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Estado de Minas EDUCAÇÃO

O que fazer com crianças que não querem voltar às aulas

Psicóloga do colégio Bernoulli dá dicas para lidar com os pequenos no fim das férias


postado em 29/07/2019 17:06 / atualizado em 30/07/2019 15:38

Segundo Priscila Fidelis, argumentos como
Segundo Priscila Fidelis, argumentos como "você precisa estudar para ter um bom emprego" não funcionam muito bem com as crianças (foto: Pixabay)
Se as férias escolares, normalmente, são sinônimo de descanso, o final delas pode gerar algum tipo de stress. Afinal, muitas crianças relutam em voltar à rotina dos estudos. Entretanto, um possível "pesadelo" no período de volta às aulas pode ser evitado, de acordo com Priscila Fidelis, psicóloga do colégio Bernoulli e mestre em educação tecnológica. Ela afirma que tudo depende da imagem da escola que os pequenos associam. 

Por isso, a especialista acredita que é preciso ressaltar para as crianças que a sala de aula também é um ambiente repleto de experiências positivas, como aprendizados e amizades

Confira, abaixo, uma entrevista com a psicóloga sobre esse tema:

Por que algumas crianças relutam em voltar para a escola?

Geralmente, as crianças não querem voltar porque associam a escola à realização de tarefas obrigatórias, coisas que foram impostas por uma autoridade. E essa ideia de imposição ofusca o motivo pelo qual ela está na instituição de ensino, que é o aprendizado. Logo, para elas, voltar aos estudos é voltar para um mundo de tarefas em que ela não vê sentido.

E como podemos fazer para mostrar a importância de estudar?

Ajudando a mostrar que a escola também é repleta de experiências boas. O principal nessa hora é não usar argumentos que remetam ao futuro, como "você precisa estudar para ter um bom trabalho quando crescer". Esse tipo de discurso não funciona. O que ajuda é falar sobre algo positivo vivido na escola que impacta o cotidiano da criança. Por exemplo: "aprender sobre os números te ajudou a melhorar nos jogos" e "foi lá que você conheceu seus amiguinhos". Isso ajuda a criança a perceber a importância por trás do estudo.

Como lidar com a ansiedade e as brigas nos dias antes da volta?

Primeiro, não negue o sentimento da criança. Dê espaço para ela enteder o que está sentindo. As férias são realmente muito boas, mas a escola também pode ser um ambiente legal. Ao invés de retrucar, acolha o que ela está dizendo e tente mostrar as experiências boas que ela teve, como amizades, projetos realizados e aprendizados. Se as aulas voltarem e a criança continuar briguenta, então é hora de avaliar o entorno. A birra pode ser um jeito de comunicar que ela está tendo experiências ruins nas relações pedagógicas ou sociais na escola. Também pode estar relacionado com o cansaço. Voltar às aulas pode ser visto como a retomada da rotina exaustiva, com muitas atividades extraclasse, como judô, balé e natação. Este caso é mais comum com crianças que são hiperestimuladas.

O segundo semestre também é um momento de definição, tanto para passar de ano quanto na faculdade. Existe alguma recomendação de como agir nesses casos?

Quem está com as notas ruins na escola não pode aguardar a chegada das provas para estudar. É necessário instituir um ritmo de estudos equilibrado e com acompanhamento adequado, resgatando as pendências no aprendizado. Já quem pretende conciliar ensino médio com um pré-vestibular intensivo precisa diminuir as atividades de lazer. Mas com muito cuidado, pois diminuir o lazer não é diminuir o tempo de descanso. O adolescente, por exemplo, geralmente acha que vai poder continuar indo na mesma quantidade de festas se diminuir as horas de sono e estudar mais. É exatamente o contrário. Você precisa administrar as metas, entendendo que terá de diminuir a frequência de algumas atividades rotineiras para não ficar exausto. 

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