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Estado de Minas PALEONTOLOGIA

Humanos não extinguiram os mega-herbívoros do passado

Isso foi comprovado por um estudo feito nos Estados Unidos


postado em 29/11/2018 17:41 / atualizado em 29/11/2018 17:23

(foto: Wikimedia/Kamraman/Reprodução)
(foto: Wikimedia/Kamraman/Reprodução)

Cangurus e lêmures gigantes e felinos com mais de três metros eram comuns em regiões da América do Norte, da Austrália e da África há 50 mil anos. Essas grandes espécies não foram dizimadas por nossos ancestrais hominídios, como se imaginava. A "reviravolta" se deu graças a um estudo americano, publicado na edição deste mês da revista científica Science. Segundo pesquisadores das universidades de Massachusetts e de Utah, a extinção desses animais se deu em consequência de mudanças climáticas.

"Impactos humanos na biodiversidade da Terra têm sido significativos e, às vezes, catastróficos. Nesse caso, pelo menos, nossos ancestrais não têm culpa. Aqui, há uma perda de diversidade de longo prazo, relacionada a eventos mais amplos no clima e nos ambientes da Terra nos últimos vários milhões de anos", afirma John Rowan, pesquisador de Massachusetts e participante do estudo, em comunicado enviado à imprensa.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas avaliaram 100 conjuntos de fósseis da África Oriental das maiores espécies de mamíferos, conhecidos como mega-herbívoros, com mais de 900 kg – esse material representa mais de sete milhões de anos de história. Na pesquisa, a equipe considerou datas e eventos importantes da evolução dos hominídeos, como a primeira aparição do Homo erectus, espécie conhecida pelo uso de machados de pedra avançados e pelo grande consumo de carne. O registro é de cerca de 1,9 milhão de anos atrás. Grandes extermínios de mamíferos, há aproximadamente 3,4 milhões de anos, também foram levados em conta.

Segundo Tyler Faith, líder do estudo, no mesmo comunicado, as análises mostram que houve declínio constante e de longo prazo na diversidade dos mega-herbívoros desde cerca de 4,6 milhões de anos atrás. "Esse processo de extinção começou há mais de um milhão de anos antes das primeiras evidências de ancestrais humanos fabricando ferramentas de caça. Não havia qualquer espécie realisticamente capaz de caçá-los, como o Homo erectus", comenta Faith.

No artigo, os pesquisadores ressaltam ainda que, nesse período, o único ancestral humano vivo conhecido era o Homo ardipithecus, "que não tinha ferramentas de pedra e, muito provavelmente, caçava presas pequenas, como os chimpanzés fazem hoje".

Ainda conforme o estudo, cerca de 28 linhagens de mamíferos foram extintas no espaço de quatro milhões de anos. Hoje, existem cinco espécies: elefante, girafa, hipopótamos, rinoceronte negro e branco. "Se os hominídios fossem responsáveis pela extinção, esperaríamos que o declínio acontecesse com marcos comportamentais ou adaptativos na evolução humana", diz John Rowan.

Ainda segundo o pesquisador, o fator-chave no declínio dos mega-herbívoros parece ter sido a expansão das pastagens, o que, provavelmente, está relacionada a uma queda global no CO² atmosférico nos últimos cinco milhões de anos – baixos níveis de gás carbônico favorecem mais as gramíneas tropicais do que as grandes árvores, que demandam mais o composto químico para sobreviver. Como consequência, as savanas se tornam menos lenhosas e ganham vegetação mais rasteira. "Sabemos que muitos mega-herbívoros extintos se alimentavam de vegetação lenhosa, por isso, parecem ter desaparecido junto com sua fonte de alimento. Neste caso, pelo menos, nossos ancestrais não têm culpa", diz Rowan.

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