Publicidade

Estado de Minas AGRICULTURA

EUA querem usar insetos como defensivos agrícolas

Animais são dotados de vírus modificados geneticamente


postado em 05/11/2018 10:55 / atualizado em 05/11/2018 11:15

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Que tal combater as pragas agrícolas usando insetos portadores de vírus geneticamente modificados? Essa ideia controversa consta do novo projeto de pesquisa do Pentágono, nos Estados Unidos, chamado "Insect Allies" (insetos como aliados, em tradução livre). Financiado pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (Darpa, na sigla original em inglês) dos EUA, o projeto envolve o uso de técnicas de manipulação de genes para infectar insetos com vírus modificados que poderiam ajudar a tornar as culturas mais resilientes.

Por exemplo, se o milharal for atingido por uma seca inesperada ou subitamente exposto a um fungo, bastaria soltar o esquadrão de insetos, como pulgões, carregando um vírus geneticamente modificado para diminuir a taxa de crescimento da planta.

Segundo informação publicada no site da Darpa, essas "terapias direcionadas" poderiam entrar em vigor numa única colheira, protegendo o sistema agrícola de ameaças de segurança alimentar como doenças, inundações, geadas e até mesmo fatores externos.

De acordo com matéria publicada no jornal americano The Washington Post, membros da comunidade científica americana estão céticos em relação á nova tecnologia. Em carta publicada no dia 5 de outubro na revista Science, um grupo formado por cinco cientistas expressou preocupação de que o projeto poderia ser facilmente explorado como uma arma biológica – ou pelo menos ser percebido como tal pela comunidade internacional.

"Em nossa opinião, as justificativas não são claras o suficiente. Por exemplo, por que usar insetos? Eles poderiam usar sistemas de pulverização", diz Silja Voeneky, co-autora da carta e professora de Direito Internacional na Universidade de Freiburg, na Alemanha, em entrevista para o Washington Post. "Usar insetos como vetor para disseminar doenças é uma arma biológica clássica", completa a cientista.

Por sua vez, Blake Bextine, gerente do programa Insect Allies, se mostra menos preocupado com essa possibilidade. "Sempre que você está desenvolvendo uma tecnologia nova, especialmente se for revolucionária, existe o potencial para o uso ofensivo e defensivo. Mas isso não é o que estamos fazendo. Estamos entregando características positivas às plantas. Queremos ter certeza de garantir a segurança alimentar, porque também diz respeito à segurança nacional, aos nossos olhos", comenta Bextine ao jornal americano.

O programa de uso de insetos no combate a pragas e intempéries ainda está em fase de desenvolvimento, e pelo menos quatro faculdades americanas (Instituto Boyce Thompson, Universidade Penn State, Universidade Estadual de Ohio e Universidade do Texas em Austin) receberam financiamento para ajudarem nas pesquisas.

Ao The Washington Post, Blake Bextine informa que o projeto recentemente já deu seu primeiro passo, ao testar se um pulgão poderia infectar um caule de milho com um vírus modificado para gerar fluorescência. De acordo com o gerente do Insect Allies, "o milho brilhava".

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade