
Durante o período de quarentena, Maya foi acompanhada diariamente pelas equipes de veterinários e biólogos do zoológico, com monitoramentos de saúde e comportamento. De acordo com a bióloga e diretora da Zoobotânica de BH, Sandra Cunha, o retorno da onça à área de visitação representa um momento importante para a instituição.
“A transferência da Maya para o recinto de visitação, após a quarentena de sucesso, será um presente aos belo-horizontinos, uma vez que junho é um mês com diversas comemorações ambientais importantes. Além disso, receber um animal considerado como um dos símbolos da fauna brasileira, representando a força, a beleza e a diversidade da natureza do nosso país, além de ser o maior felino das Américas e um dos maiores do mundo, ratifica a qualidade do nosso corpo técnico (biólogos, veterinários, zootecnista, cuidadores de animais) e a dedicação do nosso trabalho ao ponto de sermos reconhecidos nacionalmente e internacionalmente, integrando Programas de Conservação ex situ enquanto Jardim Zoológico de Belo Horizonte”, afirmou.
Maya pertence à espécie Panthera onca, nativa do Cerrado brasileiro, e faz parte do Programa de Conservação ex situ de Onça-Pintada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A vinda do animal para o zoológico foi viabilizada por meio de um Acordo de Cooperação Técnica firmado entre o Instituto e a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), da qual o Zoo de BH é membro e signatário.
A onça nasceu no dia 3 de junho de 2024 e chegou a Belo Horizonte em abril deste ano, vinda do Animália Park, localizado em Cotia (SP). Segundo o presidente da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Gelson Leite, a chegada de Maya reforça o reconhecimento técnico da equipe do zoológico.
“Só é possível receber animais desse porte e com essa importância para a conservação da biodiversidade tendo um local e uma equipe altamente qualificada. Temos que exaltar esses aspectos, pois o reconhecimento do trabalho desenvolvido se dá no dia a dia, quando vemos ações como a vinda da Maya ocorrerem de forma tranquila e eficiente”, afirmou.
A onça-pintada está incluída nas Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas de Extinção, classificada como “quase ameaçada” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, 2021-2) e como “vulnerável” pelo ICMBio (2014). A espécie enfrenta risco de extinção em curto prazo no Brasil, em parte devido à perda de habitat causada pelo avanço do desmatamento, especialmente no Cerrado e na Amazônia.
Estudos indicam que o Brasil já perdeu quase 40% de sua vegetação original, sendo que mais da metade dessa perda ocorreu nos últimos 40 anos. A redução dos remanescentes de vegetação afeta diretamente a sobrevivência da onça-pintada, que depende de grandes áreas preservadas para viver. Estima-se que, nos últimos 27 anos — equivalente a três gerações da espécie —, a subpopulação da onça-pintada tenha diminuído cerca de 30% no país.
Em relação ao comportamento, a onça-pintada apresenta hábitos predominantemente crepusculares e noturnos. Costuma descansar durante o dia em áreas próximas a rios e lagoas, mas mantém-se ativa mesmo nesse período. Ao entardecer, intensifica a movimentação em busca de presas. O animal também possui habilidade para nadar, mergulhar e subir em árvores com facilidade.