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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

Poluição gerada por Manaus está afetando a Amazônia

Alerta faz parte de estudo internacional recém divulgado


postado em 14/03/2019 14:40 / atualizado em 14/03/2019 14:54

(foto: Pexels)
(foto: Pexels)
Um estudo internacional que contou com a participação de cientistas da USP descobriu que a poluição produzida pela cidade de Manaus, no Amazonas, gera impacto sobre a floresta amazônica. Os poluentes urbanos, levados pelos ventos, possuem substâncias que reagem com a composição da atmosfera amazônica e geram partículas conhecidas como aerossóis secundários. As medidas feitas no estudo mostram que na região de floresta houve um aumento de até 400% na produção de aerossóis secundários, que modificam a incidência da radiação solar sobre a mata e alteram a taxa de fotossíntese e os mecanismos de formação de chuva, entre outros efeitos. A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Communications no 5 de março.

De acordo com o pesquisador Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP, um dos autores do artigo, citado pelo Jornal da USP, o aumento da produção de aerossóis secundários na floresta é causado principalmente pelas altas emissões de óxidos de nitrogênio em Manaus. "A interação desses óxidos com radicais livres produz também altas concentrações de ozônio, um forte poluente fitotóxico, que afeta os estômatos das folhas e reduz a absorção de carbono da floresta amazônica", diz o cientista.

Na amazônia, a poluição de Manaus, levada pelos ventos, causou um aumento de 60% a 200% na produção de aerossóis, em alguns casos atingindo 400%. "Os mecanismos responsáveis por este aumento foram modelados e desvendados. O aumento da quantidade de aerossóis produzidos por oxidantes antropogênicos [gerados pela atividade humana], além de modificar as nuvens, também altera o modo com que a radiação solar chega ao solo", esclarece Paulo Artaxo ao jornal universitário.

Segundo ele, os aerossóis espalham a radiação direta e diminuem a quantidade de energia disponível para as plantas fazerem fotossíntese e absorverem carbono. "Ao mesmo tempo, há um aumento da radiação difusa, que penetra mais no interior da mata e favorece a fotossíntese, mas isso só ocorre até um certo nível de quantidade de aerossóis", completa o professor.

Em grandes quantidades, o bloqueio da radiação solar direta é maior e prejudica a fotossíntese da floresta, impedindo a fixação de carbono.

(com Jornal da USP)

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