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Estado de Minas ESPECIAL NOVO CORONAVÍRUS

Como lidar com planos cancelados ou adiados devido à pandemia?

Psicóloga fala sobre a frustração de ter tido viagem, festa de casamento, intercâmbio e outras experiências suspensas, e sobre a importância de buscar formas de elaborar o sentimento


postado em 17/04/2020 00:16 / atualizado em 17/04/2020 00:38

Para a psicóloga e psicanalista Cecília Lana, a frustração provocada pela pandemia do novo coronavírus pode ser comparada ao sentimento de luto(foto: Pixabay)
Para a psicóloga e psicanalista Cecília Lana, a frustração provocada pela pandemia do novo coronavírus pode ser comparada ao sentimento de luto (foto: Pixabay)
A pandemia virou de cabeça para baixo a vida de todo mundo. Quem tinha planos elaborados para 2020 se vê, agora, às voltas com possíveis cancelamentos, adiamentos ou, no mínimo, incerteza sobre se de fato eles poderão se concretizar. Pessoas que investiram tempo, dinheiro e energia na organização e programação de festas de casamento, grandes viagens e até mudança de emprego, cidade ou intercâmbio, estão com a agenda em suspenso até segunda ordem. Não sem algum sentimento de frustração e impotência.

Segundo a psicóloga e psicanalista Cecília Lana, o momento pelo qual estamos passando é realmente único. "As pessoas, para viver a vida normalmente, acreditam num horizonte de futuro. Assim conseguem continuar a fazer planos, a seguir vivendo. Caso contrário, fica-se paralisado ou se entra em uma angústia de tentar fazer tudo ao mesmo tempo", diz. Segundo ela, o que está acontecendo agora é que todos estão sendo obrigados a viver sem esse horizonte de uma maneira muito rápida e radical. "Afinal, neste momento, mais do que nunca, não tem ninguém que pode dar garantia de nada", explica.

O sentimento de quem está passando por essa tristeza profunda com planos frustrados, de acordo com Lana, é aquele de um luto. E, para dar conta de atravessar o momento, pode ser necessário um exercício de repetição e elaboração do ocorrido, buscando alternativas. "Temos que falar ‘eu perdi tal projeto, tal experiência, mas posso fazer disso uma outra coisa’. É um trabalho de luto, ficar reconfigurando o plano e vendo o que é possível, para sair da paralisia e continuar se movimentando minimamente", diz. "Mesmo que depois a pessoa tenha que refazer o plano, ela já terá passado por uma mínima elaboração de que vai ter que se haver com essa perda", completa.

De acordo com Lana, não há uma solução mágica ou que sirva para todos. Cada um terá de encontrar, neste período, o que ajudará a dar conta do momento pelo qual estamos passando. "Mas vamos saber lidar melhor com a imprevisibilidade, o que é um desafio. Quem sair dessa sabendo viver com a falta de garantia, de controle, está saindo na frente", afirma.

Quando a situação começar a se normalizar, Lana afirma que o compromisso maior das pessoas será com seu desejo e não com convenções sociais. Isso pode ser importante para reconfigurar o plano traçado para 2020 ou para ter certeza de que ele valerá a pena, mesmo que realizado em outro momento.

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