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Estado de Minas SENTIMENTO

Cuidado com a inveja!

Especialista fala sobre o 'desejo' pela vida alheia


postado em 29/10/2018 16:40 / atualizado em 29/10/2018 16:26

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Ódio ou rancor em relação a algo bom que o outro tem e que a pessoa gostaria de possuir caracteriza a inveja. A palavra vem do latim invidere (no olhar). "Não à toa se fala em 'olho gordo', 'mau olhado' ou 'secar com os olhos' para se referir à energia negativa que uma pessoa sente quando atingida pela inveja", comenta o psiquiatra Mario Louzã, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

Ele lembra que, ao contrário do que muitos pensam, não existe a chamada "inveja boa". "Inveja, por definição, sempre envolve um sentimento ruim, negativo, mesmo que não haja uma intenção consciente de querer o mal de alguém. A inveja, muitas vezes, se mostra de modo sutil. Por exemplo, quando alguém faz pouco caso de algo que o outro tem de bom. Normalmente, o sentimento é explícito para quem observa o cenário, mas não para o próprio invejoso, que pode não perceber de imediato que demonstrou inveja", afirma o médico.

Esse comportamento é ainda mais evidente na atual "Era Digital", com a popularização das redes sociais. "O que mais se vê é o lado bom da vida das pessoas: família reunida, encontro com amigos, premiações/certificados, viagens etc. Quem está em uma situação ruim, seja financeira, no relacionamento com amigos e/ou familiares, ou mesmo em depressão; as postagens das redes acentuam a sensação de inveja e frustração", diz o psiquiatra.

O importante, segundo Mario Louzã, é lembrar que as publicações que trazem momentos divertidos ou aquisições caras só mostram "um lado da moeda". Ou seja, mesmo essas pessoas que "ostentam" na internet também têm problemas. "Não há quem não tenha problemas. Não se iluda com o que vê na internet. A grama do vizinho nunca é tão verde como parece. Além disso, não temos ideia do que cada pessoa passou para conseguir suas vitórias. Normalmente, só vemos o resultado: a realização da conquista. Mas não sabemos como foi sua trajetória até lá. Pode ter sido um caminho difícil, com muitos sacrifícios e desafios. Pois essa é a vida real de pessoas comuns", comenta o especialista.

De qualquer forma, a inveja atua de forma diferente em cada pessoa, conforme a personalidade e a dinâmica do funcionamento psíquico. "Por ser primitivo e intenso, é difícil de 'domar' e até de admitir para os outros e para si mesmo. Mas se a pessoa conseguir reconhecer que sentiu inveja e entender que sempre haverá algo ou alguém que poderá despertar este sentimento, já será um passo importante para aprender a lidar com a frustração de não ser como o outro ou não ter o que o outro tem", diz Mario Louzã.

Com a aceitação, a pessoa terá maturidade para encarar a inveja como uma busca de melhoria, orienta o médico.

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