Estado de Minas IMPACTO NEGATIVO

Trotes e solicitações indevidas representam 36% das ligações para o Samu

Entre janeiro e julho, mais de 108 mil chamadas não tinham relação com emergências em BH


postado em 19/09/2025 09:01 / atualizado em 19/09/2025 09:10

Mais de 15 mil dessas ligações foram trotes, enquanto outras 93 mil diziam respeito a pedidos de informações gerais(foto: Rodrigo Clemente/PBH )
Mais de 15 mil dessas ligações foram trotes, enquanto outras 93 mil diziam respeito a pedidos de informações gerais (foto: Rodrigo Clemente/PBH )
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tem enfrentado um problema que compromete sua atuação em situações de emergência: o alto número de chamadas indevidas. Entre janeiro e julho de 2025, foram recebidas cerca de 300 mil ligações, das quais 108 mil, o equivalente a 36%, não eram pertinentes ao serviço.

Mais de 15 mil dessas ligações foram trotes, enquanto outras 93 mil diziam respeito a pedidos de informações gerais, como endereços de unidades de saúde. O gerente do Samu-BH, Roger Lage Alves, ressalta o impacto negativo desse tipo de ocorrência. “Parte da população ainda não compreende a missão do Samu e como o tempo que um atendente gasta com trote, por exemplo, impacta no atendimento a uma ocorrência real”, afirma.

No mesmo período, o Samu recebeu 141 mil chamadas adequadas, sendo que 76 mil resultaram no envio de ambulâncias. A média é de mais de 358 atendimentos por dia, sendo 51,6% por causas clínicas, como parada cardiorrespiratória e suspeita de AVC, 27,73% por traumas e 10,22% relacionados a causas psiquiátricas.

O pedido de atendimento é feito exclusivamente pelo número 192, disponível 24 horas. Além do socorro no local da ocorrência, o Samu também fornece orientações médicas por telefone. Antes de enviar uma ambulância, o serviço passa por um processo de regulação, no qual o médico avalia a gravidade do caso e define a necessidade do deslocamento e o tipo de atendimento. Para isso, são feitas perguntas sobre o motivo da ligação, o endereço da ocorrência, a idade da vítima, sintomas, estado de consciência e histórico de doenças.

Roger reforça que há uma percepção equivocada sobre a função do serviço. “O Samu não é um serviço de transporte. Há casos em que pessoa está estável, mas solicita a ambulância para que seja levada a um hospital. Essa não é a missão do Samu. Nesses casos, o médico regulador orienta que a pessoa procure, por meios próprios, uma unidade de saúde”, explica.

Quando acionar o Samu?

  • Problemas cardiorrespiratórios
  • Intoxicação exógena e envenenamento
  • Queimaduras graves
  • Trabalhos de parto em que haja risco de morte da mãe ou do feto
  • Tentativas de suicídio
  • Crises hipertensivas e dores no peito de aparecimento súbito
  • Acidentes ou traumas com vítimas
  • Afogamentos
  • Choque elétrico
  • Acidentes com produtos perigosos
  • Suspeita de infarto ou AVC (alteração súbita na fala, perda de força em um lado do corpo e canto da boca repuxado são os sintomas mais comuns)
  • Ferimento por arma de fogo ou arma branca
  • Soterramento ou desabamento com vítimas
  • Crises convulsivas
  • Outras situações consideradas de urgência ou emergência, com risco de morte, sequela ou sofrimento intenso

Quando não acionar o Samu?

  • Febre prolongada
  • Dores crônicas
  • Vômito e diarreia
  • Cólicas renais
  • Dor de dente
  • Troca de sonda
  • Corte com pouco sangramento
  • Entorses
  • Transportes inter-hospitalares de pacientes de convênio
  • Transporte para consulta médica ou para realizar exames
  • Transporte em caso de óbito

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