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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

Existe relação entre diversidade animal e mudança climática

Fauna pode ajudar a evitar a fuga de carbono para a atmosfera, diz estudo


postado em 31/01/2019 14:48 / atualizado em 31/01/2019 14:58

(foto: Pexels)
(foto: Pexels)

Segundo um grupo internacional de pesquisadores, incluindo o cientista brasileiro Mauro Galetti, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a manutenção das espécies saudáveis em seus ambientes, das savanas às florestas tropicais, pode ajudar a reduzir os efeitos das mudanças climáticas no mundo. Os cientistas, que publicaram os resultados do estudo na revista científica Science, conseguiram medir a importância que os animais selvagens têm na natureza em termos de absorção, emissão ou transporte de carbono.

Esse elemento químico, apesar de ser natural e presente em todos os seres vivos, é o "grande vilão" do século XXI. O aumento da emissão de dióxido de carbono na atmosfera, devido às atividades humanas, vem aumentando as temperaturas médias do planeta, segundo inúmeros estudos publicados na última década. Por isso, entender todos os processos que envolvem o carbono na atmosfera passa a ser vital para que políticas públicas de mitigação do aquecimento global no mundo tenham efeito.

O estudo foi liderado pela Faculdade de Estudos Florestais e Meio-Ambiente da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e mostra que a presença dos animais em determinados ambientes pode aumentar ou diminuir as taxas dos processos biogeoquímicos de 15% a 250%, ou até mais.

"Muitos cientistas vinham dizendo, há tempos, que não é apenas a abundância dos animais que importa. Mas o que estes animais fazem também é muito importante. Agora, finalmente chegamos ao ponto em que existem fortes evidências para embasar essas ideias", comenta o pesquisador Oswald J. Schmitz, da Universidade de Yale, coordenador do estudo, citado pela Unesp Agência de Notícias.

Análises experimentais e de observação de campo mostram que alterações na abundância dos animais podem afetar a capacidade dos ecossistemas no armazenamento ou troca de carbono. Em alguns casos, essas mudanças, dentro de um mesmo ecossistema, fazem com que o ambiente mude o status. Quando a população animal é abundante, o carbono se fixa à terra, ao invés de ir para a atmosfera.

Nas florestas tropicais, como a Mata Atlântica e a Amazônia, a conservação de grandes mamíferos mantém vigorosos os ecossistemas, incluindo a dispersão de sementes pelos animais frutíferos e no suporte na vida vegetal pelos herbívoros, o que propicia a fixação de carbono. Segundo os cientistas, o incremento de 3,5 vezes de espécies de mamíferos numa região faz com que a retenção de carbono aumente em até 400%.

De acordo com o estudo, as autoridades mundiais precisam considerar o uso de processos ecológicos na recaptura e armazenamento de carbono atmosférico nas políticas públicas. "Nossa mensagem é que esse processo pode ser muito benéfico. Tanto em termos de conservação da biodiversidade quanto no armazenamento de carbono", afirma Schmitz.

(com Unesp Agência de Notícias)

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