presença do ex-prefeito de BH, Juscelino Kubitschek. O político ilustre tornou-se amigo de Paulo Pedro Franco. Por isso, também na parede, há uma moldura com uma carta escrita por JK, de próprio punho, para o pai de dona Petrina. O manuscrito é guardado como documento histórico

Com certeza, conhecer essa bela casa é viajar no tempo.

Conheça as construções que concorreram na eleição realizada o Instagram da Revista Encontro:

Casa na Floresta
(foto: Rafael Campos/Encontro)
(foto: Rafael Campos/Encontro)
Endereço: Rua Silvia Jardim, bairro Floresta
O imóvel tem varanda na lateral e um balcão na fachada central. As venezianas são de madeira. 

Palacete Falci
(foto: Marina Dias/Encontro)
(foto: Marina Dias/Encontro)
Endereço: Avenida Bias Fortes, bairro Lourdes
Projeto de 1929. O estilo é ecletismo tardio com detalhes em Art Nouveau. É tombado em nível municipal e seu uso é residencial.  

Casa Branca
(foto: Geórgea Choucair/Encontro)
(foto: Geórgea Choucair/Encontro)
Endereço: Rua Viçosa, bairro São Pedro
A casa lembra construções em estilo clássico. Suas grades permitem que o imóvel seja contemplado por quem passa pela Rua Viçosa. 

Estilo germânico
(foto: Victor Schwaner/Encontro)
(foto: Victor Schwaner/Encontro)
Endereço: Avenida Afonso Pena, bairro Funcionários
Tombada pelo Patrimônio Municipal, essa casa abriga hoje um café. Construída em estilo europeu, seu telhado inclinado lembra residências de países frios, como a Alemanha. 

Portas, janelas  e corações
(foto: Marcelo Fraga/Encontro)
(foto: Marcelo Fraga/Encontro)
Endereço: Rua José Pedro Drumond, bairro Floresta
Eessa casa com fachada cor de rosa e detalhes em verde, chama atenção pelos pequenos corações entalhados nas janelas e nas portas

Na Rua Paraíba...
(foto: Carolina Daher/Encontro)
(foto: Carolina Daher/Encontro)
Endereço: Rua Paraíba, bairro Funcionários
Em 1896, foram construídas 200 casas para abrigar as pessoas que vieram fundar a cidade. Dessas 200, só 13 sobreviveram ao tempo. Uma delas é esse exemplar rosa, que é a única das restantes que não funciona como ponto comercial

Estilo diferente
(foto: Leticia Fulgêncio/Encontro)
(foto: Leticia Fulgêncio/Encontro)
Rua Floresta, bairro Floresta
Suas formas geométricas e simetria a diferenciam de todas as outras. Há até quem a compare com um console de videogame antigo

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