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Estado de Minas PANDEMIA

Saiba como será o retorno das aulas para a educação infantil em BH

Entenda protocolos, funcionamento e perspectivas para volta das outras etapas


postado em 20/04/2021 21:46 / atualizado em 21/04/2021 10:37

(foto: Freepik)
(foto: Freepik)
Após um ano e um mês do fechamento das escolas na capital mineira, foi anunciada, em coletiva de imprensa na última segunda-feira (19), a volta das aulas presenciais para a educação infantil. O retorno está marcado para o dia 26 de abril para esses alunos até 5 anos e 8 meses de idade, porém, em assembleia realizada na noite desta terça-feira (dia 20 de abril), os professores da rede municipal decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. O movimento está sendo chamado de "greve sanitária" pelo sindicato da categoria.

A reabertura das escolas é um dos temas de maior polêmica na pandemia, e há tanto grupos a favor do retorno imediato quanto os que apoiam a volta apenas depois da vacinação em massa. A Prefeitura de Belo Horizonte também já foi criticada pela demora em voltar com as aulas presenciais, já que, em várias outras cidades, houve alguma experiência de retorno em 2020 (ainda que com períodos de fechamento subsequentes). A situação epidemiológica neste momento, aliás, não é a melhor desde o início da crise sanitária, apesar de os números estarem com tendência de queda. Por outro lado, um dos parâmetros que a prefeitura acompanhava para avaliar a possibilidade de reabertura, o número de casos por 100 mil habitantes (e que membros do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 diziam ser preciso estar abaixo de 20), está em pouco menos de 150.

Ainda há muitas dúvidas sobre a volta dessa faixa etária, que engloba mais de 108 mil alunos na capital mineira. Para compreender como será o processo, Encontro conversou com a secretária municipal de educação, Ângela Dalben, e com o infectologista membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da PBH, Carlos Starling. Confira:

Momento epidemiológico do retorno

A velocidade de transmissão (Rt) está no verde, abaixo de 1,0, e as ocupações de UTI e de enfermaria estão em tendência de queda. Contudo, o número de casos por 100 mil habitantes está em 150. De acordo com Carlos Starling, o parâmetro de 20 casos por 100 mil habitantes, que era acompanhado pelo Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura de BH, não é mais utilizado. Ele afirma que o próprio Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos mudou esses parâmetros e ficou mais flexível, especialmente com a faixa etária dos pequenos. "É esperado que isso aconteça ao longo de uma epidemia, e vamos corrigindo as condutas de acordo com a evolução da literatura", diz. Ainda segundo ele, nessa faixa etária em que a doença tem incidência e gravidade menores, vale a pena retomar as atividades, com muita cautela. "Isso hoje está amparado pela literatura."

Retorno opcional

A secretária de educação, Ângela Dalben, afirma que a volta será opcional. Segundo ela, foi feita uma pesquisa com os familiares em fevereiro e, na ocasião, em torno de 70% das famílias aceitaram o retorno. "O fato de a educação infantil ser flexível, em termos de carga horária, é um dos fatores para termos pensado nessa etapa para a primeira experiência com o retorno", afirma. Isso porque as aulas presenciais ainda não serão todos os dias na semana, nesta primeira fase, e uma etapa com menos alunos e menor carga horária não vai impactar nesse calendário. 

Como funcionará a volta

Segundo Ângela Dalben, o momento ainda é experimental. Nesse início, os mais velhos devem ir dois dias na semana e os pequenos, uma vez, até para se ambientarem (muitos deles ainda não tinham tido contato com escola), por 4h30 a cada dia. Os alunos se dividirão em bolhas, ou seja, só terão contato com colegas do mesmo grupo e não com estudantes dos demais grupos, no intuito de diminuir a possibilidade de contágio e também com o objetivo de ser possível suspender apenas uma bolha - e não a escola toda - caso surja algum caso suspeito naquele grupo específico. Cada bolha deve ter 6 ou 7 alunos, ou número equivalente, dependendo do tamanho da sala, para manter o distanciamento de 2m entre os indivíduos. Haverá escalonamento no horário de chegada e de saída para evitar encontros das bolhas. As atividades remotas vão continuar.

Próximas séries a voltar

Depois da experiência com os pequenos, a proposta é voltar com as crianças de 6, 7 e 8 anos. "É o grupo mais sensível, pois está no processo de sistematização da alfabetização", explica Dalben. Segundo ela, ainda não há perspectiva para retorno dos estudantes de 9 anos para cima, pois isso vai exigir a vacinação em massa.

Vacinação de professores

Dalben afirma que o Programa Nacional de Imunizações é do governo federal e que a ordem de prioridade do plano deve ser seguida pelas prefeituras. "Quando São Paulo começa a vacinar professores neste momento, está furando fila", diz. Ela diz que as adaptações necessárias para a segurança do retorno foram realizadas pela prefeitura, como reformas nas instituições e compra de equipamentos de proteção individual, a exemplo de máscaras e face shields. "Infelizmente, quando se fala de vacina, isso é uma orientação federal. Estamos dependentes", afirma. Ela ressalta que os pesquisadores consideram crianças pequenas vetores em menor potencial e, ainda, que alunos da educação infantil moram em um raio de 1km a 1,5km e meio das escolas, o que significa menor circulação da comunidade escolar em transportes públicos.

Importância do engajamento e monitoramento

Starling e Dalben dizem que, após tanto tempo de escolas fechadas e crianças dentro de casa, chegou a hora de priorizar os pequenos. Para que a volta seja possível, é necessária a conscientização de todos os cidadãos, pois a situação epidemiológica segue como balizadora das decisões de abertura e fechamento. Por isso, mais do que nunca, é imprescindível evitar aglomerações. "O adulto que faz isso não está pensando na criança pequena. O momento agora é dela, é um apelo que a gente faz", afirma. A comunidade escolar, especificamente, precisa ter os protocolos internalizados a fim de conseguir aplicá-los corretamente, e é importante que seja feito um pacto com os responsáveis pelas crianças para que avisem à instituição de ensino sobre qualquer manifestação de sintoma suspeito para Covid-19. "Haverá um termo de compromisso, em que o responsável recebe por escrito as orientações, para que entenda a necessidade de cumpri-las", diz Ângela. "Disciplina vai ser palavra de ordem."

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